Nova pagina 3

Folha de São Paulo, Especial, domingo, 10 de junho de 2012

O futuro é engenhoso

Retomada de investimentos em infraestrutura e
pressão por inovação tecnológica nas empresas faz demanda por engenheiros
explodir

KATIA SIMÕES, CARIN PETTI,
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Houve um tempo em que engenheiro, depois de se
formar, virava suco -caso de um profissional que ficou famoso nos anos 1980 por,
graças à falta de perspectiva em sua área, abrir uma lanchonete em São Paulo
batizada de O Engenheiro que Virou Suco.

Três décadas depois, o enredo é outro. "Hoje,
não falta emprego", diz José Tadeu da Silva, 58, presidente do Confea (Conselho
Federal de Engenharia e Agronomia).

Para o futuro, o cenário é ainda mais otimista.
Segundo a entidade, os cerca de 40 mil engenheiros formados anualmente no Brasil
não serão suficientes para atender à demanda de 300 mil profissionais da área
necessários para obras e investimentos previstos para os próximos cinco anos,
como os da Copa do Mundo, das Olimpíadas, do PAC e do petróleo do pré-sal.

Mas não é apenas a retomada de investimentos em
infraestrutura que aquece o setor. "A necessidade de inovação tecnológica como
fator de competitividade das empresas pressiona a demanda por engenheiros",
afirma James Wright, 61, coordenador da FIA (Fundação Instituto de
Administração).

Como resultado, sobra trabalho e faltam
profissionais em dia com as exigências tecnológicas do mercado. "Depois de duas
décadas perdidas, sem investimentos, grande parte dos engenheiros migrou para
outras áreas, como o mercado financeiro", afirma Guilherme Melo, 55, diretor de
engenharias, ciências exatas, humanas e sociais do CNPq (Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

Para completar o quadro, a evasão de alunos nas
faculdades de engenharia é tradicionalmente alta. "Algo entre 40 e 50% dos
alunos abandona o curso, que é longo e difícil", afirma Melo. Quem consegue o
canudo, porém, encontra ofertas de remuneração que costumam compensar o esforço.
A categoria tem piso salarial de R$ 5.600 mil.

NOVO INTERESSE

Com as boas perspectivas de crescimento, começa
a ressurgir o interesse pela carreira. Neste ano, o curso de engenharia civil da
USP São Carlos desbancou o de medicina no primeiro lugar do ranking de cursos
mais concorridos da Fuvest, com 52,27 candidatos por vaga. Em 2010, com disputa
de 26,78 candidatos por vaga, o curso era o nono mais disputado. O número de
formandos também vem crescendo. No ano passado, 38.148 novos engenheiros
chegaram ao mercado,172% a mais que 2002, segundo os registros de profissionais
emitidos pelos Creas (Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia).

Novos cursos também foram criados. O governo
paulista abriu neste ano 11 cursos de engenharia na Unesp (Universidade Estadual
Paulista), somando 440 novas vagas.

Mas é preciso ir além. As empresas públicas e
privadas não só encontram dificuldades para contratar jovens profissionais como
também especialistas sênior. Levantamento do Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial (Iedi) revela que dos cerca de 10 mil doutores
formados por ano, apenas 10% são da área.



O PRIMEIRO



Aptidão para exatas é fundamental



"Li no jornal que vão faltar engenheiros no Brasil. A notícia influenciou minha
opção pela engenharia civil no vestibular. O curso é bastante puxado. Não
adianta escolher engenharia só de olho na boa perspectiva de emprego. É
essencial ter aptidão para exatas. Quem não tem acaba largando a faculdade."



