O Estado de São Paulo, 03/05/2010 – São Paulo SP
Estudantes desistem do Jornalismo após fim da
exigência do diploma
Paulo Saldaña – Especial para O Estado
Carolina Maia, de 16 anos,
sempre teve certeza sobre o que deseja fazer na vida: ser jornalista. Agora, no
3º ano do ensino médio, ela está reavaliando a decisão de fazer a faculdade de
Jornalismo. "Me senti desencorajada, talvez não valha a pena." A dúvida de
Carolina, aluna do colégio Vértice, surgiu com o fim da obrigatoriedade do
diploma para o exercício da profissão. A decisão, tomada pelo Supremo Tribunal
Federal (STF) em meados de 2009, agravou a queda de interesse pelo curso, algo
que grandes faculdades de Jornalismo paulistas já vinham detectando nos últimos
anos. O curso da Universidade de São Paulo (USP) perdeu 250 candidatos de 2009
para 2010. A relação candidato/vaga caiu de 36,6 para 32,4. Na Cásper Líbero, o
número de concorrentes por vaga baixou de 13,28 para 11,26. A queda média de 2
pontos porcentuais também ocorreu nos cursos da Unesp e PUC.
Na Metodista, apesar do corte
de vagas, de 240 para 160, a concorrência caiu quase pela metade. Titular da
cátedra da Unesco de Comunicação da Metodista, José Marques de Melo acredita que
a queda de demanda pelo curso é episódica. "Em lugar nenhum do mundo se pede
diploma, e o jornalista continua prestigiado", diz. "Curso não existe para dar
diploma. É para somar conhecimento." O professor coordenou o projeto de mudança
das diretrizes nacionais do curso, que aguarda aprovação do MEC. Entre as
propostas está a adoção de uma grade flexível, para acompanhar a dinâmica do
mercado. Otimismo. Na contramão da tendência geral, a ESPM, uma das principais
faculdades de Publicidade do País, vai oferecer 50 vagas na primeira turma de
Jornalismo no próximo vestibular. A aposta da ESPM é criar um curso voltado para
as mídias digitais e com enfoque no jornalismo corporativo.
"A carreira de publicidade não
precisa de diploma e nós continuamos lotando turmas", diz o diretor de
Graduação, Alexandre Gracioso. "O motivo é a excelência na formação, e isso
continua tendo procura." No ano passado, quando Job Henrique Casquel, de 19
anos, abandonou sua vaga na Escola Politécnica da USP para tentar jornalismo,
seus pais não ficaram satisfeitos. "Acho que o diploma continuará fazendo a
diferença na hora da seleção em uma empresa", diz ele, que curso o 1º ano na
USP. Apesar da onipresença das novas mídias, a internet não está nos seus
planos. Quer, quando formado, trabalhar em jornal impresso ou rádio.
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