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ENTREVISTA DRAFT
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http://projetodraft.com/o-jornalismo-esta-vivissimo-quem-esta-em-apuros-sao-as-grandes-empresas-jornalisticas/
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7 de setembro de 2015

<B>“O jornalismo está vivíssimo. Quem está em apuros são as grandes empresas
jornalísticas”</b>: 

Adriano Silva


Paulo Nogueira é
jornalista formado pela faculdade Cásper Líbero, em São Paulo. É filho de Emir
Nogueira, também jornalista, que fez carreira na Folha de S. Paulo. E é pai de
Emir Nogueira, que hoje cuida da área comercial do 
Diário
do Centro do Mundo – DCM
.
Além de Emir, 32, Paulo é pai de Pedro, 27, Camila, 18 – e de Fernando, nascido
em 2014.


Paulo começou a carreira
em 1980 como repórter de economia da revista Veja, da Editora Abril. Cuidou
depois da seção de livros da revista. Em 1985, foi promovido a editor da Veja
São Paulo, a Vejinha.


Em 1989, Paulo se
transferiu para a revista Exame, onde foi editor executivo e, depois, diretor de
redação, formando uma dupla afinada com José Roberto Guzzo, um histórico diretor
de redação de Veja, e na época diretor superintendente da unidade de negócios
Exame, onde figuravam também a INFO, a VIP e a Você S.A. – revista lançada pela
dupla em 1998. Paulo comandou a Exame, e supervisionou editorialmente os demais
títulos da unidade, até o final de 1999, quando foi designado diretor editorial
das revistas masculinas da Abril.


Mal assumiu o novo
cargo, extraiu um câncer no rim, aos 44 anos. Na volta ao trabalho, meio ano
depois, Paulo liderou a reforma editorial e gráfica de títulos como Playboy,
Quatro Rodas, Placar e Superinteressante (cuja redação Paulo me convidou a
dirigir. Trabalhamos seis anos juntos na Abril). De 2003 a 2005, Paulo atuou
como diretor superintendente de uma unidade de negócios da editora.


Nesse período, como
publisher, com responsabilidade direta pelo resultado dos negócios sob sua
gestão, e operando turnarounds editoriais – e de negócios – em várias
publicações, Paulo se consolidou como um executivo criativo, agressivo, sem medo
do novo nem do risco. Umright
brainer
 clássico, por
vezes mercurial, admirado (e seguido) por muitos e temido (e criticado) por
outros tantos.


Tendo batido no teto que
a Abril oferecia a seu estilo de pensar, de fazer e de se relacionar, e sem
perspectivas de crescimento, Paulo deixou a empresa, em 2006, para assumir a
direção editorial da Editora Globo. Ficou nessa posição dois anos – tempo em que
comandou a reforma editorial da revista Época e lançou as revistas Época
Negócios e Época São Paulo.


Em 2008, foi destituído
do cargo, após divergências internas, e assumiu como correspondente de Época em
Londres, entre 2009 e 2010. Nesse momento, surgiu o Diário do Centro do Mundo,
como um blog. Paulo atuaria ainda como correspondente da Abril, em Londres, de
2010 a 2012.


A partir daí, Paulo
assumiu o DCM como uma startup. O blog, que ele tocava como colunista, virou um
site independente, tocado como negócio próprio, e que hoje conta com 4 milhões
de usuários únicos por mês.



O jornalismo está morrendo? Qual é o futuro do jornalismo como atividade, como
área de conhecimento?


O jornalismo está
vivíssimo. Quem está em sérios apuros são as grandes companhias jornalísticas. A
Era Digital é um obstáculo virtualmente intransponível para elas.


Todo o conhecimento que
elas acumularam nas mídias tradicionais não vale nada no jornalismo digital. E
pode esquecer o dinheiro copioso que elas ganhavam na publicidade convencional.
O jogo é outro.


