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Folha de São Paulo, Ilustrada, sábado, 06 de outubro de 2012

Historiadora combate "maçãs de Isaac Newton"

DE SÃO PAULO

Em seu "A História da Matemática", Tatiana Roque
toma emprestado de uma ciência vizinha, a física, a lenda de como Isaac Newton
descobriu a lei da gravidade. A fictícia maçã que teria caído sobre a sua cabeça
seria uma das grandes vilãs da história.

"Traduz a visão de que a ciência é uma produção
individual de gênios que, num rompante de iluminação, têm ideias inovadoras,
difíceis de serem compreendidas pelos homens comuns", afirma.

Considerada a primeira obra séria de
historiografia da matemática no Brasil, o livro de Roque combate estas "maçãs" e
busca corrigir anacronismos comuns à disciplina. "Conceitos fundamentais da
matemática são ensinados hoje a partir da noção de conjunto. Mas a noção de
conjunto começou a ser esboçada no século 19", comenta.

Roque tem um exemplo concreto do motivo pelo
qual poucos pesquisadores se dedicam a obras de divulgação no Brasil. "O livro
que acabo de publicar, com 512 páginas, conta no meu currículo Lattes menos do
que um artigo de 15 páginas publicado numa revista científica. Os critérios de
avaliação de pesquisas são enviesados."

O inglês Alex Bellos, de "Alex no País dos
Números", conta que em seu país a divulgação científica ganhou popularidade nos
últimos 15 anos. Para Bellos, há três explicações: "1) Os avanços da ciência nos
últimos anos são interessantes mesmo; 2) É mais cool ser nerd hoje; 3) A TV é
muito burra". (CEM)

Leia entrevista com Ian Stewart


folha.com/no1164434


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