Estado de São Paulo, https://digital.estadao.com.br/o-estado-de-s-paulo/20210721/281908776164816, 21/07/2021

SP amplia jornada no ensino médio com aulas remotas

Reforma implementa currículo mais flexível para etapa de ensino; plataforma online criada na pandemia será usada em novo modelo

Júlia Marques

Estudantes do 2.º ano do ensino médio em escolas estaduais paulistas terão, a partir do de 2022, parte da carga horária com aulas online. As atividades remotas serão para orientação de estudos e disciplinas eletivas, escolhidas pelos alunos. As mudanças integram a reforma do ensino médio, que está em processo de implementação em todo o País e prevê aumento de aulas e currículo flexível.

A partir do ano que vem, os alunos do 2.º ano do ensino médio diurno terão uma aula a mais por dia: serão duas eletivas e três de orientação de estudos na semana. Essas aulas poderão ser ofertadas pelo Centro de Mídias, plataforma criada pelo governo paulista para atividades remotas durante a pandemia. Para o 3.º ano do ensino médio, a aula extra por dia será ofertada em 2023. As mudanças foram anunciadas ontem pelo secretário estadual da Educação, Rossieli Soares. “Aqui nasce o ensino híbrido”, disse.

O secretário afirmou que cada escola poderá definir o formato das aulas adicionais – se remoto ou presencial. Um documento da Secretaria Estadual da Educação voltado para os professores, no entanto, deixa claro que, no ensino médio diurno, as cinco aulas adicionais por semana serão remotas. Segundo Gustavo Blanco, coordenador de ensino médio da Secretaria Estadual da Educação, o modelo pactuado com as escolas era, inicialmente, de oferecer aulas adicionais pelo Centro de Mídias, mas algumas unidades manifestaram interesse de ofertar eletivas de modo presencial.

Para que os alunos tenham acesso às aulas remotas, Rossieli afirmou que está investindo em recursos tecnológicos. Na pandemia, quando todas as aulas foram online, estudantes da rede estadual tiveram dificuldades de acompanhar os estudos e de acessar o Centro de Mídias. “Estamos em processo de licitação de equipamentos, tanto para a escola quanto para apoiar alunos que mais precisam”, afirmou o secretário.

Com as mudanças, os alunos do ensino médio diurno passam a ter oito aulas diárias, de 45 minutos cada – e não mais sete. “Vamos passar a ter um tempo de aula a mais para todos os estudantes do diurno, com aulas pelo Centro de Mídias. Vamos ter a atribuição do professor para essas aulas, contratar mais professores e eles poderão trabalhar de forma híbrida”, disse Rossieli. O governo prevê a contratação de mais 10 mil docentes. Os alunos do ensino médio diurno, que já cumpriam 1.050 horas anuais, passarão a ter 1,2 mil horas de aulas por ano, atendendo à ampliação de carga horária prevista na lei. No novo ensino médio, os alunos devem ter 3 mil horas de aula nos três anos da etapa.

Já para os estudantes do ensino médio noturno, serão oito aulas a mais por semana. Essas novas aulas podem ser todas remotas, por meio do Centro de Mídias, ou parte presencial. Cada escola vai decidir o modelo mais adequado. Na modalidade remota, os estudantes podem assistir às aulas ao vivo ou às gravações.

As aulas extras do ensino médio noturno serão relacionadas ao percurso escolhido pelo estudante – cada aluno indica uma área em que deseja se aprofundar. Caso todas as aulas adicionais sejam a distância, os alunos do ensino médio noturno terão 240 horas online por ano (de um total de mil). A legislação brasileira permite que até 30% da carga horária do ensino médio noturno seja a distância.

Segundo Blanco, foi preciso pensar em uma alternativa para alunos do noturno que atendesse tanto à exigência da legislação quanto às necessidades dos estudantes. Boa parte dos alunos trabalha pela manhã e teria dificuldade de acompanhar aulas presenciais durante o dia. Hoje, na rede estadual paulista, cerca de 25% dos alunos do ensino médio têm aulas à noite.

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