Folha de São Paulo, Empregos, domingo, 24 de setembro de 2006

Sua Carreira / pesquisa de opinião e marketing

Mercado abre as portas para a área

Demanda crescente atrai
profissionais com formações diversas -de estatística a psicologia

LUISA PAIVA

Chega a época de eleições e as
pesquisas invadem o noticiário. O que muitos deixam de notar é que, por trás
desses números, existe uma carreira de pouca evidência e em plena ascensão: a
de pesquisador de campo.

A atividade é multifuncional. Envolve desde os que completaram
o ensino médio até profissionais com diversas formações -entre as mais comuns
estão marketing, economia, administração, comunicação, psicologia, sociologia e
estatística.

Segundo dados da SBPM (Sociedade
Brasileira de Pesquisa de Mercado), somente o aquecimento do mercado de
pesquisa de opinião nos meses pré-eleitorais gerou cerca de 10 mil contratações
em todo país.

A maior parte da demanda, contudo, vem dos estudos voltados
para o consumidor. “A alta concorrência entre as
empresas valoriza a carreira. Comprar informações é uma
forma de garantir o sucesso do marketing e de novos produtos,afirma Rogério Cajado, vice-presidente da Abep (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa) e diretor do Ibope. “O segmento fatura R$ 870 milhões e cresce 4% ao ano.

Há dois grandes focos de atuação: os institutos de pesquisa e
as próprias empresas. “O melhor da profissão é o caráter estratégico. A
cada trabalho, aprende-se mais e não existe rotina”, conta Camila Aya Shiguematsu, 27, gerente de projetos da TNS Interscience.

Formada em marketing pela ESPM, ela está nesse campo desde 2002. Estreou como analista-estagiária na ACNielsen. “Muitas pessoas caem de pára-quedas na área, mas não resistem. O trabalho é puxado e a carga horária é grande. Tem de gostar da profissão”, pondera.

O Brasil tem, hoje, cerca de 2.000 empresas de pesquisa, mas a
atividade ainda é sazonal. “O aquecimento ocorre em períodos de
investimentos industrial e publicitário e de grandes eventos, como eleições.
Por isso as equipes fixas são pequenas e há muitos autônomos”, descreve
Rogério Cajado.

Formação

Não há um diploma de graduação para pesquisador, mas, há dois
anos, a USP abriu uma graduação de marketing com especialização em pesquisa.

“O bom profissional deve dominar marketing, psicologia,
técnicas de estatística e informática”, diz o coordenador do curso, José
Afonso Mazzon.

No mercado há 12 anos, Noeli Pereira, 41, tem graduação em estatística na Unesp e MBA em marketing de serviços na USP. Apesar de toda a experiência e formação, a pesquisadora está desempregada há um mês. “Estava
em uma empresa inglesa que segue as normas internacionais. [Nessa companhia,]
eles acreditam que não precisam de estatísticos, pois o profissional de
marketing deve ter esse conhecimento. Só que isso não se aplica aqui”,
ressalta.

NA PRANCHETA

Cargos para segundo grau

Funções: entrevistador, supervisor de campo e codificador (passa os
dados para o computador)

A maioria é terceirizada ou free-lancer. A carga horária é de oito horas. O salário
(fixo e comissão) varia de R$ 400 a R$ 800 por trabalho

Graduados

Funções: analista e gerente de
atendimento e de planejamento

Contratados ou autônomos, trabalham
até dez horas por dia. O salário de analista varia de R$ 1.800 a R$ 6.000; o de
gerente, de R$ 6.000 a R$ 10 mil; o de diretor chega a R$ 20 mil

Áreas de atuação

Os empregadores são, principalmente,
os institutos de pesquisa e as grandes empresas. Os profissionais da área também
são eventualmente contratados para realizar trabalho em órgãos públicos e em
entidades ligadas ao terceiro setor

Perfil

Curiosidade, interesse e envolvimento
são características importantes de um pesquisador. Deve englobar conhecimento
em mercado, informática, estatística e comunicação


Fonte: profissionais da área

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