Folha de São Paulo, Fovest,
terça-feira, 05 de janeiro
de 2010
CARREIRA
Historiador
tem mais opções de atuação
Cuidar do
acervo histórico de empresas e participar de
restaurações estão entre as atividades
PATRÍCIA GOMES, DA REPORTAGEM LOCAL
Foi-se o
tempo em que quem fazia faculdade de história tinha a sala
de aula como destino líquido e certo. Hoje, as
instituições de ensino continuam
sendo opções muito frequentes para os graduados
desse curso, mas elas têm
dividido espaço cada vez maior com atividades bem
diversificadas, como os ramos
da memória empresarial, da museologia e da
restauração.
As empresas,
por exemplo, têm requerido mais e mais profissionais
formados em história para organizar e montar o acervo de sua
própria
trajetória.
Para atender
a uma demanda crescente, a empresa de comunicação
Klaumon Forma montou um núcleo de memória
empresarial especializado em
assessorar companhias. “Elas nos procuram muito em datas cheias, em
aniversário de 50, 60 anos. Mas também contratam
historiadores para a
manutenção do acervo”, diz Claudia Zanuso, que
coordena o núcleo.
O ramo da
consultoria, com análises especializadas e pontuais,
feitas sob encomenda, também tem movimentado o mercado de
historiadores, afirma
Andréa Borelli, coordenadora do curso de história
da Universidade Cruzeiro do
Sul. O trabalho de restauração, diz a professora,
é outra atuação possível e
é
realizado com equipes multidisciplinares, em parceria com arquitetos.
Além
dessas áreas, os museus são outros destinos
recorrentes. O de
Arte Sacra de São Paulo, por exemplo, tem historiadores e
estudantes de
história trabalhando em seus corredores. Um deles
é Carla de Oliveira, 27, que
passou para o terceiro período na Universidade Cruzeiro do
Sul. Entre suas
funções diárias, está o
acompanhamento e a monitoria de grupos de estudantes,
além da elaboração de roteiros e de
oficinas no museu.
“O que eu
faço não tem a formalidade e a rigidez da escola,
mas é importante para a formação de
crianças e adolescentes. Eu sou apaixonada
por isso”, diz Carla, que pretende seguir no ramo que chama de
educação
não formal.
Embora a
educação não formal e outras
atividades recentes tenham
ajudado a alargar o mercado de trabalho para o formado em
história, a sala de
aula continua sendo o principal destino desse profissional, afirma
Pedro
Geraldo Tosi, coordenador do curso de história da Unesp, em
Franca. “Com a
expansão das universidades federais, cresceu a demanda por
professores de nível
superior.”
No entanto,
segundo a professora da Cruzeiro do Sul, se o destino
é tradicional, as exigências para o
recém-formado são novas. “Hoje em dia,
as escolas de ponta exigem que o professor domine as novas tecnologias,
as
plataformas do ensino a distância, a lousa digital. Ele
precisa saber aliar o
conhecimento teórico ao tecnológico”, afirma
Andréa.
Seja qual
for a atuação no mercado, os professores dos
cursos de
história são unânimes: quem escolhe
prestar vestibular para essa carreira deve
saber que enfrentará uma graduação com
uma carga muito grande de leitura sobre
uma ciência que não para nunca. Afinal, a cada dia
que passa, a história fica
um dia mais longa.
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