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Folha de São Paulo, The New York Times,
SEGUNDA-FEIRA, 25 DE MARÇO DE 2013

A graça salvadora do bom design

Um edifício desenhado com cuidado, um carro com
boa engenharia ou uma casa lindamente decorada podem estimular os centros de
prazer em nosso cérebro. Também somos atraídos por certas cores e formas, embora
durante muito tempo não tivéssemos certeza do porquê.

Isso está começando a mudar, relatou Lance Hosey
no "Times", conforme a ciência do design se torna mais sofisticada.
Pesquisadores alemães descobriram, no ano passado, que a cor verde pode nos
motivar e nos tornar mais criativos. "Nós associamos cores esverdeadas com a
vegetação alimentícia -são tons que prometem nutrição", escreveu Hosey.

Janelas que dão para paisagens facilitam a
recuperação de pacientes em hospitais, o aprendizado nas salas de aula e a
produtividade dos trabalhadores em escritórios, relatou Hosey.

Outra revelação que os cientistas descobriram se
baseia na simples geometria, na proporção áurea. Alguns dos desenhos mais amados
da história seguem a proporção áurea: as fachadas do Partenon e de Notre-Dame, o
rosto da Mona Lisa, o violino Stradivarius e o iPod original.

Hoje estamos mais perto de entender o motivo: um
cientista da Universidade da Carolina do Norte descobriu que nossos olhos podem
percorrer uma imagem mais depressa quando suas proporções seguem a razão áurea.

Também há evidências crescentes de que um
desenho inteligente pode reduzir o comportamento aberrante. Hospitais
psiquiátricos tentam identificar os pacientes que podem ser agressivos e treinam
o pessoal para reduzir os incidentes violentos. Mas essas abordagens não são
suficientes, pois o número de acontecimentos agressivos em centros de tratamento
parece estar aumentando, relatou no "Times" Roger Ulrich, professor de
arquitetura na Suécia. Pesquisas sugerem que os hospitais podem ser projetados
para reduzir a violência, e essas adaptações não custam muito caro.

Um hospital psiquiátrico em Gotemburgo (na
Suécia), inaugurado em 2006, incluía espaços que minimizavam o ruído e a
superlotação e quartos compartilhados com assentos móveis para dar aos pacientes
o controle de seu espaço, assim como oferecia mais luz natural. O hospital
registrou um número significativamente menor de incidentes agressivos, segundo o
professor Ulrich.

"Evidências de inúmeros estudos e pesquisas de
design confirmam fortemente a noção de que o design arquitetônico pode reduzir a
violência", escreveu.

O colunista do "Times" James Stewart visitou o
escritório do Google em Nova York recentemente. À primeira vista, os rabiscos
nas paredes, os cães soltos, os engenheiros caminhando em esteiras diante de
telas de computador e as estações de trabalho que pareciam feitas com brinquedos
de crianças o marcaram como "uma espécie de campo de refugiados high-tech".

Porém, o Google sendo o Google, há um método -e
pesquisa e dados- por trás da loucura. O quartel-general da companhia ocupa um
quarteirão inteiro em um antigo complexo de carga marítima no bairro de Chelsea,
em Manhattan. Craig Nevill-Manning, natural da Nova Zelândia e o diretor de
engenharia da empresa, disse que fez pressão a favor do edifício porque ele fica
perto de onde os trabalhadores queriam morar e porque a quantidade de espaço por
andar (mais de 20 mil m2) permitiria os encontros casuais que a companhia
acredita serem uma vantagem.

Entre as inovações que surgiram de conversas
casuais no escritório, estão o Projeto de Arte Google, que está colocando na
rede milhares de obras de museus, e reforços para as plataformas de publicidade
da companhia.

"O sucesso do Google depende da inovação e da
colaboração", disse Nevill-Manning a Stewart. "Tudo o que fizemos foi para
facilitar a conversa. Ficar em um só andar removeu as barreiras psicológicas
para a interação."


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