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Portal Aprendiz, 06/04/2010


Acesso a
faculdades atormenta indianos

 

Sadhvi Konchada fez recentemente seu quinto e último exame
geral do ensino médio (similar ao Enem brasileiro). Estava nervosa, embora
houvesse feito 11 exames gerais, pré-exames gerais ou pré-pré-exames gerais
desde janeiro e tenha outras provas pela frente. Quando entrar na faculdade, ela
terá sido submetida a 22 exames gerais ou vestibulares. Sadhvi, 17, tem aulas
particulares diárias, estuda constantemente e considera sua agenda ridícula. Mas
isso não é raro. No condomínio de classe média onde ela mora, as provas são uma
obsessão para as famílias de colegiais. Pais fofocam sobre notas, se angustiam
com elas e rezam por elas. Tutores divulgam resultados de simulados e atualizam
os pais com mensagens de texto comparando as notas dos seus filhos com as de
outros alunos. Os estudantes passam meses se preparando e se preocupando. "Temos
de mantê-los sob pressão", disse Jaya Samaddar, cuja filha está estudando para o
exame nacional do 10? ano. "Não temos outra escolha."

 

A Índia tem uma das populações mais jovens do mundo, o que
é visto como um "dividendo demográfico". Mas o constante aumento da classe média
acirra ainda mais a competição por vagas universitárias. Para concluir o ensino
médio, os alunos precisam passar nos exames gerais nacionais. Esses mesmos
exames também funcionam mais ou menos como um teste de aptidão para a maioria
das graduações, especialmente na área de humanas. No entanto, candidatos a
algumas universidades, especialmente aquelas com graduações técnicas como a de
engenharia, também precisam fazer vestibulares à parte. Como o acesso à
universidade se baseia majoritariamente nos exames gerais e nos vestibulares, a
temporada de provas se torna um período torturante para alunos e suas famílias.
A pressão é tão intensa que uma importante clínica de diabetes em Nova Déli
atribuiu uma forte alta no número de pacientes com excesso de açúcar no sangue
ou com hipertensão ao crescente estresse provocado pela temporada de provas dos
filhos. Um aluno de 18 anos recentemente se enforcou em um ventilador de teto em
sua casa, em Nova Déli, deixando um bilhete em que manifestava a preocupação de
ter ido mal em parte do seu exame geral do 12? ano. Embora alunos indianos de
elite tenham alcançado um notável sucesso estudando no exterior, o sistema
educacional do país é amplamente visto como falho para dezenas de milhões de
alunos na base da pirâmide, que abandonam os estudos antes do ensino médio, e
para o grupo menor no topo, que compete pelo acesso a universidades -que são
poucas e carentes de recursos.

 

"Se você tem 150 milhões ou 160 milhões de crianças que não
vão à faculdade, o que vai acontecer com elas dentro de dez ou 15 anos?"
perguntou Kapil Sibal, ministro responsável pela 

educação no país, antevendo um "desastre demográfico". A
reforma educacional se tornou prioridade para o governo do Partido do Congresso.
O número limitado de boas escolas é especialmente problemático, já que 40
milhões de alunos adicionais devem ser incorporados na próxima década. Isso gera
uma incrível competição pelo acesso às universidades de elite, especialmente nos
respeitados Institutos Indianos de Tecnologia (IIT). Em 2008, 320 mil candidatos
participaram do vestibular para as suas 8.000 vagas.

 

Para os pais, a ansiedade deriva do medo de que uma nota
ruim atrapalhe o futuro dos seus filhos, mas também da competitividade social
para que o jovem tenha uma nota superior ao cobiçado nível de 90%. "A nota do
filho se tornou símbolo de status social", disse Samaddar. "Se vamos a uma festa
hoje em dia, todo o mundo me pergunta: Como a sua filha está indo? . Ninguém
pergunta sobre a minha saúde. A questão é: Qual é o status acadêmico do seu
filho? ." Meetali, a filha dela, cogita prestar engenharia, mas precisa ter boas
notas na prova do 10? ano para ser aceita nas turmas da sua escola voltadas para
a área científica. Samaddar disse que há meses sua filha não vai ao cinema. "Às
vezes eu a escuto falando ao telefone, dizendo a uma amiga: Vai dormir, vai
dormir, vai dormir; você tem três exames amanhã . E eu me sinto mal." (Folha de
S. Paulo/ New York Times)

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