MATHEUS FIDÉLIS
,
18, primeiro colocado no vestibular do curso de engenharia civil da USP São
Carlos, o mais concorrido da Fuvest

É preciso ser engenheiralista



Ainda que a área se ramifique em especializações, profissional deve ter formação
generalista

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA


Seja qual for a área de especialização escolhida, uma coisa é certa: para
construir uma carreira sólida, o engenheiro tem de ter formação generalista. "A
era do superespecialista acabou", afirma James Wright, 61, coordenador de
pesquisa da FIA (Fundação Instituto de Administração) sobre as carreiras mais
promissoras dos próximos anos.


Nos novos tempos, quem tem apenas conhecimento técnico, por mais consistente que
seja, costuma empacar na carreira, reforça o britânico Derek Abbel, 74,
ex-professor da Harvard Business School, nos Estados Unidos, e atual decano da
escola de negócios HSM Educação. "Os profissionais precisam cada vez mais cedo
entender as necessidades do mercado, a viabilidade financeira dos projetos, suas
estratégias e conhecer até um pouco de vendas", afirma.


Nesse contexto, boa capacidade de comunicação e negociação são fundamentais. "No
dia a dia, engenheiros precisam não só se relacionar com profissionais de outras
áreas, como a financeira, a de serviços sociais e de meio ambiente, como também
convencê-los de suas propostas", ressalta Guilherme Melo, um dos diretores do
CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). "Não dá
mais para simplesmente chegar com a melhor solução de engenharia e dizer:
cumpram."


Novas demandas do mercado também são apontadas pela Nextview People, empresa de
pesquisas em recursos humanos. Em levantamento realizado com 60 companhias
brasileiras, a capacidade de gestão financeira, gestão de projeto e de riscos
estão entre as habilidades mais exigidas dos jovens profissionais. "A habilidade
gerenciamento é fundamental", afirma Danilca Galdini, 34, sócia da Nextview
People.



MAIS PROMISSORAS


Na visão do diretor do CNPq, duas carreiras são especialmente promissoras. A
primeira delas, impulsionada pela descoberta e exploração das reservas do
pré-sal, é a engenharia de petróleo, primeira colocada no ranking de profissões
com grande perspectiva de contratação elaborado pela Firjan (Federação da
Indústria do Rio de Janeiro). O segundo destaque é a engenharia aeroespacial,
embalada pelo programa brasileiro de lançamento de satélites e pela escassez de
mão de obra na aviação.


Melo também vê bom futuro na engenharia de alimentos -resultado da busca por
aumento da produtividade na indústria alimentícia e na agroindústria- e sublinha
ainda a engenharia de produção, "sempre na moda por otimizar processos
produtivos em diferentes setores".


As engenharias de minas e ambiental também integram a lista de especializações
em alta. (CARIN PETTI)

Engenharia ambiental

Uma das carreiras mais
procuradas entre as engenharias, curso oferece formação multidisciplinar

ELENI
KRONKA,

COLABORAÇÃO PARA A
 FOLHA

A preocupação com o crescimento sustentável, a
preservação do planeta, a redução dos níveis de poluição e a otimização do uso
de recursos naturais são fatores que contribuem para que esta carreira seja uma
das mais procuradas atualmente.

Quando criado o curso, em 1994, os recém-formados
encontravam oportunidades de trabalho principalmente no setor público. Hoje, a
demanda por engenheiros ambientais é intensa também no setor privado.

O coordenador do curso de engenharia ambiental da
Unesp Sorocaba, Roberto Wagner Lourenço, 46, diz que a média no vestibular é de
20 candidatos por vaga -o curso oferece 60 vagas por ano.

"Mais da metade termina [o curso] com uma colocação
no mercado, dentro da área", afirma Lourenço, lembrando que empresas privadas
costumam buscar a Unesp para recrutar alunos como estagiários, visando a futura
efetivação.

BIOLÓGICAS

Com formação multidisciplinar, o engenheiro ambiental
recebe o conteúdo básico da engenharia, apoiado em ciências exatas, além de
disciplinas voltadas à computação.

