Folha de São
Paulo, Fovest quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Mais do que a técnica, foco dos cursos são as
pessoas
Coordenador de graduação aponta a importância
de "entender de gente"
ANDRESSA TAFFAREL, DE SÃO PAULO
Entender as novas mídias, dominar programas de computador e conhecer o que
está em alta no mercado de trabalho parece a receita do sucesso para qualquer
estudante de comunicação -área que inclui cursos como jornalismo, cinema e
publicidade e propaganda.
A importância desses conhecimentos é reconhecida, mas, segundo os professores
da área, eles podem ser insuficientes para aquele aluno que não consegue se sair
bem em uma determinada tarefa: compreender o que as outras pessoas dizem.
"Entender de gente é tão ou mais importante do que dominar uma técnica",
aponta o coordenador de comunicação social da ESPM (Escola Superior de
Propaganda e Marketing), Luiz Fernando Garcia. A ESPM abre em 2011 um curso de
jornalismo com foco corporativo.
É pela necessidade dessa habilidade interpessoal que alguns cursos da área
têm repensado os seus currículos.
Também para se atualizar em relação às novidades do mercado, mas,
principalmente, para integrar cada vez mais cedo a prática e a teoria.
"As disciplinas [teóricas] são fundamentais para que o aluno possa processar
o conhecimento prático com mais facilidade e não se torne um simples apertador
de botão", diz Vagner Matrone, coordenador do curso de rádio e TV da Faap.
A conclusão tem sido uma só: a parte prática muda com a mesma velocidade com
que são criadas tecnologias. O que tem sobrevivido é o conhecimento teórico.
Para a vice-coordenadora de relações públicas da UEL (estadual de Londrina,
PR), "o foco da comunicação serão sempre as pessoas, independentemente das
novidades [técnicas] criadas." Além das mudanças exigidas pelo próprio mercado,
os currículos dos cursos de comunicação também estão sendo repensados pelo
Ministério da Educação, que determina uma base mínima que deve ser seguida por
todas as graduações.
É justamente essa base que é avaliada em provas como a do Enade, que mede a
qualidade dos cursos.
Diretrizes mais específicas para relações públicas estão sendo debatidas por
uma comissão de especialistas, antes de seguir para o CNE (Conselho Nacional de
Educação), onde já estão os novos parâmetros para as turmas de jornalismo.
PARTICIPAÇÃO
Nos dois casos, a população pode
contribuir. Para relações públicas, as sugestões devem ser enviadas paraconsulta.rp@mec.gov.br,
até o dia 30. Já no dia 8 de outubro, o CNE realiza uma audiência pública em
Brasília, quando discute as mudanças no jornalismo.
Colaborou ANA
PAULA ANJOS
Aluno pode optar por 6
habilitações
Jornalismo, publicidade, rádio e TV, relações públicas, editoração e cinema são
as possibilidades
DE SÃO PAULO
Alunos muito comunicativos, que
se expressam bem, gostam de ler e escrever podem até chegar, com relativa
facilidade, à conclusão de que querem estudar comunicação. Mas daí a escolher
uma carreira na área há um longo caminho.
De acordo com a psicanalista e
orientadora vocacional Maria Stella Leite é muito comum que alunos a procurem
com a certeza de que querem comunicação, mas sem saber qual das profissões
escolher. As opções são jornalismo, publicidade, rádio e TV, relações públicas,
editoração e cinema.
Para quem vive essa dúvida,
Maria Stella dá uma dica. Ela diz que a comunicação se apoia em três pilares: a
informação, a criação e os negócios. Nas habilitações, diz ela, essas três bases
acabam se mesclando, mas cada curso enfatiza uma delas, conforme sua natureza.
Jornalismo e editoração, por
exemplo, são carreiras que primam pel a informação. "Isso não quer dizer que o
jornalista não tenha que ser criativo nem que ele não precise pensar
comercialmente numa situação", afirma.
Já os cursos de relações
públicas, publicidade e marketing são mais relacionados à área de negócios.
Algumas atividades do publicitário, no entanto, são intimamente ligadas à
criação.
A arte de criar, aliás, é
fundamental para quem cursa cinema e rádio e TV, diz Maria Stella. "Mas rádio e
TV tem um dado curioso: costuma atrair alunos que gostam de tecnologia."
Com a certeza de que queria
cursar comunicação social, mas sem saber ao certo qual habilitação escolher, Ana
Flávia de Carvalho, 17, procurou ajuda profissional.
A aluna deu ouvidos à sua
afinidade com as exatas e hoje não pestaneja: "Optei por tentar marketing na
ESPM".
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