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Folha de São Paulo, Fovest, terça-feira, 29 de maio de
2007


RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Curso oferece formação
diversificada


Política e economia internacional são principais
disciplinas; também há espaço para marketing

DANIELA ARRAIS, COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em um mundo cada vez mais interconectado, o
profissional de relações internacionais costuma ter papel central em
decisões que envolvem instituições, normas, estruturas e processos que fazem
parte do sistema internacional.

“O profissional investiga a interação entre
fronteiras governamentais e não-governamentais”, explica Cristina Yumie Aoki
Inoue, coordenadora de graduação do Instituto de Relações Internacionais da
UNB (Universidade de Brasília), que oferece o curso mais antigo da área,
criado em 1974 -segundo o Ministério da Educação, a graduação em RI é
oferecida por 96 instituições.

Durante a faculdade, o estudante tem formação
multidisciplinar. “O foco é política e economia internacional, mas o aluno
também tem aulas de marketing, gestão de políticas públicas e idiomas
estrangeiros”, diz Reginaldo Mattar Nasser, 47, coordenador do bacharelado
da PUC-SP.

Na USP, a formação envolve direito, ciência
política, historia e economia. “Não há um perfil profissional muito claro,
então tentamos oferecer uma formação que permita ao aluno se movimentar
entre as distintas expressões da carreira”, afirma Maria Hermínia Tavares de
Almeida, 64, coordenadora do bacharelado da USP.

Já na ESPM (Escola Superior de Propaganda e
Marketing), o objetivo do recém-criado curso é o marketing internacional de
negócios. “Queremos formar o diplomata corporativo, que represente o Brasil
lá fora”, diz Sérgio Pio Bernardes, 47, diretor nacional da graduação em
relações internacionais.

Quando soube do curso da ESPM, a caloura Camila
Carvalho Nakagawa, 18, identificou-se imediatamente. “Sabia que a carreira
de relações internacionais era mais ligada à diplomacia, mas a minha área
era outra. Eu quero trabalhar em indústrias multinacionais”, planeja.

Para Camila, o principal atrativo do curso é a
formação ampla que ele oferece, responsável por ultrapassar o limite
puramente profissional. “Você se torna uma pessoa mais consciente, mais
ligada no mundo, pois tem que aprender sobre o cenário político e econômico
de países que, até então, você só conhecia o básico.”

Para Ricardo Camargo Mendes, 30, formado há sete
anos pela PUC e hoje diretor-executivo de uma consultoria, o curso é muito
geral.

“O bacharelado dá uma formação, mas não uma
profissão. A pessoa precisa se especializar, posteriormente, em determinada
área para conseguir emprego”, analisa.

De acordo com o Censo da Educação Superior feito
pelo Inep (instituto de pesquisas do MEC), cerca de 1.500 profissionais se
formaram na área no ano de 2005.

Diplomacia e ONGs
são campo de trabalho para os graduados

COLABORAÇÃO PARA A
FOLHA

A ampla formação oferecida pelos cursos de graduação
em relações internacionais permite que profissionais atuem em áreas tão
diversas quanto a diplomacia e o terceiro setor.

Eduardo Cançado Oliveira, 29, optou pela carreira
diplomática ainda quando fazia o curso na PUC-SP. Ele prestou o concurso do
Instituto Rio Branco -que oferece o Curso de Preparação à Carreira
Diplomática- e ingressou no Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty.

Como um dos secretários do departamento cultural do
Itamaraty, Oliveira afirma que ser diplomata não é apenas profissão, mas uma
opção de vida.

“A carreira lhe proporciona conhecer coisas que
nenhuma outra permite. Você viaja o mundo inteiro, conhece lugares que você
nem visitaria como turista. Além disso, você aprende muito com
interlocutores de áreas diversas”, detalha. “Mas você tem que abrir mão do
contato intenso com a família, tem que se mudar muitas vezes”, ressalta.

Isabella Freire, 23, optou por um caminho diferente.
Depois de se formar na UNB, ela foi contratada pela ONG em que estagiava.

No dia-a-dia, Isabella é responsável pelos setores
de política ambiental e relações corporativas. “Trabalho com ambiente, é bem
gratificante. Apesar de não ganhar tanto quanto no setor privado, tenho
certeza de que o trabalho que faço está ajudando o planeta.”


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