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Folha de São Paulo, Brasil,  domingo, 21 de junho de 2009


Decisão deve mudar cursos de
jornalismo

Fim da obrigatoriedade do diploma, determinada na semana passada pelo
Supremo, provoca discussão em universidades

Diretores de escolas dizem que procura por cursos não deve diminuir e
comparam futuro da carreira ao que ocorre com publicitários

ANA FLOR, DA REPORTAGEM LOCAL

O fim da obrigatoriedade do diploma de jornalismo, determinada pelo STF
(Supremo Tribunal Federal), deve aumentar a qualidade dos cursos e trazer
mudanças nas grades curriculares ou nas opções de formação oferecidas.

A opinião é de professores e diretores dos principais cursos de jornalismo
do país. Para muitos deles, a decisão irá "reestruturar a categoria".

À frente das escolas de jornalismo, especialistas preveem a oferta de mais
opções de pós-graduação na área e até a possibilidade de uma volta ao currículo
em que os alunos faziam primeiro disciplinas humanísticas e, nos últimos anos da
graduação, as disciplinas práticas.

A opção abriria a chance para pessoas com formações em outras áreas
cursarem uma habilitação em jornalismo, mais curta que um curso universitário
integral. Todas essas possibilidades estão em discussão no Ministério da
Educação, onde um grupo vem estudando modificações nos currículos.

Hugo Santos, diretor de Comunicação e Artes da Estácio Ensino Superior,
aposta em cursos mais tecnológicos e ampliação das opções de pós-graduação em
jornalismo.

O professor José Marques de Melo, que atua na Universidade Metodista de São
Paulo, vê nos mestrados profissionalizantes uma tendência, como ocorre nos EUA.
Apesar disso, ele defende a boa formação de jornalistas generalistas, para que
os jornais atendam a um público cada vez mais amplo.

A valorização da formação universitária específica na área e a procura por
vagas oferecidas nos vestibulares não devem sofrer modificações, dizem
professores e diretores.

Muitos comparam o futuro de seus cursos ao que já ocorre na publicidade
-profissão na qual o diploma não é uma exigência. "Os empresários da publicidade
procuram estagiários e profissionais com formação na área e a procura pelos
cursos é muito alta", diz Ricardo Schneiders, da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul.

José Luiz Proença, da Escola de Comunicação e Artes da USP, lembra que os
cursos de jornalismo são anteriores ao decreto-lei de 1969 -parcialmente
derrubado pelo STF. "No tempo anterior à obrigatoriedade [do diploma], os cursos
já tinham procura", diz.

Leonel Aguiar, coordenador do curso de jornalismo da PUC-RJ, diz que os
cursos "com excelência acadêmica" continuarão sendo procurados pelos que querem
se iniciar na profissão.

"Quem tem talento e quiser ser um bom jornalista vai aproveitar muito se
escolher um bom curso", afirma Carlos Costa, coordenador de Jornalismo da Cásper
Líbero.

Categorias: Jornalismo

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