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O Estado de São Paulo, 15/10/2011 – São Paulo SP

Brasil precisa de mais 150 mil engenheiros até 2012


Setor de petróleo
e gás é um dos que têm maior falta de profissionais, segundo a CNI

Luciele Velluto – Jornal da Tarde

O Brasil precisa de mais 150 mil engenheiros até o final de
2012, segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI). E, por causa de
investimentos no setor de energia, infraestrutura e a descoberta do pré-sal, uma
das áreas com maior necessidade de profissionais é a de petróleo e gás. De
acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o setor de
petróleo e gás (incluindo-se extração e refino) continuará expandindo sua
demanda por esses profissionais a taxas entre 13% e 19% ao ano. No Brasil,
formam-se anualmente 48 mil engenheiros em todas as especializações. Na procura
por profissionais para o setor de petróleo e gás, de cada dois candidatos
selecionados, dois são contratados. “Normalmente, para vaga de engenharia, a
seleção é feita com quatro, cinco profissionais para só então a empresa
escolher. Já quando a vaga é no segmento de petróleo e gás, são selecionados um
ou dois candidatos. E, se forem dois, ambos são contratados por causa da grande
demanda”, diz João Amaral, headhunter da divisão de Petróleo e Gás da Michael
Page, empresa de recrutamento e seleção.

 

Atualmente, na Michael Page há 40 vagas abertas para esse
segmento da engenharia e, segundo Amaral, com dificuldade para serem
preenchidas. “As empresas têm pago altos salários para quem é especializado
nessa área. Até porque, para a companhia vale mais a pena pagar bem e manter a
operação do que parar a produção por causa da falta de profissional”, comenta o
headhunter. A demanda é tão grande que o setor tem buscado profissionais em
outras áreas da engenharia, como automotiva, de energia, de telecomunicações e
até da indústria farmacêutica. “É um setor que tem pago mais que os outros e
oferece um bom pacote de benefícios para atrair pessoas de outras áreas. E isso
também é estratégia para manter o profissional na empresa, já que a disputa é
grande”, afirma Rafael Meneses, da empresa de recrutamento e seleção Asap.

 

O diretor da empresa de recursos humanos FCB, Valter
Teixeira, explica que as vagas não se limitam a Petrobrás e subsidiárias da
estatal. “Há demanda em empresas que prestam serviço, realizam e executam
projetos para a Petrobrás”, explica. Porém, não basta ter vontade de migrar para
o segmento. Segundo os especialistas, nem para todas as áreas do setor de
petróleo e gás a formação de engenheiro, mecânico, eletrônico ou de produção, é
suficiente. “Tem que ir atrás de especialização. Para quem trabalha embarcado
(nas plataformas de extração de petróleo), por exemplo, é um trabalho muito
específico. Mas paga o dobro”, afirma Amaral. Outra recomendação dos
especialistas em recursos humanos e seleção é buscar cursos técnicos na área,
que podem oferecer um diferencial para esse profissional. “E uma segunda língua
é fundamental, pois há empresas novas chegando ao País ou atuando lá fora”, diz
Meneses.

 

Na área – A engenheira química Maria Regina Oeino, de 51
anos, voltou para o setor de petróleo e gás após um hiato de dez anos. “Eu
comecei nessa área trabalhando com projetos e depois, quando o setor ficou ruim,
saí, atuei na indústria e virei professora universitária. Só voltei agora, nos
anos 2000, quando o setor voltou a ter investimento”, conta. Maria Regina afirma
que o mercado tem grande demanda e houve um período em que faltou formação de
profissionais para atuar na área. “Não se encontra engenheiros no setor com 15
anos de atuação, por exemplo. Ou são mais velhos, como eu, ou mais novos. Isso
porque nos anos 90 não havia investimento e demanda nesse setor”, analisa. Para
a engenheira, nos próximos 10 a 20 anos esse será um setor de forte oferta de
vagas. “Estamos defasados e é hora de recupera.”

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