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G1 GLOBO.COM – 17/11/2015 – RIO DE JANEIRO, RJ

Cientistas da Unesp desenvolvem material que pode substituir o vidro

DO G1 SÃO CARLOS E ARARAQUARA

Pesquisadores da
Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Araraquara desenvolveram um material
que pode substituir o vidro em produtos como televisores e celulares.
Sustentável e flexível, a película é feita a partir de uma bactéria alimentada
com glicose e, segundo os cientistas, é mais barata do que as opções de mercado.

As telas tradicionais
são feitas a partir da sílica encontrada na areia. Os especialistas queriam
desenvolver telas provenientes de materiais orgânicos. Depois de 11 anos de
estudo, chegaram a uma alternativa.

Eles constataram que uma
bactéria encontrada no vinagre produz celulose e testaram formas de alimentá-la.

`A gente pode trabalhar
com resíduos agroindustriais como, por exemplo, melaço. A gente tem trabalhado
com goma de caju, que é um resíduo nacional, e todo resíduo que tenha fonte de
carbono em abundância eu posso tentar fornecer para a bactéria produzir celulose
depois`, contou o pesquisador Hernane Barud.

Devidamente alimentadas,
as bactérias ficam incubadas para que possam se reproduzir. Depois, são lavadas
e eliminadas, deixando para trás celulose pura.

Transparência e
flexibilidade

A celulose é prensada e
o material resultante é muito resistente, mas não é transparente, um problema
solucionado pelos pesquisadores com a ajuda do óleo de mamona.

`O óleo de mamona é um
precursor para a gente produzir o poliuretano. Então a gente utilizou e teve
sucesso nos substrato final, que é transparente como o vidro`, explicou Barud.

Além de não prejudicar a
natureza, o novo material tem outra vantagem. Ao contrário do vidro, ele é
bastante flexível, uma característica valorizada em novos produtos tecnológicos.

`Há uma grande corrida
tecnológica ultimamente no desenvolvimento de smartphones com telas flexíveis e
TVs flexíveis. Hoje há algumas à venda, só que utilizando polímeros industriais
caros`, disse o pesquisador Robson Rosa da Silva.

`No nosso caso, nós
estamos utilizando um polímero natural, que é a celulose, e também é derivado do
óleo de mamona, e o Brasil é bastante rico nesses polímeros`, completou.

O biomaterial já foi
patenteado e a pesquisa ganhou reconhecimento em uma revista britânica, mas, de
acordo com os cientistas, ainda não há uma previsão para a chegada do produto ao
mercado.


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