Mulheres ganham até R$ 40 mil a menos por ano do que homens

Enquanto as mulheres em postos de liderança recebem R$ 6.798 por mês, remuneração dos homens, na média, supera os R$ 10 mil

LETÍCIA NAOME | OESP*

Mesmo com avanço em legislações para equidade de gênero no ambiente de trabalho, as mulheres ainda sofrem com remunerações menores e menos oportunidades no emprego. Um boletim especial do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta que diretoras e gerentes ganharam em média, por mês, R$ 6.798, enquanto homens ocupando os mesmos cargos tiveram remuneração mensal de R$ 10.126. Por ano, esse valor equivale a R$ 40 mil a menos para elas.

Conforme o Dieese, essa média representa todas as empresas do Brasil, de grandes e pequenas cidades, e gerentes e diretores de todos os tipos de estabelecimentos, não apenas de grandes empresas e multinacionais. Os dados têm como base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE, do 3.º trimestre de 2024. Segundo essa pesquisa, o Brasil contava com

Referência Dados têm como base a Pnad Contínua, do IBGE, do 3º trimestre do ano passado

91,2 milhões de mulheres com 14 anos ou mais, das quais 48,1 milhões faziam parte da força de trabalho. Dessas, 44,4 milhões estavam ocupadas no período.

Na menor camada de remuneração, as mulheres que ganham até um salário mínimo são maioria – 37% ante 27% entre os homens. Além disso, o rendimento médio real mensal para elas é menor: R$ 2.697, enquanto para eles chega a R$ 3.459. Na mesma base de comparação, no caso das trabalhadoras com nível superior o ganho é de R$ 4.885, ou R$ 2.899 a menos do que o recebido por homens (R$ 7.784). Além disso, conforme o levantamento, em nenhum Estado brasileiro a média da remuneração mensal feminina supera a masculina.

O tempo tem grande influência nos ganhos salariais. A jornada de trabalho semanal remunerada masculina supera a feminina em 4,3 horas. Já o trabalho feminino sem ganhos financeiros supera em 10 horas o dos homens. O boletim da Dieese mostra que as mulheres gastam 21 dias ou 499 horas a mais em um ano com afazeres domésticos.

O cenário continua desigual por conta da persistência de barreiras estruturais e culturais, avalia Angélica Petian, sócia do escritório Vernalha e Pereira. Segundo ela, as empresas precisam criar ambientes mais inclusivos, com a “implementação de programas de mentoria para mulheres, políticas de diversidade e canais de denúncia eficazes”.

*Estado de São Paulo, https://digital.estadao.com.br/o-estado-de-s-paulo/20250309, 09/03/2025, pg. B5

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