Novo instituto busca descontos e bolsas no exterior
Entidade vai fazer parcerias com Estados e municípios para editais de seleção de estudantes para bolsas – pagas pelos governos
RENATA CAFARDO | OESP*
Um novo instituto vai juntar recursos públicos, descontos em universidades estrangeiras e doações para alavancar o mestrado de brasileiros no exterior. A ideia por trás do Instituto Trajetórias é de que uma formação internacional de alto nível não deve ser apenas uma experiência individual e, sim, uma estratégia nacional. O Brasil tem hoje cerca de 30 mil alunos de pós-graduação em instituições internacionais, cerca de 10% do que têm China e Índia.
A entidade sem fins lucrativos vai fazer parcerias com Estados e municípios para editais que selecionarão os estudantes para bolsas – pagas pelos governos. Paralelamente, o instituto negocia descontos de 20% a 100% em mensalidades de universidades top 100 no ranking mundial. Entre elas já estão Universidade de Yale, nos EUA; Tsinghua Shenzhen, na China; Imperial College London e King’s College, no Reino Unido; École Polytechnique, na França; Hertie School, na Alemanha; e Monash, na Austrália.
Para incentivar que os estudantes voltem, a regra é: terão de devolver o dinheiro da bolsa, cerca de US$ 30 mil, se resolverem ficar no exterior. O instituto ajudará na recolocação dos profissionais no mercado de trabalho brasileiro.
MOBILIDADE. Segundo a CEO do Trajetórias, Leany Lemos, a ideia é aumentar a mobilidade internacional dos estudantes, hoje restrita a pessoas de alta renda, que podem pagar os altos custos dos mestrados – de cerca de US$ 30 mil. A entidade ainda buscará doações para criar um fundo para emprestar dinheiro a juros baixos aos pesquisadores, o que ajudaria nos gastos lá fora. A meta é ter 350 bolsistas em 2026 e 2027 e chegar a 1 mil por ano em 2032.
Rio Grande do Sul, Paraná, Espírito Santo, Pernambuco, Minas e Goiás, e a cidade de Recife, já assinaram o protocolo de intenções. Segundo Leany, o instituto ainda está em tratativas com o Estado de São Paulo para o acordo. “Os problemas no mundo são globais e complexos, como o clima, a saúde. Uma estratégia de desenvolvimento para o Brasil também precisa ser a de investir em formação global, que conecta as pessoas”, diz a ex-secretária do Ministério de Planejamento e Orçamento em 2023 e 2024.
Ela conta que tem conversado com dirigentes das universidades estrangeiras e eles estão “entusiasmados” em ter mais brasileiros. O instituto é apoiado pela Fundação Lemann, que já mantém centros ou parcerias com universidades como Harvard, Stanford, Oxford e Columbia. Outra vantagem para conseguir os descontos é a escala: a entidade garante mandar uma quantidade grande de alunos do País para cada instituição.
*Estado de São Paulo, https://digital.estadao.com.br/o-estado-de-s-paulo/20250907, 07/09/2025, A23