A ênfase recai sobre a área biológica. A visão
multidisciplinar o prepara para atuar nos campos de geoprocessamento
(processamento informatizado de dados georreferenciados), sensoriamento remoto
(medição das emissões de poluentes com os veículos em movimento), gestão
ambiental, poluição ambiental, tratamento de esgotos sanitários, segurança do
trabalho, entre outros.

UNESP SOROCABA

VESTIBULAR 2013: INSCRIÇÕES de
17/9 a 11/10 pelo site


www.vunesp.com.br

CONCORRÊNCIA: 20
candidatos/vaga


www.sorocaba.unesp.br

Tel.: (0xx15) 3238-3401

USP SÃO CARLOS

VESTIBULAR 2013: INSCRIÇÕES de
24/8 a 10/9 pela Fuvest

www.fuvest.br

CONCORRÊNCIA: 16,5
candidatos/vaga


www.saocarlos.usp.br

Tel.: (0xx16) 3373-9218

PUC-CAMPINAS

VESTIBULAR 2012 INSCRIÇÕES: até
21/6 pelo site www.puc-campinas.edu.br

CONCORRÊNCIA: 16,5
cadidatos/vaga


www.puc-campinas.edu.br

Tel. (0xx19) 3343-7000

DEPOIMENTO

O engenheiro ambiental é um agregador

"Sou músico e engenheiro ambientalista. Os cinco anos
de universidade permitiram que eu viabilizasse de forma sustentável um antigo
hobby e me tornasse empresário. Foi assim que criei a Echo Music, empresa que
fabrica guitarras ecológicas com produção totalmente sustentável.

O processo de fabricação é marcado por economia de
energia, uso de madeira certificada, reciclagem de materiais e adoção de
componentes não agressivos ao ambiente.

A base e a formação multidisciplinar que o curso
oferece me deram ferramentas para encontrar uma resina PET que substitui o banho
de níquel das cordas do instrumento.

Tenho um lado empreendedor, mas o curso de engenharia
ambiental me ajudou a desenvolver competências para transformar uma ideia em
negócio. E abriu horizontes para as áreas de reciclagem e sustentabilidade.

O engenheiro ambiental é um agregador: conhece os
processos de todas as áreas da engenharia, às quais adiciona práticas de
preservação ambiental."

EDUARDO DE MEDEIROS,
26, é formado em engenharia ambiental pelo Senac e sócio da Echo Music

Engenharia de alimentos

Com perfil versátil,
profissional pode atuar em várias áreas, de controle de qualidade a pesquisa

VERA FIORI,
COLABORAÇÃO
PARA A
 FOLHA

O primeiro curso de engenharia de alimentos do Brasil
e pioneiro na América Latina (o da Faculdade de Tecnologia de Alimentos da
Unicamp, que mais tarde se tornaria Faculdade de Engenharia de Alimentos) foi
implantado há mais de 40 anos.

De lá para cá, a oferta de cursos nessa área subiu
para 80 (13 em São Paulo). O setor deu um salto e tanto, devendo alcançar neste
ano um faturamento de R$ 400 bilhões, segundo a Associação Brasileira das
Indústrias da Alimentação (Abia).

A indústria é o setor que mais emprega esses
profissionais. Mas, ao contrário de segmentos afetados pela crise econômica
internacional, o cenário para quem opta por esse ramo da engenharia é bastante
promissor.

O consultor Juliano Ballarotti, 32, gerente da Hays,
empresa de recrutamento, afirma que a ascensão e o poder de compra da classe C
impulsionaram a abertura de um nicho de mercado no ramo de alimentos
industrializados.

"As empresas estão se segmentando por classes,
criando assim novas oportunidades de trabalho." Segundo o consultor, com perfil
versátil e formação multidisciplinar o engenheiro de alimentos pode atuar nas
áreas de controle de qualidade, projetos agroindustriais, pesquisa e
desenvolvimento.

