ENGENHEIRAS À FRENTE DA INOVAÇÃO
Com protagonismo crescente, mulheres lideram projetos de impacto e constroem redes para transformar a engenharia
Por Estadão Blue Studio | OESP*
Apesar dos desafios de uma profissão ainda predominantemente masculina, as mulheres vêm ganhando espaço e assumindo posições de liderança em projetos inovadores na engenharia. Segundo Poliana Krüger, engenheira civil e presidente da Federação das Associações das Mulheres na Engenharia, Agronomia e Geologia (Fameag), a presença feminina na área tem crescido de forma significativa nos últimos anos. “Em 2018, eram cerca de 11% de mulheres na engenharia. Hoje, esse número já ultrapassa os 20%. A participação está crescendo, e queremos continuar fomentando esse avanço”, afirma.
A Fameag foi criada em 2023, a partir de uma associação em São Paulo que, com o tempo, se expandiu para outros estados. Atualmente, a federação reúne mais de 20 associações cadastradas em todas as regiões do Brasil, o que reforça a necessidade de representação feminina no setor. “Muitas mulheres não percebiam a desigualdade, mas já passaram por situações como a falta de banheiros femininos nos locais de trabalho ou promoções concedidas a colegas homens, mesmo quando o mérito era delas”, diz Poliana. Redes de apoio Para ampliara presença feminina na engenharia ena tecnologia, diversas iniciativas vêm sendo criadas. Um exemplo éo projeto PrograMaria, que há uma década atua na inserção de mulheres nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (Stem) e no incentivo a projetos inovadores.
“Em 2015, percebemos um desafio persistente: abaixa presença feminina em Stem, que são cada vez mais importantes no contexto da revolução digital”, explica Iana Chan, criadora do projeto. “Nossas pesquisas iniciais mostraram que, nos cursos dessas áreas, as mulheres representavam menos de 15% dos alunos. No mercado de tecnologia, a participação feminina também é baixa, e esse número é ainda menor entre mulheres negras.”
Curiosamente, diz Iana, nos anos 1980, quando a programação de software começou a ganhar espaço, as mulheres eram maioria na área, já que, na época, os homens se concentravam principalmente no desenvolvimento de hardware. Com o tempo, no entanto, esse campo também passou a ser dominado por homens. “Ainda existe uma estrutura social que faz com que, ao pensarmos em tecnologia, imaginemos um homem branco. Isso afasta as mulheres e cria barreiras para a entrada e a permanência no setor.”
Ela reconhece que os desafios são muitos, mas aponta avanços importantes. Nos últimos anos, redes de apoio voltadas às mulheres na tecnologia cresceram de forma significativa, oferecendo suporte e referências para quem quer ingressar e se desenvolver na área. “Hoje, uma mulher que quer seguir carreira em engenharia ou tecnologia encontra um ecossistema de suporte muito mais robusto do que existia há alguns anos. Isso faz toda a diferença na permanência e no crescimento profissional”, concluiI ana.
*Estado de São Paulo, https://www.estadao.com.br/educacao/engenheiras-a-frente-da-inovacao/?srsltid=AfmBOorPdR3fT_9-jYbLT99EnJHSlIAqCO06Rz1CMhdaacPkO2cdVE1Z, 27/03/2025.