Folha de  São Paulo, Fovest,
terça-feira, 09 de janeiro de 2007

Artes cênicas unem teoria e prática

Graduação
é uma das mais concorridas nas provas das universidades públicas paulistas

FERNANDA NOGUEIRA

A opção pelo curso de artes cênicas muitas vezes é precedida de
preocupação com o futuro profissional, dados os tímidos investimentos na área
cultural no Brasil. Isso não impede, no entanto, que o vestibular seja um dos
mais concorridos em grandes universidades, como USP, Unesp e Unicamp.

No vestibular 2007 da USP, por exemplo, concorreram 30,27
candidatos para cada uma das 15 vagas de bacharelado e 15,7 para cada uma das
dez de licenciatura.

Na universidade, os três primeiros semestres são comuns a todos
os estudantes. Neste período, os alunos adquirem uma formação geral em teatro. Depois,
começam as disciplinas mais específicas. “Mas como as matérias são
práticas, continua a integração entre os alunos”, diz Karen Müller, chefe
do departamento de artes cênicas da USP. A partir do quarto semestre, os alunos
de bacharelado se subdividem entre as habilitações em interpretação teatral,
direção, teoria e cenografia.

“Estamos batalhando para criar a habilitação em dança
daqui a uns dois anos”, diz Karen.

Em período integral, o curso da universidade, segundo Müller, é
voltado para o teatro contemporâneo. “Queremos profissionais que inovem na
área.”

Na Unicamp, a concorrência é de 19,7 candidatos/vaga. O curso é
voltado para interpretação, apesar de haver profissionais saídos de lá que
trabalham com direção e com cenário, segundo Helô Cardoso, coordenadora do
curso.

Nos dois primeiros anos, a ênfase é na parte técnica. Há aulas
de voz, corpo, circo e disciplinas teóricas. No terceiro e no quarto ano,
começam as montagens, uma por semestre.

A estudante Carla Franco Massa, 22, conta que montou “O
Processo”, de Franz Kafka, com um grupo de 12 pessoas no ano passado.
“A direção foi feita por um professor, o restante pelos alunos”,
afirma Carla.

Ela diz que pretende morar em São Paulo depois
de formada, porque “é o centro cultural do país”.

De acordo com Helô, muitos dos alunos que ficam em Campinas
após o curso montam grupos de teatro. “Muita gente vem assistir às peças
no bairro de Barão Geraldo, onde fica o campus”, diz a professora.

Já na Unesp, há só licenciatura. No vestibular 2007, a carreira foi a
terceira mais disputada, com 42,4 candidatos/vaga, atrás apenas de medicina e
de direito/matutino. O profissional pode dar aulas, trabalhar em oficinas,
projetos culturais e workshops.

DEDICAÇÃO AO TEATRO

“Entrei
com a referência de interpretação para a TV e para o cinema, mas no curso tive
contato com o teatro e agora é o que quero fazer”, diz Carla Massa, do quarto
ano de artes cênicas na Unicamp

Curso da PUC forma artista multimídia

Mais abrangente do que artes cênicas, o curso de comunicação e
artes do corpo da PUC-SP tem o intuito de formar artistas das áreas de teatro,
dança e performance.

Na matrícula, o estudante faz a opção por uma das habilitações.
Com isso, desde o primeiro ano começa a ter contato com sua área específica,
além de estudar disciplinas teóricas gerais para todos os alunos, como música,
história e crítica da arte.

“O curso pretende formar artistas multimídia, ou seja, que
possam fazer experimentações nas três áreas”, explica Naira Ciotti,
vice-coordenadora do curso. A habilitação mais procurada, segundo a professora,
é a de teatro.


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