Giovana Tommaso, 39, coordenadora do curso de
engenharia de alimentos da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da
USP, lembra que, por sua formação abrangente, o profissional desenvolve
habilidades para criar novos produtos, elaborar processos, atuar em vendas
técnicas, em gerenciamento de pessoas e também nas áreas de qualidade e
segurança alimentar.

"A indústria de alimentos é o principal empregador,
mas há também espaço nas usinas de álcool, centros de pesquisa, fábricas de
aditivos, de ração e em biotecnologia, além de redes de supermercados e
restaurantes."

O estágio obrigatório no quarto ano do curso facilita
a entrada dos universitários no mercado de trabalho.

UNICAMP

VESTIBULAR 2013: INSCRIÇÕES DE 20/8
a 14/9 no site

www.comvest.unicamp.br

CONCORRÊNCIA: 8,7
candidatos/vaga


www.unicamp.br

Tel. (0xx19) 3521-6544

UNESP SÃO JOSE DO RIO PRETO

VESTIBULAR 2013: inscrições
de 17/9 a 11/10 no site

www.vunesp.com.br

Concorrência: 20,4 candidatos/vaga


www.unesp.br

Tel. (0xx17) 3221-2200

FZEA – FACULDADE DE ZOOTECNIA E ENGENHARIA DE
ALIMENTOS USP

VESTIBULAR 2013: INSCRIÇÕES DE 24/8
a 10/9

Concorrência: 5,54 candidatos/vaga


www.usp.br/fzea

Tel. (0xx19) 3565-4215

INSTITUTO DE TECNOLOGIA MAUÁ

VESTIBULAR 2013: inscrições
de 3/9 a 5/11 pelo site


www.mauá.br

PREÇO DA MENSALIDADE (VALORES DE 2012): R$
1.875,18

CONCORRÊNCIA: 4,0
candidatos/vaga


www.maua.br

Tel. 0800.019.3100

CORPORAÇÃO

Oportunidades incluem área comercial

"Quando eu cursava o ensino médio já pensava em
trabalhar na área. Entrei na Nestlé em 2008.

Com a experiência que adquiri, tanto na linha de
frente das fábricas como na área corporativa, posso afirmar que as oportunidades
na carreira são excelentes. O engenheiro de alimentos pode atuar em todos os
elos da cadeia, mas também nas áreas comercial, administrativa e de RH, entre
outras".

LIZA PUJOLÀ BEVILAQUA,
35, é gerente de desenvolvimento de fornecedores da Nestlé Brasil

Engenharia de produção

Profissional dessa área é
considerado curinga e pode atuar até no mercado financeiro

VERA FIORI,
COLABORAÇÃO
PARA A
 FOLHA

Não faz muito tempo, telefone celular era artigo de
luxo. Hoje, substituídos a cada novo lançamento, não apenas celulares como
também laptops e aparelhos de TV ultra modernos estão ao alcance de toda a
população. Mas o que isso tem a ver com engenharia? Tudo, diz o professor
Alexandre Augusto Massote, 56, coordenador do curso de engenharia de produção da
FEI (Fundação Educacional Inaciana). "Mais do que trabalhar na construção de um
produto, a carreira de engenheiro de produção também está ligada ao
desenvolvimento de novas tecnologias e ao acesso do público consumidor a esse
serviço."

Por atuar em diferentes frentes, como recursos
humanos, materiais e financeiros, o engenheiro de produção é considerado um
profissional curinga. Segundo Massote, esse ramo da engenharia não se limita
somente à indústria, abrange também os setores de bens e serviços que buscam a
minimização dos custos, a maximização da produtividade, o cumprimento de prazos
e padrões de qualidade estabelecidos.

"Na indústria, ele fornece os parâmetros para cada
etapa da produção, levando em conta as necessidades do mercado, o emprego de
tecnologia e o custo baixo", afirma Massote.

