Portal UOL, https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2022/08/03/tem-vergonha-de-falar-com-as-pessoas-veja-7-dicas-para-vencer-a-timidez.htm, 03/08/2022
Tem vergonha de falar com as pessoas? Veja 7 dicas para vencer a timidez
Flávia Santucci – Colaboração para o VivaBem
Timidez é um traço de personalidade e caráter, que pode aumentar ao longo da vida ou diminuir conforme a pessoa cresce. É possível tanto ser tímido na infância e perder a vergonha na fase adulta, quanto se tornar um adulto mais retraído e com vergonha de tudo.
“Há quem esteja tímido em determinadas situações e há quem seja, de fato, tímido ou tenha uma personalidade introvertida. O que determina se isso será bom ou ruim é o impacto que esse comportamento terá na vida da pessoa”, diz a psicóloga pela Universidade São Judas Tadeu Bruna Rodrigues.
Segundo Ana Volpe, psicanalista pela USP (Universidade de São Paulo), esse tipo de comportamento funciona no caso de a pessoa precisar exercer um cargo que demande mais foco, e não interagir tanto é ótimo. Entretanto, ser mais retraído e envergonhado pode atrapalhar a socialização, como na hora de fazer amigos, e também no ambiente profissional.
Por isso é importante avaliar o grau de prejuízo que a timidez ocasiona. Quanto mais a vida diária e os pensamentos forem afetados, maior é a necessidade de buscar intervenção especializada. Se o problema não for tão grave, algumas mudanças na forma como a pessoa se vê e como enxerga os outros pode ajudar, além de se desafiar com alguns programas que demandam interação social, como um esporte coletivo.
7 dicas para perder a timidez
Vencer a timidez é um processo. O primeiro passo é saber que sentir vergonha é uma emoção humana e que não representa uma fraqueza, mas um desafio. Há alguns outros pontos que ajudam o desenvolver dessa busca para vencer a timidez:
1. Diminua a autocrítica e a autocobrança
Autocobrança e a autocrítica desmotivam e podem representar um grande peso negativo na autoestima e na autoimagem. “Quando se sentir mal por ainda não ter alcançado seu objetivo de vencer a vergonha, lembre-se que as habilidades não são desenvolvidas do dia para a noite”, diz Aline Bezerra, psicóloga pela UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), que atende na Telavita, healthtech de saúde mental, no Rio Grande do Norte.
2. Saiba que “se esforçar” é diferente de “se forçar”
Sempre que possível, ouse e tente agir com uma postura mais aberta e espontânea. “Mas fique atento para que esse exercício não represente um grande desgaste! Você quer se tornar uma pessoa menos tímida, não precisa se forçar a se tornar outra pessoa”, destaca a psicóloga.
3. Respeite os limites que ainda não ultrapassou e valorize os pequenos avanços
Em processos de desenvolvimento, os desafios costumam ser mais nítidos do que os avanços. “Mesmo que a timidez ainda esteja presente, valorize os avanços já feitos, mesmo que eles pareçam insignificantes. Olhar para os avanços tira a impressão de estagnação e nos motiva a continuar evoluindo”, diz Bezerra.
4. Arrisque-se um pouco de cada vez
Busque o meio-termo entre aventura e conforto. “Situações confortáveis demais acomodam. Já agir de forma completamente diferente da costumeira é uma aposta alta. Pode ser incrível, mas também pode intensificar medos. Sendo assim, um ritmo mais leve e constante se torna o meio-termo ideal”, ressalta Bezerra.
5. Fique aberto para novas situações e contatos
Abra margem para a espontaneidade. “Vencer a timidez é também um desafio de quebrar limites internos. Sendo assim, situações e contatos novos favorecem a ampliação do seu repertório de ações”, diz Bezerra.
6. Pratique atividades que desenvolvam a habilidade de se comunicar e interagir
“Se a pessoa quer se desenvolver socialmente, se isso é importante para ela, existem muitas técnicas, terapias e tratamentos que podem melhorar isso. Às vezes, até um curso de oratória pode melhorar, assim como o teatro e até mesmo o esporte, porque a pessoa pode, sim, vencer a timidez com algumas atividades que vão melhorar a questão social”, diz Volpe.
Esportes em grupo, nesses casos, são os mais indicados, para que a pessoa faça parte de um time. “Para armar uma jogada, é necessário interagir com outro, e isso acaba acontecendo de uma forma natural”, diz a psicanalista.
O que determina se a timidez é boa ou ruim é o impacto que esse comportamento tem na vida da pessoa
Esportes ou atividades físicas liberam hormônios que auxiliam na manutenção de nossos sentimentos, melhoram o ânimo, motivação e estimulam movimentos, logo podem trazer benefícios à autoestima e diminuir a timidez.
Cursos de teatro também são muito bons. “O teatro estimula a pessoa a interpretar, além de ser um ensaio para treinar comportamentos que, muitas vezes, nunca foram realizados. Ele pode diminuir a autocrítica, porque ali o indivíduo pode ‘fazer o que quiser’. É personagem”, diz Rodrigues.
7. Escreva sobre si
Escrever é mais uma forma de ter contato consigo mesmo. “Externalizar sentimentos e pensamentos ajuda a se conhecer. Na ausência de um psicanalista, escrever é uma das formas mais acessíveis de elaborar o que está acontecendo em nossas vidas. A elaboração nos permite resolver conflitos e se desenvolver como pessoa”, diz a psicóloga.
Cuidado com as insistências alheias
Lidar com pessoas tímidas não deveria ser o problema, mas pessoas extrovertidas podem atrapalhar o processo, forçando situações desconfortáveis ao tímido e que podem intensificar quadros de ansiedade.
“Às vezes, a insistência em tirar a pessoa da timidez pode trazer até crises de ansiedade. O tímido precisa ser compreendido, aceito e respeitado, quando em sofrimento, direcionado para um acompanhamento psicológico”, diz Rodrigues.
Segundo ela, primeiro precisamos entender se esse comportamento tem prejudicado a pessoa e se existe um incômodo pessoal relacionado a ele. “Por trás da timidez podem existir traumas, baixa autoestima, perfeccionismo, questões cognitivas e até um repertório social limitado, que dificulta a interação da pessoa com o outro”, diz.
Segundo Bezerra, para lidar com a pessoa tímida, é preciso saber que há um sofrimento grande em jogo. “É preciso respeitar o desafio enfrentado, oferecer suporte e reconhecer os esforços e avanços, o que também pode ter efeito encorajador”, diz .
Segundo ela, mesmo com acompanhamento profissional, a rede de apoio é fundamental. Amigos e familiares podem ajudar a pessoa a se desenvolver cada vez mais.