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Dia, 23/06/2009 – Belo Horizonte MG



Jornalista, com diploma

Lúcia
Schmidt

Não sou
advogada e nunca pretendi ser juíza. Mas sou, com muito orgulho, jornalista
há 32 anos. Com diploma. Assisti, em tempo real, voto a voto, os depoimentos
dos juízes de nossa Suprema Corte sobre o Recurso Extraordinário RE 511961,
que questionava a constitucionalidade da exigência de diploma em curso
superior de Jornalismo como requisito para o exercício da profissão. O que
não foi dito claramente é que o recurso foi interposto pelo Sindicato das
Empresas de Rádio e Televisão de São Paulo, que reúne os donos de emissoras
de rádio e televisão daquela cidade. Portanto, um interesse particular, não
coletivo. No julgamento, surpreendeu-me as declarações de voto, a começar
pelo relator do processo, que revelavam um total desconhecimento sobre as
especificidades de uma profissão

de
fundamental importância em uma sociedade verdadeiramente democrática.

Ao
recolher os cacos dessa desastrosa decisão é preciso deixar claro alguns
pontos. O que acabou foi o inciso V do art. 4º do Decreto-Lei 972 de 1969,
que fixava a exigência do diploma de curso superior para o exercício da
profissão de jornalista. Mas permanecem inalterados os demais dispositivos
da regulamentação da profissão. Ou seja, para o exercício da profissão é
necessário o devido registro profissional junto ao órgão competente, no caso
o Ministério do Trabalho e Emprego, apresentando diploma de jornalista ou
não. Isto esclarece um ponto que parecia confuso. As empresas só podem
contratar profissionais com registro. Isto esclarecido, outro ponto chamou a
atenção nestes dias. Não é preciso mais fazer curso de


Jornalismo. Um equívoco.

Qualquer
grande empresa de comunicação hoje contrata profissional a partir de
processos seletivos. Aquele que tiver o registro, mas não tiver conhecimento
teórico, humanístico, técnico e fundamentalmente ético da profissão, não
terá o mesmo desempenho do profissional com registro e diploma. A sociedade
contemporânea precisa, mais do que nunca, do jornalista. Para que este
profissional tão necessário sobreviva à era da informação é preciso estar
preparado, e esta preparação passa pela universidade e em especial, pelos
cursos de Jornalismo. Não é possível, neste momento, desprezar competências
técnicas, processuais, metodológicas e éticas desenvolvidas historicamente
na profissão e que representam o seu patrimônio. E, mais uma vez, a
sociedade precisa do jornalista. Com diploma.

Categorias: Jornalismo

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