O Estado de São Paulo, Economia, 08 de abril de 2012 | 3h 10
Profissões verdes terão 25 milhões de vagas
Marca deverá ser alcançada até 2030, mas já há oportunidades nas mais variadas
áreas.
Márcia Rodrigues – O Estado de S.Paulo
Gostar do meio ambiente e ser engajado na preservação
das florestas e do clima são fortes ferramentas para garantir uma vaga na
economia verde, que atualmente emprega 2.970 milhões de pessoas e deve abrir 25
milhões postos de trabalho até 2030, segundo estimativa da Organização
Internacional do Trabalho (OIT), que antecipou um estudo sobre o setor ao
Estado.
"O mercado é bastante promissor, vem se fortalecendo
e abrindo outros nichos de atuação. Tenho uma equipe multidisciplinar que conta
com economista, biólogo, engenheiro, jornalista, entre outros", diz a
diretora-executiva do Fundo Vale, Mirela Sandrini.
Criado em 2009 pela Vale, o Fundo Vale é uma
instituição sem fins lucrativos que apoia programas que buscam soluções para
combater o desmatamento e a degradação florestal em países em desenvolvimento.
"As universidades e escolas estão investindo muito na carreira executiva e estão
esquecendo de formar profissionais de base e empreendedores para atuar na área.
Principalmente no manejo, as empresas operam no limite da capacidade. Só neste
segmento devem ser abertas 10 mil vagas até 2020", diz Mirela.
A executiva acredita que as áreas mais promissoras
atualmente são: operação de manejo florestal, biotecnologia, tecnologia e
sustentabilidade.
Segundo a assistente de orientação e informação
profissional do Centro de Integração Empresa Escola (CIEE), Giovana Cecília de
Souza, um estudo feito no ano passado apontou que foram abertas duas mil vagas
de estágios na área ambiental em 2011. "E a previsão é de que neste ano as
oportunidades aumentem ainda mais", comenta.
De acordo com o coordenador de empregos verdes da
OIT, Paulo Muçouçah, há oportunidade para todas as áreas. "As profissões verdes
não são novas. Todas as áreas que têm alguma ligação com o impacto ambiental são
consideradas verdes", conta.
Ele cita alguns dos segmentos em potencial:
saneamento, produção de energia renovável, que envolve cultivo de cana de açúcar
e hidroelétricas, gestão de resíduos urbanos ou industriais, transporte e
logística – por conta da atuação de profissionais com foco em soluções para
reduzir o consumo de combustível e no desenvolvimento de produção sustentável e
ecodesign.
A diversidade de atuação na área é grande. A
publicitária Ana Paula Juliato, de 29 anos, participou da criação da marca
Recicla Kids, com cinco personagens que têm o objetivo de ensinar às crianças a
importância da reciclagem na preservação do meio ambiente. "Fala-se muito que a
preservação do meio ambiente está nas mãos das crianças, mas nunca mostramos
para elas o que está acontecendo e o que podem fazer para contribuir", diz.
Segundo Ana Paula, hoje gerente de marketing e
produtos da marca Recicla Kids, a melhor forma de falar com este público é
investir em produtos ligados a computador e tevê. "Por isso criamos um site com
jogos e aplicativos para smart TV. E estamos negociando com canais de tevê
aberta e fechada para criarmos um desenho com a turma."
A economista Inessa Salomão, de 35 anos, trabalha há
quatro anos em projetos voltados ao meio ambiente. E desde dezembro último
integra o grupo de Mirela no Fundo Vale. "Fiz doutorado na área e sempre
trabalhei no desenvolvimento de projetos. O mercado brasileiro é bastante
promissor e necessita de profissionais em todas as regiões. Quem entrar vai se
dar bem."
A opinião de Inessa é compartilhada pela advogada
ambiental do escritório do Barbosa, Mussnich & Aragão Advogados (BM&A) Miriam
Mazza Kopke Quadros. "Comecei a atuar nesta área no meu estágio e não abandonei
mais. As empresas estão percebendo a necessidade de se adequar ao código
florestal, principalmente com a entrada de investimentos estrangeiros. Quem está
se formando em direito deve olhar com mais atenção para o ramo ambiental."
A professora e bióloga especialista em gestão de
sistemas florestais Nadja Soares de Moraes, de 46 anos, acredita no potencial do
mercado de trabalho, principalmente no setor privado. "Atuo há 15 anos na área.
No começo da minha carreira não se ouvia falar em sustentabilidade. Hoje, a
maioria das empresas necessita de certificação para a sua atividade e busca
profissionais especializados no assunto."
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