O Estado de
São Paulo, 
15 de setembro de 2013 |
2h 21

A dura batalha por uma carreira
estável

Concursos
públicos atraem milhões de brasileiros que
desejam conquistar bons salários e
manter distante a possibilidade de demissão

EDILAINE FELIX – O Estado
de S.Paulo

O serviço
público
brasileiro emprega quase sete milhões de pessoas nos
Três Poderes e nas esferas
federal, estadual e municipal, segundo a última Pesquisa
Nacional por Amostra
de Domicílios (PNAD) de 2011. Salários muitas
vezes altos e garantidos, além de
estabilidade, são os grandes atrativos para quem escolhe
carreiras públicas.

De acordo com a
Associação
Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos
(Anpac), no ano passado, 11 milhões
de pessoas disputaram um emprego no serviço
público em todo o País. Estavam em
jogo cargos com remunerações de até R$
25 mil.

É praxe serem mais
procurados os posto do Judiciário, que normalmente pagam
mais. Em 2012, no
entanto, o certame mais concorrido foi o realizado pela
Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), que teve mais de
122 mil inscritos.

A busca por um emprego
estatal pode até mudar a vida das pessoas. Catia Cilene, por
exemplo,
transformou-se em concurseira. Hoje com 39 anos, ela precisou deixar um
emprego
no comércio de sua cidade natal, Sorocaba, para realizar um
tratamento de saúde
em São Paulo.

“Sem saber o que
fazer, eu comecei a obter mais informações sobre
concursos públicos e descobri
a possibilidade de poder ter uma carreira estável, com
salários mais altos do que
os do comércio.” Ela conta que um gerente do
comércio recebe, no máximo,
R$ 4,5 mil mensais. Já a remuneração
para os cargos públicos com exigência de
nível médio de ensino pode chegar a R$ 7 mil.

Sem experiência e
preparo,
em 2008, já em São Paulo, ela prestou
três concursos e não passou em nenhum.
“Eu não tinha dinheiro para fazer um curso
preparatório, então criei um
blog contando minha história e comecei a postar
informações e dicas sobre
concursos públicos. Consegui parcerias com editoras e assim
ganhava livros e
apostilas para estudar.”

Formada na área de
hotelaria, Catia começou a direcionar os objetivos. Agora,
participa somente de
concursos para Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) para os cargos de
analista e técnico judiciário na área
administrativa, com salários de R$ 7,6
mil e R$ 5.7 mil.

“Disputo somente esses
cargos, porque isso facilita os estudos, já que os editais
são muito
parecidos”, conta Catia. Ela prestou concursos para esse cargo nos TRTs
de
Santa Catarina, Paraná, Goiás – cujo resultado
está previsto para outubro -, e
aguarda provas e edital dos tribunais do Pará, Bahia,
Espírito Santos, Alagoas
e São Paulo.

O coordenador
pedagógico da
rede de cursos preparatórios para concursos LFG, Francisco
Fontenele, diz que a
maior procura é para cargos com exigência de
nível médio, com salários de
até
R$ 4 mil.

“Eles atraem muitos
candidatos com curso superior, pois servem como mola propulsora para a
carreira
pública”, diz.

Já o advogado Rafael
Lee,
de 26 anos, quer se tornar um magistrado ou um delegado federal.
Assistente
pedagógico na própria LFG, ele confessa que
cursou direito pensando na carreira
pública. Tanto que já trabalhou como
estagiário em órgãos
públicos, além atuar
em um escritório de advocacia.

Ao se formar, em 2009,
prestou alguns concursos, sem sucesso. “Levei em
consideração os cargos
com exigências e matérias aproximadas para
não mudar a dinâmica de
estudo.”

Ele acredita que essas
provas lhe deram experiência e conhecimento. E desde 2010 ele
estuda sozinho.
“Fiz um módulo do preparatório aqui na LFG e
agora aproveito o contato com
as pessoas para me reciclar e esperar o próximo edital”.

Hoje, Lee se prepara para
os próximos concursos de magistratura e de delegado federal,
com salários de
até R$ 22 mil.

A diretora sócia do
Grupo
Nova – que elabora material didático para concursos -,
Juliana Pivotto, conta
que a produção média mensal da editora
é de 100 publicações por dia. Entre os
materiais editados há livros, apostilas, e-books, material
para transmissão
online, DVD e videoaulas.

Para cada cargo de um
edital lançado, a editora prepara um material com o
conteúdo específico, que
tem vida útil de dois meses. “Em três dias, ficam
prontas as apostilas e,
em uma semana, a videoaula.”

Para isso, o grupo tem uma
equipe formada por 60 professores que, na verdade, são
profissionais como
promotores e magistrados.



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