Revista Isto é,
CINEMA,
| N° Edição: 2264 | 05.Abr.13 – 21:00 | Atualizado em 08.Abr.13 – 17:52
O Márcio Gracia de lá e daqui
O cineasta
brasileiro é um diretor a mais no mercado dos EUA, mas filmar em Los Angeles e
exibir no Brasil o seu trabalho tem uma grande vantagem: o status hollywoodiano
que o público leva a sério
Antonio
Carlos Prado e Mariana Brugger
O brasileiro Márcio
Garcia é cineasta. Nada mais coerente, então, por estratégia ou acaso, que ele
carregue em sua vida artística um efeito especial – fazer filme nos EUA. Embora
lá ele seja apenas um jovem diretor a mais no mercado independente, isso deu-lhe
fama no Brasil: aqui, Garcia é considerado um bem-sucedido profissional que
conquistou Hollywood. Sua história teve também reviravoltas, pendulando entre o
herói e o anti-herói, como se fosse ele próprio o personagem de um enredo. Fez
sucesso na Rede Globo como ator, bandeou-se para a Rede Record porque queria
arriscar a trilha de apresentador, mas retornou à Globo com a promessa de ganhar
um programa somente seu. O sonho ficou no papel, nunca se concretizou, e foi aí
que ele partiu para os EUA. Acertou. Agora, com o status de internacional, o
cineasta lança aqui o seu segundo filme estrangeiro – e isso dá certo tom.
Chama-se “Angie”, entra em cartaz na sexta-feira 12 e tem no elenco nomes de
peso, como Camilla Belle, Andy Garcia, Juliette Lewis e as consagradas atrizes
brasileiras Christiane Torloni e Carol Castro. “Angie” se passa em seis cidades
dos EUA e em Vitória (ES). Detalhe: custou US$ 3 milhões, valor irrisório nos
parâmetros do cinema americano, mas bem considerável no País.
DICAS
Andy
Garcia quis saber tudo que o diretor fazia e deu palpites na área técnica
Valer-se da grife de
cineasta que faz filme nos EUA não desmerece em nada o trabalho de Márcio Garcia
– muito pelo contrário, não é nada fácil disputar na base do cotovelo um lugar
entre os independentes. Há de se ter talento. Por outro lado, é claro que essa
mesma grife sempre causa certo burburinho – afinal, para quem vinha se exibindo
somente em pequenas participações na televisão brasileira, emplacar um filme
hollywoodiano dá para si próprio e para os outros a sensação de vitória. O
passaporte de Garcia para os estúdios de Los Angeles foi o curta-metragem
“Predileção”, dirigido por ele em 2009, que trata de um mirabolante assalto a
banco. Ganhou prêmios e, com a ajuda do produtor israelense Uri Singer, o
diretor pisou o mercado internacional. “É ele quem tem todos os contatos nos
EUA”, diz Garcia. “A dificuldade de captar recursos no Brasil me faz continuar
filmando no Exterior.” O Garcia diretor agradece, no novo filme, ao Garcia ator
os conselhos recebidos: “Ele participou de tudo”. “Angie” desembarca em 100
salas e, se fizer sucesso, o público brasileiro dirá que o Márcio Garcia daqui
“chegou lá”. Mas o “chegar lá”, nos EUA, bem sabe o próprio cineasta, é um duro
enredo.
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