Portal G1,   https://g1.globo.com/educacao/guia-de-carreiras/noticia/psicologo-so-trabalha-em-clinica-e-dificil-abrir-consultorio-saiba-o-que-e-fato-na-carreira.ghtml, 02/10/2017

Psicólogo só trabalha em clínica? É difícil abrir consultório? Saiba o que é fato na carreira

 Áreas de atuação são mais amplas do que o senso comum afirma.

Por Luiza Tenente, G1

A carreira de psicologia é centrada no interesse pelo comportamento do ser humano e por suas ações. Para explorar essa questão, há múltiplos campos de atuação – embora o senso comum costume associar a profissão somente à parte clínica. É possível trabalhar em escolas, hospitais, empresas, universidades e times esportivos, por exemplo.

 Abaixo, o G1 buscou respostas para os principais mitos da profissão:

  •   Quem faz psicologia precisa saber ouvir os outros?
  •   É preciso ter muitos anos de experiência para abrir consultório?
  •   Existem muitos campos de atuação diferentes?
  •   Dá para escolher a área do estágio na faculdade?
  •   Precisa gostar de biologia para se dar bem no curso?

 Para responder às questões, o G1 ouviu os seguintes professores:

  •   Delba Barros, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG);
  •   Maracy Alves, da PUC-Rio;
  •   Erich Franco, do Mackenzie (SP).

 Quem faz psicologia precisa saber ouvir os outros?

 Sim. A professora Delba Barros, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), afirma que o estudante de psicologia necessita ter prazer, interesse e curiosidade em relação ao ser humano, ao seu comportamento, às suas reações e às suas ações. “Quem quer seguir a carreira de psicologia não pode querer só ouvir coisas agradáveis. Vai lidar com sentimento de toda ordem, como crianças vítimas de abuso sexual. Não vamos estudar o que está perfeito, e sim o que possui algum problema”, diz.

 Maracy Alves, professora da PUC-Rio e da Universidade Católica de Petrópolis (UCP), complementa que é importante, além de saber ouvir, ter a capacidade de se colocar no lugar do outro para compreendê-lo. “O profissional tem de ter a consciência de que vai orientar e tratar de forma geral as competências em outra pessoa. O autoconhecimento também é relevante para isso”, diz.

 É preciso ter muitos anos de experiência para conseguir abrir o próprio consultório?

 Delba afirma que o salário no início da carreira do psicólogo não costuma ser suficiente para arcar com as despesas de um consultório. Além disso, é recomendado ao profissional que faça cursos de atualização e pague um supervisor. “Não há uma lei que estabeleça isso, mas a atuação clínica exige que o psicólogo se cuide com psicoterapia”, explica a professora.

 Outro obstáculo para se abrir um consultório em início de carreira é reunir uma base de pacientes. “É bastante difícil. O profissional precisa ter uma boa rede de relacionamentos para ser indicado por outros colegas. E os convênios médicos costumam exigir um tempo mínimo após a conclusão do curso”, diz.

 Existem muitos campos de atuação diferentes para quem se forma em psicologia?

 Sim, a formação em psicologia permite que o profissional trabalhe em diferentes frentes. “As universidades não devem formar o aluno só para uma habilidade, como psicologia escolar ou de gestão. Precisamos formar uma pessoa que tenha capacidade de atuar no mercado de trabalho com o tema em que tiverem mais vocação”, afirma Maracy. Depois da conclusão do ensino superior, é possível fazer especializações em um determinado campo.

 A professora Delba lista algumas áreas de atuação, como intervenção clínica, recursos humanos, psicologia escolar e psicologia do esporte. A lista completa com as possibilidades e as explicações dos segmentos será publicada nesta semana, no Guia de Carreiras.

 Dá para escolher a área do estágio na faculdade?

 Durante o curso de psicologia, o aluno deve cumprir dois tipos de estágio: o básico, que desenvolve práticas relacionadas ao núcleo comum de competências, e o específico, que é voltado para determinadas habilidades e preferências do aluno.

 No estágio específico, o aluno pode aprender a prática da investigação científica, da avaliação diagnóstica, da psicologia clínica, da psicologia educativa, dos processos de gestão e da prevenção e promoção de saúde. “Cada universidade determina quais áreas de estágio vai oferecer. Na PUC-RJ, por exemplo, existe o foco na psicologia clínica”, afirma Maracy.

 Não necessariamente o estágio precisa ser feito em uma instituição externa – eles podem ocorrer na própria universidade. Existem clínicas de orientação educacional, empresas júnior e escolas de aplicação de ensino fundamental que funcionam dentro de faculdades e que aceitam alunos como estagiários.

 Precisa gostar de biologia para se dar bem no curso?

 O curso de psicologia faz parte da área de humanidades, mas dialoga com conhecimentos das ciências biológicas. “Temos carga horária de disciplinas de neurociência, farmacologia, anatomia geral e genética, por exemplo”, explica o coordenador de psicologia do Mackenzie, em São Paulo.

 No currículo básico, a biologia estará presente, apesar de não ser o foco principal da formação. Ela terá mais importância dependendo da ênfase da graduação que o estudante escolher. De acordo com as diretrizes do Ministério da Educação (MEC), são seis ênfases possíveis – três delas dialogam mais com os conhecimentos da biologia. São elas:

  •   psicologia e processos de prevenção e promoção da saúde;
  •   psicologia e processos clínicos;
  •   psicologia e processos de avaliação diagnóstica.

 As demais são:

  •   psicologia e processos de investigação científica;
  •   psicologia e processos educativos;
  •   psicologia e processos de gestão.

 É importante entender que as universidades não necessariamente oferecem as seis possibilidades de ênfase para os estudantes. Pelas diretrizes do MEC, um curso de psicologia precisa ter, no mínimo, duas delas.

 

Categorias: Psicologia

1 comentário

Os comentários estão fechados.

× clique aqui e fale conosco pelo whatsapp