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Órfãos de dubladores
O
que Chaves, Jack Bauer e Homer Simpson têm em comum?
Eles perderam a voz
Keila Jimenez
Quando chegar nos cinemas por aqui, nos próximos dias, o
famoso “Dãããp!” de Homer Simpson não será mais o mesmo. A voz da mais hilária
crítica ao pai de família americano mudou. Ou melhor, foi mudada. Sai o dublador
Waldyr Sant’anna, voz do comedor de rosquinhas por 15 anos, entram Carlos
Alberto, novo dublador, e uma legião de fãs “órfãos” do timbre de Homer.
“Entrei com um processo contra a Fox cobrando os meus
direitos pela dublagem nos DVDs”, conta Waldyr. “Em represália, eles me tiraram
o Homer. Cheguei a gravar as chamadas do filme.”
Brigas pelo pagamento dos direitos conexos, morte,
guerra de preços de estúdios… Não faltam motivos para a troca de dubladores no
mercado.Troca essa que é sempre um transtorno para o público, ainda mais em
séries e desenhos populares.
“Todos percebem a mudança. Há protestos na internet”,
conta Waldyr. “Eu sou a voz do Homer desde sempre, ajudei a criar o jeitão
dele”, fala o dublador que, por incrível que pareça, tem cara e pinta de Homer.
Jack Bauer também entrou numa fria. Dessa vez, nada de
máfia chinesa, muito menos de ameaça terrorista. O agente de 24 horas foi parar
na Justiça. Ou melhor, sua voz foi. Movendo também processo contra a Fox – que
por sinal resolveu dublar tudo, para desespero de muitos – Tatá Guarnieri foi
convidado a abandonar Bauer, que passou para o gogó de Márcio Simões.
Com Lost a confusão envolveu a rivalidade entre os
estúdios do Rio e de São Paulo. Após duas temporadas dubladas por profissionais
de São Paulo, a Disney mudou a dublagem da série para o Rio. O atrito: de novo o
pagamento dos direitos de dublagem para a TV e DVD.
“Os contratantes não pensam que dublagem, se bem feita,
pode superar versões originais”, fala o representante de Comissão dos Dubladores
do Sindicato dos Artistas, Ricardo Vasconcellos.
Isso é fato. Algumas produções são tão bem dubladas ou
criam tanta identificação, que esquecemos que foram feitas originalmente em
outro idioma. Ao ver a Sessão da Tarde, alguém se lembra que Jerry Lewis fala
inglês?
Em 1995, o clássico Chaves pareceu se calar de vez, com a morte de seu dublador,
Marcelo Gastaldi. Por conta disso, e de brigas com outros dubladores, episódios
ganharam nova voz em DVD e no desenho, que estreou este ano no SBT. Apesar da
eterna repetição no ar, para muitos, Chaves virou outro.
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