Nova pagina 13

Revista Isto É, Edição
2087 – 11 NOV/2009



Próxima Geração 2



Prontos para o mercado


As
faculdades de tecnologia se consolidam como uma boa alternativa e quem reconhece
isso é o mercado de trabalho

Joice Tavares

Quando perguntamos a
um estudante que carreira pretende seguir, nos habituamos a ouvir medicina,
direito ou publicidade, cursos que sempre estão entre os mais concorridos nas
grandes universidades brasileiras. Atualmente, porém, devemos estar preparados
para respostas mais inusitadas, como automação industrial, gestão financeira ou
jogos digitais. Esses são apenas alguns dos 47 cursos de graduação que as
Faculdades de Tecnologia (Fatecs) do Estado de São Paulo oferecem hoje. Voltadas
para uma formação mais específica, um tipo de especialização dentro de áreas
mais populares, elas contam atualmente com 47 unidades – e mais outras duas que
passarão a funcionar no início do próximo ano – e 35.314 alunos inscritos.


PARCERIA


Empresas e especialistas ajudam a formular o currículo dos cursos

"A principal diferença
que notamos em um curso tecnológico é que ele é bem focado em um determinado
ramo dentro de uma área maior, formando um profissional pronto para exigências
específicas do mercado", explica Angelo Cortelazzo, coordenador de Ensino
Tecnológico do Centro Paula Souza, instituição que administra as Fatecs
estaduais. "Consequentemente, por ter esse direcionamento e não generalizar
conteúdos, ele é mais rápido, podendo ser concluído em três anos." Outro ponto
importante é o fato de que esse tipo de profissionalização tem como objetivo
atender diretamente o mercado local.

A grande meta de uma
faculdade de tecnologia é garantir formação profissional em sintonia com as
características produtiva e comercial da região onde foi implantada. Ou seja,
preparar mão de obra extremamente capacitada para movimentar a economia local.
Isso estimula o desenvolvimento sustentável das cidades, aumenta a
aplicabilidade de conhecimentos que aperfeiçoam os produtos e serviços e ainda
favorece a atração de investimento para o Estado.

Hoje, quando uma nova
Fatec é criada, os responsáveis pela instituição primeiramente estudam qual a
vocação econômica do lugar que irá recebê-la. Feito isso, eles se reúnem com
representantes da prefeitura e dos setores comercial e industrial para que,
juntos, consigam determinar quais são as prioridades locais. É assim que
desenvolvem melhor o perfil da unidade e selecionam os cursos mais adequados
para formar os profissionais que atenderão aquele segmento. "Em alguns casos, as
empresas auxiliam na formulação da matriz curricular dos cursos", completa
Cortelazzo.

Como é o próprio setor
produtivo que participa da definição do tipo de formação oferecido pela Fatec,
as empresas têm interesse em trabalhar com os alunos desde muito cedo. Por isso,
é comum que esses estudantes comecem a estagiar logo no primeiro ano de
faculdade. Isso significa que eles têm a chance de complementar a parte teórica
do curso atuando diretamente na área que escolheram e a garantia de uma formação
ainda mais completa.


DIRECIONAMENTO 


Quando uma Fatec é criada, a vocação econômica do lugar que irá recebê-la é
estudada

Assim como acontece
nos cursos de licenciatura ou bacharelado, quem conclui uma faculdade
tecnológica também recebe o diploma de graduação em nível superior. Isso
proporciona ao estudante a possibilidade de continuar os estudos em programas de
extensão, especialização, mestrado e doutorado. A grande diferença, no entanto,
é que o tecnólogo recém-formado ainda tem a vantagem de sair da faculdade
preparado para ter início imediato no mercado. "As coisas se invertem. Em vez de
o aluno sair procurando um emprego, normalmente são as empresas que vêm até a
faculdade para pedir profissionais", diz Cortelazzo.

A escolha por um curso
superior com esse perfil pressupõe que o estudante tenha uma ideia sólida sobre
a área na qual pretende atuar. Por isso, quanto mais o candidato conhece a
formação, menores são as chances de errar a opção.



"Normalmente as empresas vêm até a faculdade para pedir profissionais"



Angelo Cortelazzo, coordenador de Ensino Tecnológico das Fatecs

Porém, ainda existe
certa resistência, por parte de algumas empresas, em contratar tecnólogos. Para
Cortelazzo, esse tipo de preconceito só existe por falta de informação sobre o
que esses profissionais podem oferecer. "Enquanto no Exterior os cursos
tecnológicos representam cerca de 30% a 40% das matrículas na graduação, no
Brasil essa proporção ainda é de aproximadamente 2%", diz ele. Atualmente,
existem poucos tecnólogos em atuação. Mas, à medida que as faculdades ficam mais
conhecidas, elas passam a ter um contingente maior. O importante é que as
pessoas tenham consciência de que essas carreiras são viáveis e possibilitam
ascensão profissional e social.


1 comentário

Os comentários estão fechados.

× clique aqui e fale conosco pelo whatsapp