Está acontecendo o que
houve, há pouco mais de 100 anos, nas ruas: as carruagens iam muito bem até
chegarem os carros. Não sobrou, com o tempo, nenhum fabricante de carruagem para
contar história.



Como você vê o futuro da profissão de jornalista?


Vejo o futuro do
jornalista com muito otimismo. As oportunidades vão se transferir das mídias
tradicionais para o jornalismo digital.


Morre um mundo e nasce
outro. À medida que as empresas de mídia digital se consolidarem, o que é
inevitável, os salários e as oportunidades de trabalho para jornalistas na
internet subirão de patamar.


Há um aspecto positivo,
nesta disrupção, que deve ser citado. Nos últimos anos, desde que o Lula subiu,
ficou claro que não há espaço nas grandes corporações senão para o pensamento
dos donos. Repare que os colunistas de esquerda, ou progressistas, foram
desaparecendo, ao passo que os conservadores se multiplicaram.



Você é a favor da obrigatoriedade do diploma para jornalistas?


Sou contra a exigência
de diploma. É uma obsolescência. É uma burocracia que absolutamente não combina
com a flexibilidade e o dinamismo na Era Digital.



Existe jornalismo engajado? O engajamento não transforma necessariamente a
atividade jornalística em panfletarismo, em proselitismo político?


Não há problema nenhum
num jornalismo engajado em causas. Por exemplo: o DCM é engajado na causa
“escandinava”, na busca de uma sociedade menos abjetamente iníqua como esta
nossa.


Este engajamento é
saudável. Não digo o mesmo do engajamento partidário.


Um bom veículo tem que
ser apartidário, ou vira panfleto.



O Diário do Centro do Mundo critica veículos como a Veja por praticar um
jornalismo de tese, comprometido com um dos lados do debate. O DCM não faz
exatamente a mesma coisa – só que do lado oposto?


As críticas do DCM à
Veja se devem muito mais à desonestidade e à canalhice do que a qualquer outra
coisa.


Tenho o maior respeito
por algumas publicações engajadas com causas conservadoras, como a inglesa The
Economist.


Mas o que a Veja faz é
outra coisa: mente, distorce, trapaceia. Não é jornalismo conservador. É
gangsterismo editorial.


Não fosse a legislação
complacente brasileira sobre crimes de imprensa, a Veja já tinha quebrado faz
tempo, tantas as barbaridades não provadas que publica sem nenhum cuidado.



Você trabalhou 10 anos na Veja, nos anos 80. Não era assim já naquela época? O
que houve com a Veja?


Não. A Veja era
completamente diferente. A Veja, da fundação até o início dos anos 90, tinha
diretores de redação brilhantes, que serviam de contraponto ao dono, Roberto
Civita.


Estou falando do Mino
Carta, primeiro, e, depois, do José Roberto Guzzo e do Elio Gaspari.


Com eles, a Veja foi a
escola de jornalismo mais admirada do Brasil.


A queda do Collor fez
mal, em minha opinião, ao Roberto (Civita). Ele começou a se achar editor e a se
comportar como tal sem ter competência para isso.


Neste processo de
auto-agigantamento, ele se cercou de diretores bem abaixo dos que fizeram a Veja
ser o que era, como o Tales Alvarenga e o Eurípedes Alcântara, e deu à revista
as suas feições.


A cultura editorial que
vigorou do Mino ao Guzzo e Elio acabaria destruída. Jamais a Veja publicaria uma
capa, como fez, em que 
falava
de contas no exterior do Lula
 com
base em documentos cuja veracidade ela admitiu no texto não ter conseguido
provar.


O caso
Romário
 é
filho dessa destruição de cultura editorial.


O problema se acentuou
com a chegada do PT ao poder. Aí virou um vale tudo em que o jornalismo, em si,
foi abandonado no esforço de derrubar o Lula, primeiro, e depois a Dilma.

Categorias: Jornalismo

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