PROCESSOS

A gestão de meio ambiente é outra área da engenharia
de produção e tem a sustentabilidade como premissa. Pesquisa o uso eficiente de
recursos naturais nos diversos sistemas produtivos. De acordo com o professor da
FEI, como o engenheiro de produção estuda processos exaustivamente, encontra
espaço para atuar também no mercado financeiro (nas áreas de gestão de carteiras
e análise de investimentos), logística, transportes e área hospitalar. No setor
de recrutamento, o profissional é requisitado para gerenciar a seleção de
pessoal, definir funções e planejar escalas de trabalho.

Embora o maior volume de vagas concentre-se nas
regiões Sul e Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste têm requisitado essa mão de obra.

O professor Massote lembra aos futuros candidatos que
é preciso gostar de cálculo e ciências exatas, naturalmente, mas não só, porque
o mercado busca profissionais versáteis, proativos, dinâmicos e com jogo de
cintura para lidar com diferentes demandas.

ESCOLA POLITÉCNICA-USP

VESTIBULAR 2013: INSCRIÇÕES de
24/8 a 10/9, pela internet no site 
www.fuvest.br

CONCORRÊNCIA: superior
a 15 candidatos/vaga


www.poli.usp.br

Tel. (0xx11) 3091-5450

PUC -SP

VESTIBULAR 2013: INSCRIÇÕES de
28/10 a 22/11

MENSALIDADES: R$
1.645,00 (base 2012)

Concorrência: 2,44 candidatos/vaga


www.pucsp.br

Tel. (0xx11) 3124-7200

UFSCAR – UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

VESTIBULAR 2013: INSCRIÇÕES até
15/6 pelo Enem,no site do INEP, www. Inep.gov.br


www.ufscar.br

Tel. (0xx16) 3351-8111

VOCAÇÃO

Dos caminhões à indústria farmacêutica

"Cresci dentro da oficina de caminhões da minha
família, quando tomei gosto por mecânica. Antes da faculdade, fiz dois cursos de
mecânica no Senai. O primeiro emprego, aos 14 anos, foi na indústria
farmacêutica. Aos 18, atuei como ajustador mecânico em uma fábrica. Depois,
montei uma firma de embalagens no prazo de um ano. Hoje, aos 43, acabo de
receber um convite da empresa onde trabalho para estruturar o departamento de
engenharia."

MARCOS VICENTE LION,
43, gerente de projetos de engenharia da Blanver, indústria farmacêutica e
farmoquímica

Engenharia aeroespacial

Engenheiros aeroespaciais
participam da concepção do projeto à construção da aeronave

ELENI
KRONKA,

COLABORAÇÃO PARA A
 FOLHA

"Tudo o que voa, seja avião, foguete, satélite ou
dirigível, exigirá necessariamente a presença de um engenheiro aeroespacial no
processo de fabricação", diz o coordenador do curso de engenharia aeroespacial
da USP São Carlos, Fernando Catalano, 55.

De acordo com o professor, a USP forma cerca de 40
engenheiros na área ao ano, e o ITA, outros 30, além de outras universidades
públicas e privadas do país.

"Mas o número de profissionais, não mais do que uma
centena de recém-formados por ano, não é suficiente para atender à demanda,
pois, além do crescimento da indústria nacional, novas empresas estrangeiras
estão chegando ao país", afirma Catalano.

Para ter ideia da movimentação desse mercado, só a
Helibrás, fabricante brasileira de helicópteros, projeta contratar 400 novos
profissionais neste ano, 150 deles engenheiros aeronáuticos. Há ainda as
empresas de defesa e de produção de energia eólica, que também exigem a presença
desse tipo de profissional.

A atuação do engenheiro aeroespacial está em todas as
etapas, da criação do projeto à construção e manutenção da aeronave.

ESTÁGIO GRINGO

Os universitários brasileiros encontram boas
oportunidades de estágio em empresas no exterior.

