O potencial do ensino técnico

Brasil pode se inspirar em países como Alemanha e Chile para expandir formação que traz altos índices de empregabilidade

Por Isabella Baliana | OESP*

OCenso Escolar 2023 mostrou que a educação profissional e tecnológica (EPT) foi a área da educação básica com maior crescimento no último ano. Entre 2022 e 2023, as matrículas subiram de 2,1 milhões para 2,4 milhões, um aumento de 12,1%. No entanto, em comparação com países como Alemanha e Chile, o número de brasileiros matriculados ainda é baixo.

Por aqui, apenas 11% dos jovens de 15 a 19 anos estão em programas de educação profissional, enquanto nos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) são 37%. Entre estudantes de 20 a 24 anos, a diferença é maior: 11% no Brasil ante 65% na OCDE, evidenciando o potencial para aumentar esse engajamento.

Na Alemanha, 89% dos jovens de 15 a 24 anos participam do sistema dual de educação, que combina ensino escolar e experiência profissional. Os estudantes passam 70% do tempo em empresas e 30% em escolas, revela Thorsten Schlich, do Escritório Alemão para Cooperação em Educação e Formação Profissional. Essa integração entre ensino e mercado resulta em alta empregabilidade, com 77% dos estagiários sendo efetivados após a formação. Empresas, instituições e governo garantem essas condições.

O Chile, país mais próximo ao Brasil em desenvolvimento, tem avançado na educação técnica, que é regulamentada por lei, cobrindo 15 setores econômicos e 35 especialidades. Há também um acordo entre setor público e privado para desenvolver políticas e incentivar a colaboração entre governo e sociedade.

Caminho

O Censo Escolar aponta um relativo equilíbrio nas matrículas de educação profissional no Brasil: em 2023, foi 1,34 milhão na rede pública e 1,07 milhão na privada. Esse número pode crescer.

Para Geísa Boaventura, pró-reitora do Instituto Federal Goiano, o grande desafio é a desconexão entre ensino e mercado de trabalho. Ela defende mais políticas que liguem o aprendizado à prática, fortalecendo parcerias entre instituições e o setor produtivo. “Os currículos precisam ser atualizados conforme as demandas sociais, científicas e tecnológicas, e os alunos devem ter acesso a estágios”, afirma. Apesar do desafio, Geísa vê um caminho. “Universidades e instituições de educação profissional precisam buscar juntas a consolidação dos cursos técnicos no Brasil.”
*Estado de São Paulo, https://digital.estadao.com.br/o-estado-de-s-paulo, Guia de Colégios, 29/09/2024 pag. 8

 

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