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Engenharia civil responde por um em cada quatro diplomas da área de engenharia, produção e construção; veja o raio-x
Em 15 anos, número de formados anualmente em engenharia civil no Brasil quintuplicou; expansão se deu principalmente nas faculdades particulares.
Por Ana Carolina Moreno, G1
Em 2015, 102.870 estudantes concluíram um de 95 cursos de graduação na área de engenharia, produção e construção, segundo dados do Censo da Educação Superior. Desse grupo, 25.217 se formaram apenas no curso de engenharia civil, o que representa 24,5% do total.
Além de todas as engenharias, a área de engenharia, produção e construção delimitada pelo Censo inclui ainda cursos como agrimensura, tecnologia aeroespacial, cerâmica industrial e até produção de vinhos. A grande maioria das matrículas, porém, está concentrada em apenas alguns cursos, como diversas modalidades de engenharias e o curso de arquitetura e urbanismo.
Entre as engenharias, a civil é, de longe, a que teve mais concluintes em 2015. Veja abaixo a lista dos 15 cursos de engenharia com o maior número de formados naquele ano:
Os 15 cursos de engenharia com o maior número de concluintes
Maior curso, engenharia civil foi a carreira escolhida por um terço desses estudantes
Há 15 anos, o predomínio da engenharia civil era ligeiramente maior (41% dos formados em 2001 eram desse curso, considerando a mesma lista). Porém, o Brasil viu todas as modalidades da engenharia expandirem consideravelmente o número de vagas – em 2001, 12.698 estudantes conseguiu um diploma em um dos 15 maiores cursos de engenharia, o que significa que o número praticamente quintuplicou desde então.
Diferenças entre as engenharias
Além das 15 modalidades de engenharias citadas acima, existem dezenas delas espalhadas em cursos tanto da rede pública quanto da privada pelo Brasil.
Kurt André Pereira Amann, coordenador do curso de engenharia civil da FEI, afirma que já chegou a ver uma lista com 229 modalidades diferentes. Ele explica que elas são variantes e cobrem aspectos mais específicos que as modalidades mais clássicas, que também são mais amplas, abordam de forma genérica. De acordo com ele, os conselhos regionais dão as atribuições profissionais de acordo com a formação.
Veja abaixo o campo de atuação das 15 principais modalidades, segundo as referências do Conselho Federal de Engnharia e Agronomia e do Ministério da Educação:
Campos de atuação de cada engenharia:
- Engenharia civil: edificações, estradas, pistas de rolamentos e aeroportos; sistema de transportes, de abastecimento de água e de saneamento; portos, rios, canais, barragens e diques; drenagem e irrigação; pontes e grandes estruturas; seus serviços afins e correlatos
- Engenharia de produção: atua em empresas de manufatura dos mais diversos setores, como metalúrgica, mecânica, química, construção civil, eletro-eletrônica, agroindústria; em organizações de prestação de serviços, como bancos, empresas de comércio, instituições de pesquisa e ensino e órgãos governamentais
- Engenharia mecânica: processos mecânicos, máquinas em geral; instalações industriais e mecânicas; equipamentos mecânicos e eletro-mecânicos; veículos automotores; sistemas de produção de transmissão e de utilização do calor; sistemas de refrigeração e de ar condicionado; seus serviços afins e correlatos
- Engenharia elétrica: geração, transmissão, distribuição e utilização da energia elétrica; equipamentos, materiais e máquinas elétricas; sistemas de medição e controle elétricos; seus serviços afins e correlatos
- Engenharia química: indústria química e petroquímica e de alimentos; produtos químicos; tratamento de água e instalações de tratamento de água industrial e de rejeitos industriais; seus serviços afins e correlatos
- Engenharia ambiental: empresas e órgãos públicos e privados; empresas de consultoria técnicas e organizações não-governamentais (ONGs)
- Engenharia de controle e automação: concessionárias de energia, automatizando os setores de geração, transmissão ou distribuição de energia; na automação de indústrias e na automação predial; com simulação, análise e emulação de grandes sistemas por computador; na fabricação e aplicação de máquinas e equipamentos elétricos robotizados ou automatizados
- Engenharia ambiental e sanitária: controle sanitário do ambiente; captação e distribuição de água; tratamento de água, esgoto e resíduos; controle de poluição; drenagem; higiene e conforto de ambiente; seus serviços afins e correlatos
- Engenharia de computação: companhias do setor de tecnologia e outros segmentos relacionados à TI; em telecomunicação e em desenvolvimento de softwares e hardwares; na gerência e na área de banco de dados; em bancos, empresas de comércio eletrônico e de consultoria tecnológica com o desenvolvimento de softwares e de sistemas