A USP São Carlos, por exemplo, há quatro anos mantém
convênio com a europeia EADS, grupo ao qual pertence a Airbus. "Anualmente, são
selecionados seis alunos para uma temporada na Europa. Quatro deles já foram
contratados", diz o coordenador. "O número parece pequeno, mas reflete o quanto
o Brasil cresceu nesse setor."

USP SÃO CARLOS

VESTIBULAR 2013: INSCRIÇÕES DE 24/8
a 10/9 pela Fuvest

www.fuvest.br

CONCORRÊNCIA: 24
candidatos/vaga


www.saocarlos.usp.br

Tel. (0xx16) 3373- 9218

INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA (ITA)

VESTIBULAR 2013: INSCRIÇÕES DE 1/8
a 15/9, pelo site www.ita.br

CONCORRÊNCIA: 61
candidatos/vaga


www.ita.br

Tel. (0xx12) 3947-5813

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS – UFMG

VESTIBULAR 2013: INSCRIÇÕES DE 13/8
a 10/9 pelo site

www.ufmg.br

CONCORRÊNCIA:
15 candidatos/vaga


www.ufmg.br

Tel. (0xx31) 3409-5000

VOO SEGURO

Migração dentro das empresas é comum

"Saí de Curitiba e vim para São Paulo especialmente
para cursar engenharia aeroespacial. Há um ano, fui contratado pela Embraer,
onde atuo na etapa de produção da aeronave, na qual é preciso checar se o
aparelho está apto a fazer o seu primeiro voo.

Vejo que é comum nas companhias um tipo de migração
de profissionais. É certo que sempre haverá desafios, pois trabalhamos em um
setor que está diretamente ligado à segurança."

LUIZ GUILHERME CORREA,
24, é engenheiro de desenvolvimento de produto da Embraer

Engenharia de petróleo

Domínio do inglês é
pré-requisito para atuar no ramo das engenharias que paga os melhores salários

JULIANA
ELIAS,

COLABORAÇÃO PARA A
 FOLHA

A indústria de petróleo no Brasil mudou radicalmente
nos últimos anos. O que, há pouco mais de uma década, era monopólio da Petrobras
e produzia algo em torno de 700 mil barris por dia, é formado hoje por dezenas
de empresas, extrai diariamente 2 milhões de barris e se tornou motor para a
indústria nacional -quadro que ainda mal considera a produção do pré-sal, em
plena atividade somente por volta de 2020.

A perspectiva certa de crescimento somada à baixa
formação de profissionais faz do engenheiro de petróleo um dos profissionais
mais cobiçados e bem pagos do mercado nacional na atualidade.

Segundo pesquisa de salários realizada
trimestralmente pelo site de busca de empregos Catho, um engenheiro de petróleo
sênior recebe atualmente o terceiro maior salário do país, com média de R$
10.237, atrás somente do médico oftalmologista (R$ 10.980) e do piloto de avião
(R$ 10.304).

A atividade compreende tudo o que diz respeito à
extração do petróleo da jazida, no fundo da terra ou do mar, passando pelo
mapeamento dessas áreas, o desenvolvimento dos poços, a perfuração e pelas
primeiras etapas de processamento, em que o óleo deve ser separado do gás e da
água -tudo regado a cálculo e tecnologia.

HOMENS AO MAR

O trabalho pode ser tanto em terra, concentrado mais
na parte estratégica, quanto no mar, diretamente na operação das plataformas.
Nesse caso, são 14 dias seguidos de trabalho embarcado, intercalados por pelo
menos outros 14 de folga e uma série de benefícios -e também de riscos. Paga-se
adicional de insalubridade, seguro de vida e horas extras.

