Portal Uol, https://educador.brasilescola.uol.com.br/sos-educacao/voce-esta-deixando-seu-passado-definir-o-futuro-do-seu-filho.htm, 13/10/2020
VOCÊ ESTÁ DEIXANDO SEU PASSADO DEFINIR O FUTURO DO SEU FILHO?
POR TAÍS BENTO E ROBERTA BENTO
Não existe a mínima dúvida de que vivemos momentos difíceis, de muita incerteza em relação ao que vai acontecer com o ano letivo de nossos filhos, tenham eles a idade que for. Pior do que a certeza de um final indesejado, é a incerteza de como o ano vai terminar. Mas precisamos respirar fundo e aprender a lidar com a ansiedade deste momento tão incerto, especialmente quando se trata do futuro de nossos filhos.
Neste momento, depois de meses na espera de respostas que não vieram, nada mais natural do que estarmos para lá de angustiados. Em todos os aspectos de nossa vida, o impacto dessa parada brusca que o mundo teve tem sido enorme: nos relacionamentos amorosos, familiares, com amigos. Quantas descobertas sobre quem realmente se importa, quem são as pessoas com as quais você sabe que pode contar. Quantos encontros com o nosso próprio eu que não planejávamos ter. E como não existiu até agora a opção de sair e deixar a outra pessoa falando sozinha, porque, quando estamos com a gente mesmo, fica mais difícil fugir, acabamos canalizando todos os medos, angústias e ansiedade na relação com a escola do filho.
Seguimos buscando o controle que até agora não tem prazo para voltar. E, sem perceber, agimos com a seguinte premissa: “já que não posso controlar minha vida no presente, vou controlar a forma como meu filho se relaciona com os estudos.” Só que veio outro susto: não dá para controlar a relação do seu filho com os estudos também. Há outras pessoas e instituições envolvidas nesse processo, inclusive seu filho!
Nesse momento desafiador, os nossos filhos, assim como nós mesmos, não sabem o que fazer, por isso o apoio é o que de melhor temos a oferecer a eles.
Mas até descobrir isso, exigimos da escola mais conteúdo. Aí vem a realidade do filho, que não dá conta. Brigamos com a escola porque está exagerando no conteúdo. Então decidimos que a professora tem que ficar, no formato on-line, o mesmo tempo que ficava aula presencial. E percebemos que as crianças não aguentam essa carga. Ok, melhor só 1 hora para responder dúvidas então. Mas as crianças não querem tirar dúvida, querem dançar, abrir outros aplicativos, fazer outras coisas.
Partimos então para outra alternativa: a professora não está sabendo prender a atenção dos alunos. Os outros pais não educam bem seus filhos, ou meu filho não sabe nada, e a escola me enganou esse tempo todo. E assim vamos navegando nas ondas que vêm e vão, que são reflexo da experiência que tivemos como filhos e alunos. Sem perceber, estamos usando como base nosso passado, na tentativa inconsciente de mudar nosso presente, mas esquecendo totalmente as mensagens que estamos implantando na mente de nossos filhos.
Enquanto não tivermos a coragem de enxergar nossos pontos cegos, não vamos conseguir ajudar a preparar nossos filhos para o futuro que eles terão.