O Estado de São Paulo, Sábado, 27 de Junho de 2009 | Versão
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Os 50 anos do traço de Mauricio
Criador da Turma da Mônica será homenageado por uma série de eventos
Ubiratan Brasil
Mauricio de Sousa é capaz de
dar a volta pelo mundo em poucos minutos – pelo telefone, acerta um contrato com
a China; via e-mail, responde a uma consulta de empresários americanos; sob sua
mesa, no estúdio que mantém na Lapa, estão revistas publicadas na Indonésia com
seus personagens. O criador da Turma da Mônica mantém uma rotina espartana para
manter a qualidade de um produto que vai completar 50 anos no dia 18 de julho –
foi nessa data, em 1959, que saiu publicada a primeira tirinha, com Bidu e um
menino que, com o tempo, se transformou no Franjinha.
"Foi uma longa jornada, na qual
aprendi muita coisa sozinho", conta Mauricio, hoje no comando de uma empresa que
lidera 80% do mercado de quadrinhos no Brasil, além exportar para 126 países não
apenas revistas, mas produtos como livros, material escolar, brinquedos e também
desenhos para cinema, televisão e até celular.
Os 50 anos serão comemorados ao
longo de um ano, a partir de 18 de julho, com eventos diversos (veja nesta
página). Um dos mais originais será a publicação do livro MSP 50, que significa
Mauricio de Sousa Por 50 Artistas Brasileiros, um trocadilho com a sigla da
empresa, Mauricio de Sousa Produções. "Convidei 50 artistas para cada um recriar
seu personagem preferido de acordo com o traço próprio", conta Sidney Gusman,
organizador do volume, que contará com desenhos de Ziraldo, Laerte, Renato
Guedes, Gabriel Bá e Fábio Moon, entre outros. "Quase todos confessaram ter
aprendido com o Mauricio."
De fato, aos 73 anos e pai de
dez filhos, Mauricio de Sousa busca informações no seu dia a dia. "Quando
comecei, jovem ainda, a única experiência que realmente dominava era a minha
relação com um cãozinho, daí o Bidu ter sido o primeiro personagem. Em seguida,
ao observar o comportamento das minhas filhas, consegui me sentir seguro para
criar a Mônica, a Magali. E hoje ainda observo os pequenos e suas relações com a
tecnologia para ficar sempre atualizado."
Foi a partir de tal observação
que Mauricio vislumbrou o passo seguinte à Turma da Mônica, ou seja, iniciar uma
coleção com os personagens já adolescentes. Mais: notou a voracidade com que os
jovens brasileiros devoravam quadrinhos em mangá e decidiu criar a Turma da
Mônica Jovem que, agora em seu décimo número, tem uma tiragem média de 200 mil
exemplares.
É pela editora Panini que
Mauricio desdobra seus projetos, que incluem livros e coleções. Antes, ele
passou pela Editora Abril, onde começou a publicar em 1970, e Globo (1988).
"Foram grandes parceiros, mas, em um determinado momento, senti falta de mais
fôlego nos investimentos."
Ele, de fato, é insaciável.
Depois de uma frustrada negociação com a TV Globo nos anos 1990, Mauricio
pretende retomar a produção de desenhos para telas pequena e grande. Na
televisão, ele negocia com o canal Discovery um programa com bonecos, semelhante
ao Vila Sésamo. No cinema, o esquema envolve parceria com produtoras de diversos
países, cada uma cuidando de um personagem. "Assim, teremos vários filmes em um
mesmo tempo." E os quadrinhos continuam na pauta: já há um projeto de histórias
do Penadinho com o traço tridimensional.
"Quero agora investir em
educação", conta Mauricio, que já acertou com a China conteúdos sobre a história
do Brasil. "Eles se interessaram, por exemplo, sobre o descobrimento do nosso
País. Quero fazer isso também aqui."
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