Há, hoje, reservas sendo exploradas em Estados do
Nordeste, como Bahia e Ceará, e até na Amazônia, na bacia do Solimões. Mas
continua sendo no Rio, onde está 80% da produção, no Espírito Santo e em São
Paulo, por onde se estendem as reservas do pré-sal, onde estão as maiores
oportunidades. Além, é claro, de um grande intercâmbio com o exterior. Shell,
Chevron, BP, ExxonMobil e Statoil são algumas das gigantes mundiais que, ao lado
da Petrobras e de outras nacionais, como OGX e Queiroz Galvão, engrossam o time
de empregadores. "Aliás, inglês fluente é preponderante", afirma Osvair Vidal
Trevisan, 60, diretor do Centro de Estudos de Petróleo da Unicamp. "O petróleo é
uma indústria totalmente internacional."

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO/USP

VESTIBULAR 2013- INSCRIÇÕES DE 24/8
a 10/9 via internet

CONCORRÊNCIA: 15,91
candidatos/vaga


www.usp.br

Tel. (0xx11) 3091-5435

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO/UFRJ

VESTIBULAR 2013: INSCRIÇÕES Enem/Sisu,
até 15/6, via internet

CONCORRÊNCIA: 40,1
candidatos/vaga


www.ufrj.br

Tel. (0xx21) 3598-9600

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE/UFF

VESTIBULAR 2013: INSCRIÇÕES Enem/Sisu,
até 15/6, via internet

CONCORRÊNCIA: 22,42

CANDIDATOS/VAGA


www.uff.br

Tel. (0xx21) 2629-5000

EXPERIÊNCIA

Nem existia especialização em petróleo

"Sou formado em engenharia civil e estou na
Petrobras há 30 anos. Quando peguei meu diploma, engenharia estava em baixa, o
país estava em recessão. Nem existia a especialização em petróleo. Hoje, é uma
carreira com muitas frentes de atuação. E, como essa indústria cresceu muito
rápido, não houve tempo de formar profissionais suficientes. Com isso, quem
entrar agora no mercado encontrará um quadro de alta empregabilidade e salários
atraentes."

MARCELO CURZIO SALOMÃO,
53, engenheiro civil e consultor da Petrobras

Carreiras em alta



Profissões ligadas à saúde, ao ambiente e à tecnologia lideram

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA


Junte o envelhecimento da população, a crescente preocupação com o impacto
ambiental das atividades produtivas e a importância cada vez maior da inovação
no mundo dos negócios. Dada a combinação, não é de estranhar que as áreas de
saúde, meio ambiente e tecnologia sejam destaque entre as carreiras com melhores
perspectivas para a próxima década.


Pesquisa realizada pela FIA (Fundação Instituto de Administração) com 112
empresas do país revela que profissionais das áreas de biotecnologia, farmácia,
bioquímica, engenharia, meio ambiente e informática têm futuro especialmente
promissor. Em alta está também a geologia, embalada pelo pré-sal e projetos de
mineração.


Integram ainda a lista da FIA carreiras como relações internacionais, turismo,
administração de empresas e planejamento da aposentadoria. (CARIN PETTI)

ECOLOGIA

Profissionais especializados em questões ambientais
devem conquistar cada vez mais espaço no mercado. É o caso dos engenheiros
ambientais (leia mais na página 6). Mas não só. Uma nova safra de profissionais
começa a despontar: os ecólogos.

Formados pelos nove cursos universitários de ecologia
espalhados pelo Brasil, são especializados em diagnóstico, monitoramento,
recuperação e manejo ambiental.

A oferta de emprego parte tanto de órgãos públicos,
como, por exemplo, Ibama e Cetesb, como também de ONGs e empresas privadas. No
último filão, o destaque são consultorias especializadas em estudos de
planejamento ou impacto ambiental. O salário inicial varia de R$ 1.800 a R$
2.500, de acordo com a Associação Brasileira de Ecólogos.

"Existe grande demanda por parte de empresas que
contratam os serviços para se adequar à legislação ambiental", diz o coordenador
do curso de ecologia da Unesp, Flavio Schlittler, 60.

GEOLOGIA

Quero trabalhar em plataformas de petróleo

"Meus colegas não têm dificuldade para arrumar
emprego. Com o mercado aquecido, a maioria consegue um salário inicial entre R$
5 mil e R$ 10 mil logo depois de formado.