- Engenharia de alimentos: empresas agrícolas, projetando, coordenando, supervisionando, implantando projetos de produção e de comercialização agropecuária e gestão do agronegócio; realiza consultorias para empresas e para proprietários rurais, e gerencia o próprio negócio; na defesa sanitária, na perícia e na fiscalização de postos, de aeroportos e de fronteiras; na extensão, como agente de desenvolvimento rural, como docente e como pesquisador
- Engenharia de petróleo: dimensionamento, avaliação e exploração de jazidas pretrolíferas, transporte e industrialização do petróleo; seus serviços afins e correlatos
- Engenharia eletrônica: materiais elétricos e eletrônicos; equipamentos eletrônicos em geral; sistemas de comunicação e telecomunicações; sistemas de medição e controle elétrico e eletrônico; seus serviços afins e correlatos
- Engenharia mecatrônica: o campo de atuação é semelhante ao da engenharia de controle e automação, mas com foco menos na parte elétrica e mais na parte mecânica
- Engenharia de materiais: indústrias de base (mecânica, metalúrgica, siderúrgica, mineração, petróleo, madeira e outros) e nas indústrias de bens de consumo (têxtil, eletrodomésticos, brinquedos, etc); na parte produtiva de empresas do setor de embalagens, papel e celulose, eletroeletrônicos, têxtil, material esportivo, odontológico, biomédica, automotivo, naval e aeroespacial; em institutos e centros de pesquisa, órgãos governamentais, escritórios de consultoria no desenvolvimento e fabricação de produtos
- Engenharia de minas: prospecção e à pesquisa mineral; lavra de minas; captação de água subterrânea; beneficiamento de minérios e abertura de vias subterrâneas; seus serviços afins e correlatos
Expansão capitaneada pelas particulares
O crescimento no número de vagas e de estudantes formados em engenharia foi maior entre as faculdades privadas, principalmente com a multiplicação de instituições e campi.
Considerando apenas o curso de engenharia civil, os dados da evolução entre 2001 e 2015 mostram que o número de formados, antes equilibrado entre as universidades públicas e as privadas, acabou pendendo para uma concentração de quatro em cada cinco vagas nas escolas particulares.
Além disso, o levantamento mostra que essa concentração acelerou nos últimos cinco anos (veja no gráfico abaixo):
Onde estudaram os engenheiros civis
Veja a evolução do número de concluintes na carreira entre nos últimos 15 anos
É possível notar, pelos dados do Censo da Educação Superior, que, enquanto o número de formado por ano nas universidades públicas quase dobrou, de 2.543 para 4.711, o número de concluintes nas faculdades particulares foi quase dez vezes maior em 2015 (20.506) em comparação com 2001 (2.677).
Atualmente, 582 instituições oferecem os cursos, sendo que 108 são públicas e 474 são privadas.
Veja, abaixo, a nota de corte de dez cursos em universidades federais na edição do primeiro semestre de 2017 do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), de acordo com o MEC, e a mensalidade de dez cursos de faculdades privadas pelo Brasil, segundo informações divulgadas pelas próprias instituições:
Engenharia civil é território dos homens, dos bons salários e do emprego farto? Veja o que é fato na carreira
Depois de anos de mercado crescente e bons salários até nos estágios obrigatórios, engenharia civil agora vê as vagas fecharem; especialistas, porém, afirmam que demanda sempre vai existir na área.
Por Ana Carolina Moreno, G1
As principais dúvidas sobre a carreira:
- Engenheiros sempre ganham bem?
- Precisa ser muito bom em matemática e em física?
- Tem muito mercado para o engenheiro civil?
- As mulheres têm espaço ou o mercado é dominado por homens?
- O salário é alto até para os estagiários?
- Kurt André Pereira Amann, coordenador do curso de engenharia civil da FEI, de São Paulo
- Silvia Santos, professora doutora do curso de engenharia civil da Univali, de Santa Catarina
- Murilo Pinheiro, presidente da Federação Nacional de Engenheiros (FNE)
Engenheiros sempre ganham bem?
“Se o engenheiro civil é de baixa qualificação, tem o básico do básico, só o diploma, e não investiu na sua carreira, especialização, ou a experiência, não é sempre assim.”
(Kurt André Pereira Amann, coordenador do curso de engenharia civil da FEI)
“O menino que entra na universidade não vai entrar calculando uma ponte, mas vai aprendendo derivada (taxa de variação usada no cálculo), e de repente se vê no final do curso calculando uma ponte com todo o conhecimento que ele foi tendo ao longo do curso. A construção do saber se dá degrau a degrau, semestre a semestre, disciplina a disciplina.”
(Silvia Santos, professora de engenharia civil da Univali)
Tem muito mercado para o engenheiro civil?
“A gente deveria estar formando o dobro de profissionais na área tecnológica. A engenharia está presente em tudo o que fazemos, então a oportunidade ao profissional da área tecnológica é muito grande.”
(Murilo Pinheiro, presidente da FNE)
O salário é alto até para os estagiários?