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Portal G1,

http://especiais.g1.globo.com/sao-paulo/o-mundo-funk-paulista/a-academia-do-funk.html
,
acessado em 25/01/2015

A academia do funk

Virar um MC de
sucesso substituiu o sonho de ser jogador de futebol na periferia. Na busca pelo
estrelato, jovens têm até aulas para se tornar um profissional do funk

Uma vez por semana,
jovens de todas as regiões de São Paulo e região metropolitana se reúnem em uma
casa no Centro da capital. Alguns decidiram faltar ao trabalho. Muitos têm que
pedir o dinheiro “da condução” emprestado. Em comum, todos têm o sonho de
estourar como MC de funk.

O ritmo representa
hoje o que um dia já foi o futebol na periferia: a chance de se tornar famoso e
ganhar dinheiro.

Os encontros
começaram há um ano e meio, e são feitos pela Liga do Funk. Segundo um dos
fundadores, Marcelo Rocha Anastácio, conhecido como Galático, a ideia partiu da
“necessidade de atuar e politizar os jovens, de formar e dar uma opção que eles
não têm na periferia”. Ele toca o projeto com outras pessoas.

No local, eles têm
gratuitamente aulas de canto e postura de palco, além de receber orientações na
parte burocrática da carreira, como o registro de músicas. Cada encontro reúne
aproximadamente 150 pessoas, a maioria, homens. Com dois anos de existência, a
Liga do Funk está com quase 15 mil associados, segundo Galático.

“Eu sei que Deus
vai me ajudar, que Deus vai me ajudar, leão da tribo de Judá”

MC Bob Boladão

“Fui ficar com
uma novinha, ela disse não vai rolar”

MC Gah

No final de cada
encontro acontece a “cadeira elétrica”. Nela, um MC de sucesso ou uma
personalidade se senta na frente de todos os participantes da liga para uma
“entrevista”. O convidade desta vez é o MC Menor da VG.

A “cadeira
elétrica” já recebeu o hoje ministro da Cultura, Juca Ferreira, e o prefeito de
São Paulo, Fernando Haddad. Eles responderam a questões sobre preconceito ao
funk e políticas de incentivo para a cena.

O adolescente
Gabriel Emeliano, de 14 anos, do Itaim Paulista, na Zona Leste, escolheu como
nome artístico MC Gah. “Eu comecei a cantar funk porque via vários MCs ganhando
dinheiro e eu vim de uma família pobre, ainda sou pobre”, conta o jovem.

“Até para vir aqui
é meio difícil. Gasto R$ 15, minha mãe tira o dinheiro de alguma conta, ou senão
peço emprestado”. Se ficar famoso, Gabriel contou que irá comprar uma casa para
a mãe.

Segundo pessoas do
mercado, um MC conhecido ganha de R$ 15 mil a R$ 25 mil por cada show que
realiza em São Paulo. Muitos fazem mais de uma apresentação por noite.

“Comecei a
cantar funk porque via vários MCs ganhando dinheiro e eu vim de uma família
pobre, ainda sou pobre”

Gabriel Emeliano,
o MC Gah, de

Moisés Victorino
Ferreira, de 30 anos, vindo de Guarulhos (SP), escolheu a sua alcunha de MC
porque subia nas árvores para pegar pipa e os amigos da rua lembraram do macaco
do desenho "Aladin". MC Abu conta que canta por diversão, “para transmitir
alegria”, mas que também pensa no dinheiro.

“É todo mundo pobre
que está nessa batalha de conquistar. É isso que a gente foca, sucesso e
dinheiro e muita felicidade em fazer aquilo que eu gosto, que é cantar funk”,
explica.

“Menino essa é a
hora de você experimentar/ deixa que é comigo, vou fazer tu delirar”

MC Kakau

“Curte, dance,
aproveita, tem uísque a noite inteira”

MC Abu

Quem também usou o
apelido de infância como nome artístico foi Letícia Leite, de 19 anos, de
Guarulhos, a MC Kakau. Seu estilo no funk é o melody. “Eu levo como influência
várias cantoras, como Anitta, Ludmilla e Beyoncé”, conta.

Kakau disse que se
sente privilegiada de ser uma das poucas mulheres que cantam funk. “Quem canta
esse estilo são poucas, mas “representamos” no que a gente faz”. Em suas
músicas, ela contou que faz letras sobre as mulheres “para nos valorizarmos”, e
também compõe algumas músicas dançantes.

No próximo
capítulo: Qual o futuro do funk paulista?

A ostentação deu
lugar a zoação e letras adolescentes que misturam sexo com humor. Uma análise do
que vem por aí, na trilha do Passinho do Romano


Créditos


Reportagem:
 Paula
Paiva Paulo


Fotos e vídeos:
 Caio
Kenji e Luciano Cury


Edição:
 Gustavo
Miller e Shin Oliva Suzuki (Conteúdo) e Leo Aragão (Infografia)


Design:
 Karina
Almeida, Thiago Kawano e Roberta Jaworski


Desenvolvimento:
 Hector
Otavio, Fábio Rosa e Rogerio Banquieri


Agradecimento:
 Red
Bull Station

Categorias: Música

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