UOL EDUCAÇÃO – 20/05/2016 – SÃO PAULO, SP
Cadeia de responsabilidades
LUCILA CANO
A
logística reversa é decorrência natural dos esforços para a implantação
definitiva da lei de resíduos sólidos no país. De modo a extinguir o descarte de
embalagens no meio ambiente, a logística reversa prevê que o fabricante de um
produto se responsabilize pelo recolhimento da embalagem vazia, pós-consumo.
Assim, muitas embalagens poderiam ser reaproveitadas, reduzindo custos de
fabricação. Outras seriam corretamente enviadas para reciclagem, garantindo a
segurança ambiental e dos consumidores.
No
ciclo da logística reversa, a responsabilidade compartilhada deve reger as
relações entre os fabricantes e os usuários de defensivos agrícolas. Vazias, as
embalagens de produtos químicos não podem ser descartadas de qualquer modo. Elas
podem estar impregnadas de substâncias tóxicas lesivas à saúde.
O que
parece muito simples, como o agricultor devolver a embalagem vazia para o
fabricante, não funciona bem assim. É preciso montar toda uma estrutura para que
esse processo tenha êxito. Por isso, a responsabilidade compartilhada também
implica conhecimento compartilhado.
Ampliar a conscientização
Desde
que os defensivos agrícolas passaram a ser utilizados em larga escala, algumas
leis foram criadas para regulamentar o uso, mas sem abordar a destinação das
embalagens desses produtos pós-consumo. Por desconhecimento dos efeitos nocivos
que poderiam provocar ao meio ambiente, os agricultores queimavam, enterravam e
até jogavam essas embalagens em rios e áreas a céu aberto.
A lei
federal 9.974/00, de junho de 2000, regulamentada em 2002, atribuiu aos usuários
de defensivos agrícolas a responsabilidade de devolver as embalagens vazias aos
comerciantes, os quais, por sua vez, teriam que encaminhá-las aos fabricantes.
Assim se formava uma cadeia de responsabilidades que acabou resultando na
criação do Inpev, o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias, em
dezembro de 2001.
Atualmente, o instituto coordena o Sistema Campo Limpo de destinação de
embalagens vazias de defensivos agrícolas e reúne mais de 100 empresas e nove
entidades representativas da indústria do setor, distribuidores e agricultores.
Ampliar a conscientização de todos os envolvidos nessa cadeia de
responsabilidades é uma das principais tarefas do Inpev. Tanto, que em 2008 o
instituto criou o Dia Nacional do Campo Limpo, comemorado anualmente em outubro.
Nessa
oportunidade, são divulgados os resultados da logística reversa de embalagens
vazias de defensivos agrícolas no Brasil, de modo a promover o reconhecimento de
todos os participantes do Sistema Campo Limpo. Não apenas fabricantes e
agricultores, mas também revendas, cooperativas e poder público.
Tal
ação formadora também se estende às escolas localizadas no entorno das unidades
de recebimento de embalagens vazias.
210
mil alunos
Em
2015, o Programa de Educação Ambiental Campo Limpo teve a adesão de 1.872
escolas e atingiu quase 190 mil estudantes. Já em sua sétima edição, as
inscrições recém-encerradas somaram mais de 2.000 escolas, o que representa
aproximadamente seis mil salas de aula e cerca de 210 mil alunos.
Na
prática, a ação educativa leva kits pedagógicos multidisciplinares a alunos de
4º e 5º anos do Ensino Fundamental. Os materiais incluem cartilhas, livro do
professor e jogos educativos, para que o conceito de conservação ambiental seja
transmitido aos estudantes de maneira lúdica.
Neste
ano, o kit foi incrementado com um aplicativo para ser jogado em computadores,
tendo por tema `Resíduos sólidos: responsabilidade compartilhada`. Mas isso não
é tudo. O programa inclui ainda um concurso anual de desenho e redação, com
etapas de premiação local e nacional.
A
adesão das escolas é significativa para estender o conhecimento da
responsabilidade compartilhada às famílias dos agricultores. Em matéria de
educação ambiental, as crianças são multiplicadores imprescindíveis.
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Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor,
criador desta coluna.
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