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Folha de São Paulo, Especial, domingo, 24 de maio de 2009


DIPLOMA BILÍNGUE


ESPM e FGV iniciam dupla titulação

Anhembi, Faap, PUC, Unesp, Unicamp e Poli-USP também oferecem esse tipo
de programa

IGOR GIANNASI, JULIANA CARIELLO, COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Sim, nós queremos cursar parte da "university abroad". É uma oportunidade "unique".
Pela vivência cultural e "los dos" títulos. Se os destinos e os cursos são
variados, a opinião dos estudantes sobre o duplo diploma (um de universidade
brasileira e outro de estrangeira) é que vale muito a pena.

Neste ano, a ESPM e a FGV de São Paulo passam a oferecer a dupla diplomação
nos cursos de relações internacionais e de direito, respectivamente.

O programa consiste em fazer parte do curso no Brasil, parte no exterior e
obter dois diplomas. Com isso, o jovem pode trabalhar nos países onde os títulos
são reconhecidos.

Anhembi, Faap, PUC-SP, Unesp (Guaratinguetá), Unicamp e Poli-USP, entre
outras, também já oferecem esse tipo de programa a seus alunos.

"O duplo diploma será um verdadeiro diferencial para mim. Pós-graduação é
super comum, inglês é obrigatório", diz o estudante de relações internacionais
da ESPM Erick Griscenco, 19, que vai para a Flórida, nos EUA, em agosto.

Além de completar a grade da ESPM, ele fará 11 disciplinas da Universidade
Internacional Schiller. Nove delas nos EUA ou em um dos seis campi na Europa e
duas on-line.

"O conhecimento de novas culturas e ambientes de negócio, a realização de
estágio no exterior e a fluência em inglês e espanhol tornarão nossos alunos
mais preparados para a competição global", aposta Sérgio Pio, diretor do curso
de relações internacionais da ESPM.

Para participar do programa, o estudante tem de ter completado o primeiro
ano, ter uma das notas mais altas de sua classe e não possuir problemas
disciplinares naquele semestre.

A Escola de Direito da FGV (Fundação Getulio Vargas) acaba de fechar uma
parceria com sua correspondente na Universidade de Illinois (EUA). Alunos do
quinto ano da FGV poderão cursar o último semestre na instituição americana.

Além de obter a equivalência das disciplinas e conseguir a dupla titulação,
os alunos podem ainda antecipar em um semestre as matérias do LL.M (curso
equivalente a um MBA, voltado para o campo jurídico), que tem duração de um ano.

Pelo convênio, depois do término da pós nos EUA, o aluno poderá prestar o
exame da ordem dos advogados do Estado em que está e advogar por lá.

Mas quem quer participar tem de se preparar desde o início da graduação. Em
geral, o mínimo exigido pelo programa é bom desempenho acadêmico somado ao
domínio do idioma.

"O que faz prosperar um acordo [entre faculdades] é, em primeiro lugar, a
qualidade dos alunos que vão e que vêm e o interesse deles pelo programa", diz
Maria Lúcia Pádua Lima, coordenadora de relações internacionais da Direito FGV.

Primeira aluna a participar da parceria, Isabel Freitas Peres, 23, já se
prepara para o embarque no segundo semestre. "É muito importante um
aperfeiçoamento como esse. Vale muito, principalmente, nos grandes escritórios",
avalia ela.

Boom

Mesmo sem saber o número exato de faculdades que oferecem a dupla
titulação, o Faubai (Fórum das Assessorias das Universidades Brasileiras para
Assuntos Internacionais) diz que houve uma alta na oferta do programa desde
2004.

"O aumento se deu porque as universidades brasileiras passaram a buscar
parcerias, e não apenas a fechar acordo quando procuradas pelas estrangeiras",
diz Suzana Queiroz, do Faubai.

As primeiras parcerias se deram em 1999, entre a inglesa Middlesex e as
brasileiras UCS (de Caxias do Sul) e UFPE (federal de Pernambuco).


DIPLOMA BILÍNGUE


Intercâmbio é outra opção para alunos

Na modalidade, entretanto,
o estudante não recebe diploma da universidade estrangeira

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Desde que entrou em
jornalismo, já estava nos planos de Bruno Favery Nogueira, 20, ter uma
experiência acadêmica no exterior. Em janeiro, ele trocou o campus da Anhembi
Morumbi, na cidade de São Paulo, para fazer um intercâmbio na Universidade do
Vale do México, em Monterrey. Vai estudar dois semestres por lá.

"Não estou deixando de
aprender nada do que estaria aprendendo no Brasil", diz.

Ainda que a crise econômica
tenha feito Bruno reconsiderar o destino inicial -a Espanha-, ele não se
arrepende da escolha e se diz "encantado" com a cultura mexicana.

Diferentemente dos programas
de dupla titulação, o intercâmbio acadêmico não dá ao aluno o direito de ter um
diploma com validade no exterior.

Os ganhos ficam por conta da
experiência internacional. Mas para que o período fora do país não seja
"perdido", a instituição brasileira precisa pedir ao MEC a revalidação dos
créditos das disciplinas cursadas lá fora.

As condições para participar
de um intercâmbio acadêmico são, em geral, já ter feito parte do curso no Brasil
e voltar a tempo de concluí-lo por aqui. É exigido ainda bom desempenho
acadêmico e certo domínio do idioma em que as aulas serão ministradas,
comprovado por teste de proficiência.

Além da Anhembi, outras
faculdades de São Paulo, como Insper (antigo Ibmec São Paulo), Mackenzie, Faap,
FGV, PUC e Fecap, mantêm programas de internacionalização. A Metodista de São
Paulo está retomando o dela neste ano.

Aluna de economia do Insper, a
sino-brasileira Fang Xia, 21, já no segundo semestre começou a se preparar para
o intercâmbio, que aconteceu no quinto período. Em 2008, estudou por um ano na
Universidade de Illinois (EUA).

Fang tirou de letra a
adaptação à comida e ao modo direto e objetivos dos americanos. "No começo tive
um pouquinho de estranhamento, mas é normal quando você vai para um outro país",
conta ela, que também teve de se adaptar a uma nova realidade quando, aos sete
anos, mudou-se da China para o Brasil com a família.

Para a diretora do
International Office da Anhembi, Liliane Kapler, o aluno que participa de
programas internacionais desenvolve habilidades como ter mais responsabilidade e
preparo para mudanças.

Culturas diferentes

Os alunos que não podem fazer
o intercâmbio acadêmico também podem ter contato com culturas diferentes quando
a sua faculdade recebe estudantes estrangeiros.

A Faap, por exemplo, recebe
por ano cerca de 350 alunos de fora, segundo a coordenadora do departamento de
relações internacionais da faculdade, Lourdes Zilberberg.

Colega no curso de jornalismo
de um estudante português participante do programa de intercâmbio do Mackenzie,
Suzana Albuquerque, 23, considera importante essa troca de experiências. "Você
conhece outras ideias, outros pontos de vista", diz ela.

O esporte é um dos caminhos
para integrar intercambistas estrangeiros e universitários brasileiros na Escola
de Administração de Empresas da FGV-SP, que em 2009 conta com 110 alunos vindos
do exterior.

Só que, em vez do tradicional
futebol, o que se pratica é o rúgbi. Da equipe de 32 atletas, 15 são alunos
estrangeiros.

"O esporte é uma maneira muito
boa de se integrar em um país estrangeiro", confirma o francês Thomas Merlin,
24, que escolheu estudar no Brasil para aprender uma nova língua e também pelo
potencial de crescimento do país.


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