Eu, quando terminar a faculdade, pretendo prestar
concurso para a Petrobras. Sonho em ficar baseado em uma plataforma de petróleo.
Por enquanto, trabalho num projeto encomendado pela estatal à Unesp.

Com uma bolsa de iniciação científica, participo do
mapeamento geotécnico de um gasoduto que vai de Paulínia, em São Paulo, até
Brasília. O resultado dos estudos vai permitir a adoção de medidas para evitar
danos às instalações do duto no caso, por exemplo, de inundações."

DANILO AMENDOLA, 23, estudante de geologia na Unesp
Rio Claro

GEOLOGIA

O Brasil tem cerca de 12 mil geólogos no mercado. "O
número é pequeno para dar conta da demanda", afirma Nivaldo Bósio, 72,
presidente da Federação Brasileira de Geólogos.

Três grandes fatores colaboram para o aquecimento do
mercado.

O primeiro deles é a descoberta do petróleo no
pré-sal -esses profissionais são essenciais na localização e exploração das
reservas. Outra grande demanda vem das obras do PAC, como hidrelétricas e
serviços saneamento básico, com a contratação de geólogos para avaliação do
terreno e estudos de impacto ambiental.

Por fim, as crescentes atividades de mineração,
aliada à exigência de extração de minério com menor agressão ao meio ambiente,
são responsáveis por parte significativa das contratações.

Nesse cenário, falta de emprego não é problema. "Eles
já saem da faculdade endereçados ao mercado", diz Bósio. "Muitos podem até
escolher onde trabalhar, situação que não ocorria há duas décadas."

Segundo Bósio, o salário médio dos recém-formados
fica em torno de R$ 6,5 mil -valor que sobe para algo entre R$ 10 mil e R$ 12
mil depois de cinco anos de experiência.

BIOTECNOLOGIA

Combustíveis renováveis são área fértil

"Em meu projeto de conclusão de curso, seleciono em
laboratório leveduras utilizadas na fermentação da cana-de-açúcar para produção
de álcool. O objetivo é encontrar maneiras de aumentar o volume produzido. Essa
área me atrai bastante e há boas perspectivas de mercado -a procura por
combustíveis renováveis está crescendo muito.

Sei que existem também boas perspectivas de trabalho
em outros setores, como a indústria farmacêutica e de alimentos."

VANESSA MUNHOZ, 24, estudante de biotecnologia da
Universidade Federal

de São Carlos

Farmácia e biotecnologia

"O mercado biotecnológico está crescendo e ainda é
grande a carência de profissionais especializados", afirma Flávio Henrique
Silva, 47, professor da Universidade Federal de São Carlos. Na avaliação do
professor, parte da demanda vem da expansão das atividades de pesquisas de
multinacionais instaladas no país.

É o caso da gigante global do agronegócio Monsanto.
Nos últimos dez anos, a companhia quadriplicou de 15 para 60 o quadro brasileiro
de cientistas com formação em biotecnologia, segundo a gerente de RH da empresa,
Karen Monteiro, 33.

"O aprimoramento genético animal e vegetal é um dos
campos mais promissores para biotecnólogos brasileiros", diz o professor Silva.

Fora do agronegócio, biotecnólogos também manejam
microorganismos, células e moléculas para o desenvolvimento de produtos e
processos para indústria alimentícia e de cosméticos. Serviços de recuperação
ambiental compõem outro campo de trabalho.

Outra parte dos biotecnólogos tem emprego no
desenvolvimento de medicamentos e vacinas para a indústria farmacêutica. Na
avaliação do coordenador do curso de farmácia da Unicamp, Carlos Roque, 58, "a
expectativa de vida está crescendo, e idosos consomem muito medicamento." Ele
ressalta que o segmento dos genéricos é especialmente forte.

× clique aqui e fale conosco pelo whatsapp