Folha de São Empregos, Paulo, domingo, 22 de abril de 2012
SUA
CARREIRA – MARKETING POLÍTICO
Marketing cresce com leis eleitorais
Ficha Limpa abre campo para novos candidatos,
que precisarão de profissionais estratégicos
LÍGIA
MENEZES,
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Dentro e fora de campanha, o candidato a um
cargo político precisa exibir uma imagem de respeito, seriedade e confiança. E é
essa a função do consultor de marketing político, o marketólogo: orientar o
candidato durante as eleições e também em sua trajetória pessoal.
Com as recentes mudanças na legislação
eleitoral, como a Lei da Ficha Limpa, esse profissional deve ser ainda mais
requisitado.
"Com a aprovação da Ficha Limpa, o campo de
trabalho vai crescer, já que surgirão novos candidatos que precisarão construir
uma imagem do zero", diz Mariângela Haswani, professora de comunicação pública
da ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo).
FOCO
O marketing político compreende dois ramos de
atuação: a comunicação política e o marketing eleitoral.
A comunicação política acontece fora do período
de eleição. Trata de assuntos relacionados à imagem do candidato e suas ações,
esteja ele atuando no governo ou não.
Já o marketing eleitoral é focado nos eleitores.
"Começa um pouco antes da eleição e se concretiza no último dia de campanha,
visando desenvolver ações do candidato para atingir os eleitores em massa",
explica o consultor político Gilberto Musto.
Cabe ao profissional contratar equipe para criar
slogans, logotipos e jingles.
O marketólogo também organiza a agenda do
candidato. "Eu ainda escolhia o figurino", conta Haswani. "É preciso ter malícia
para detectar espiões, rapidez para mudar estratégias que não dão certo,
capacidade para analisar situações e usar pesquisas de opinião", diz a
professora.
Encerrada a campanha, o trabalho do consultor de
marketing não termina. "Essa é a etapa de consolidação de uma base social para
favorecer o mandato e as próximas eleições", explica Haswani.
ESPECIALIZAÇÃO
Além de ensinar estratégias, os cursos de
especialização e de pós-graduação ligados ao marketing político oferecem noções
de ética, legislação eleitoral e opinião pública.
Não há formação específica para a função, mas
publicitários, jornalistas e profissionais de comunicação têm mais facilidade e
penetração nesse mercado.
Apesar da forte demanda por profissionais, a
área de atuação é bastante seletiva. "Sugiro começar como assessor e fazer parte
de uma base de deputados até que o profissional consiga organizar uma campanha
ou fazer parte dela", conta Caio Manhanelli, 31, antropólogo e consultor de
marketing político.
Manhanelli participou ativamente de sua primeira
campanha aos 12 anos, sob supervisão do pai, com quem aprendeu os macetes da
área. "Já tinha feito cursos de diagramação e recebi meu primeiro trabalho:
desenhar logotipos. Meu pai sempre trabalhou nesse ramo".
Para ele, ainda há muito a ser feito para que o
profissional de marketing político seja reconhecido. "Os candidatos têm a cabeça
fechada, valorizam apenas o marketing eleitoral. Eles precisam entender que o
marketing não é só comunicação ou propaganda, é um estudo de estratégias."
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