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Folha de São Paulo, Especial, domingo, 19 de setembro de
2010 

Sustentabilidade é o foco principal da
agroecologia

Produção de alimentos orgânicos é uma das áreas de atuação do
profissional

ANA PAULA ANJOS, COLABORAÇÃO PARA A FOLHA 

Um aluno que coloca a mão na terra. Esse é o perfil do estudante de
agroecologia, curso oferecido por mais de dez instituições do país.

Existente na UFSCar (federal de São Carlos) desde 2009, o ponto forte da
graduação é a prática. "Já no primeiro ano, os alunos saem da sala e vão para o
campo", afirma o coordenador do curso, Manuel Baltasar da Costa.

Para ele, o curso de agroecologia é uma espécie de agronomia invertida. "A
agroecologia faz uma crítica à agronomia moderna. O curso não pensa a
agricultura somente pela ótica econômica e produtiva", resume.

Um das principais preocupações é com a sustentabilidade. A engenheira
agrônoma e presidente da Associação de Agricultura Orgânica Ondalva Serrano, 70,
define a profissão como "uma agricultura comprometida com os recursos naturais".
Desde 1943, ela trabalha de forma sustentável no campo.

ALIMENTOS ORGÂNICOS

Uma das áreas de atuação do agroecólogo é a produção de alimentos
orgânicos. Trabalhar nesse setor é o que deseja Artur Nagy, 20, estudante do 2º
ano da UFSCar.

"Eu gostaria de trabalhar na minha propriedade, a princípio com pomar,
fruticultura", planeja.

Segundo a gerente comercial de alimentos orgânicos do Grupo Pão de Açúcar,
Sandra Sabóia, 42, o interesse por esse tipo de produto é crescente. "A gente
sempre abre uma portinha para o produtor vender orgânico."

Segundo ela, a preocupação com a alimentação saudável virou um nicho
lucrativo de mercado. "Dentro do setor de frutas, legumes e verduras, o de
orgânicos é o que mais cresce", diz Sandra.

REGULAMENTAÇÃO

Coordenador do primeiro curso superior de agroecologia no país, oferecido
pelo IFSEMG (Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais), Eli Lino de Jesus
relata a dificuldade que esses cursos têm para regulamentação.

"O cadastramento do curso pelo Crea-MG (Conselho Regional de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia) foi feito com o nome de tecnólogo em agropecuária, e
não explicita que é tecnólogo em agroecologia", diz.

Mas, para Helieser José Resende, assessor da comissão de educação do
Crea-MG, os alunos não devem se preocupar. "O que importa é o que a pessoa pode
fazer, e não o nome [do curso]."


FOLHA.com

Ouça entrevista com Sandra Sabóia,
do Grupo Pão de Açúcar


folha.com.br/mm798000


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