UOL EDUCAÇÃO, https://dicasdevestibular.blogosfera.uol.com.br/2020/03/03/inicio-do-ano-letivo-para-pre-vestibulandos-requer-adaptacao/, 03/03/2020 – SÃO PAULO, SP
Início do ano letivo para pré-vestibulandos requer adaptação
*POR BÁRBARA SOUZA, GESTORA DO SERVIÇO DE ATENDIMENTO PSICOLÓGICO DO ANGLO VESTIBULARES
Com a conclusão do ensino médio, muitos estudantes pretendem iniciar o ano seguinte em uma graduação, mas nem sempre acontece a aprovação imediata, sendo necessária a preparação em curso pré-vestibular. Em outras situações, o jovem ainda em dúvida sobre qual curso superior escolher, pode ter no cursinho um período de desenvolvimento pessoal que o auxiliará a fazer uma escolha mais cuidadosa e segura.
Qualquer que seja o caso, ano de cursinho é um ano inesquecível e de muito estudo.
Se nos ensinos fundamental e médio a seriação progressiva estrutura a passagem do tempo e dos afazeres, as salas de aula são reduzidas e o contato com o professor é próximo e personalizado e, as avaliações focam em conteúdos mais pontuais, essa realidade muda bastante com o pré-vestibular.
Ao iniciar o curso pré-vestibular, o jovem logo se dá conta de que precisará construir o hábito de estudar diariamente. Diferentemente de muitas experiências de estudo às vésperas de prova vivenciadas na educação básica, no curso pré vestibular os conteúdos tem um efeito cumulativo muito importante de ser considerado: as provas acontecem no final do ano e exigem o conjunto dos conteúdos.
Outro elemento importante é o aumento da complexidade dos conteúdos: no início do ano de pré vestibular o estudante retoma e/ou aprende elementos mais basais que serão fundamentais para o estudo progressivo, portanto é fundamental o estudo diário visando garantir o acompanhamento dos conteúdos vindouros.
O contato com muitos alunos em um mesmo ambiente é outro elemento impactante a quem vem ao curso pré-vestibular pela primeira vez, pois se deparar com tantos alunos numa sala de aula pode provocar um sentimento de impessoalidade, competitividade e desamparo.
Não é incomum que alguns estudantes vivenciem também o choque de haver tantos outros alunos tão bons quanto si ou até mais: essa surpresa vem da vivência que alguns trazem dos da vida escolar pregressa – de serem alunos academicamente muitos bons em sua escola, mas no pré-vestibular se sentem apenas mais um.
Além da forma de estudar, outro ponto que costuma ser bastante diferente do vivenciado no colégio, é a diversidade: étnico-racial, religiosa, cultural, de valores e crenças. A tendência nos colégios é que os estudantes tenham uma origem sócio-econômica-cultural mais homogênea.
Nos cursos pré-vestibulares há alunos com as mais variadas origens e formações e essa rica diversidade proporciona uma troca entre os jovens provavelmente não vivenciada até então. Essa vivência também apresenta uma realidade muito mais próxima ao que será vivido, posteriormente, no mundo do trabalho e da convivência social mais ampla.
Muitos estudantes, além de lidar com a rotina intensa do cursinho, precisam também adaptar-se a viver fora da casa dos pais. Para a maioria desses estudantes será necessário aprender a organizar compras de mercado, faxinas e alimentação e, acostumar-se a ficar sozinhos nos finais de semana.
Em contrapartida, esses aprendizados vão proporcionando mais responsabilidade e autonomia e, consequentemente, maior amadurecimento emocional – elementos fundamentais para as escolhas que se apresentam nessa transição para a vida adulta.