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Folha de São Paulo, Fovest,
terça-feira, 09 de setembro de 2008


CARREIRA


Assistente social indica caminho para pessoas com
problemas

Algumas atribuições são ajudar presos e a resolver problemas de trabalho

DA REPORTAGEM LOCAL

Conversar com dependentes químicos, com homens que batem em suas mulheres,
com jovens em liberdade assistida ou presos. Para alguns, essas tarefas não
parecem ser muito agradáveis, mas a maioria dos assistentes sociais gostam e têm
orgulho do que fazem.

Trabalhando em órgãos públicos, em ONGs ou em empresas privadas, são eles
que atendem a funcionários que querem se queixar do trabalho ou desabafar sobre
um problema particular e tentar resolvê-lo.

O assistente social não é psicólogo, mas ouve os problemas e indica o
melhor caminho para saná-los. Para um alcoólatra, por exemplo, o assistente vai
pesquisar onde há centros de reabilitação próximos da casa do trabalhador e dar
dicas de como ele pode tentar se livrar do vício.

Audrey Cristina Soares, 24, estuda serviço social na Unicsul e trabalha com
jovens em liberdade assistida. "Sempre gostei do lance de ajudar as pessoas",
diz ela. "Adoro o que faço. A cada dia surge um caso novo." Ela conta que muitos
colegas ainda não conseguem se desfazer da carga negativa do trabalho. "No
começo, eu ficava mal, mas aí fui aprendendo."

Adoção

Outro local em que o assistente social trabalha é em varas de família e de
infância, atendendo, por exemplo, a crianças que esperam adoção e a adultos que
procuram adotar. O profissional faz um estudo sobre a criança e sobre a família,
para ver se eles estão se adaptando ao se conhecerem.

No Brasil, há mais de 300 graduações em serviço social -faculdade do
assistente social-, e um dos cursos mais antigos é o da PUC-SP (Pontifícia
Universidade Católica).

Os dois primeiros anos do curso da PUC são mais teóricos, mas, a partir do
quinto semestre, os alunos têm que fazer o estágio obrigatório, que pode ser
cumprido na própria universidade ou fora.

"O assistente social é uma ligação entre o trabalhador e a gerência",
afirma a professora Rosalina de Santa Cruz Leite, vice-coordenadora da Faculdade
de Serviço Social da PUC-SP, que tem cem vagas anuais.

As grades de cada escola variam, mas, dentre as disciplinas, há história do
serviço social, ética e política social, como na Unaerp, em Ribeirão Preto.

Sandra Regina de Abreu Pires, chefe do departamento de serviço social da
UEL (Universidade Estadual de Londrina), diz que o perfil do assistente social é
o de "uma pessoa dinâmica, que gosta de falar, de ler e de escrever". Ela
explica: "Falar, porque ele vai ter que conversar com a outra pessoa. Ler e
escrever porque precisa fazer relatórios das conversas".

Há dois anos, a UEL criou uma residência em saúde pública, e, segundo
Sandra, muitos recém-formados estão procurando a especialização. "Eles se
preparam melhor para a profissão." (LUISA
ALCANTARA E SILVA)


"Não digo que o salário é alto,
mas a taxa de ocupação é grande", diz professora

DA REPORTAGEM LOCAL

O
mercado de trabalho do assistente social está crescendo, mas o salário ainda é
baixo. Um recém-formado recebe, na cidade de São Paulo, de R$ 1.800 a R$ 2.000
por oito horas diárias de trabalho, segundo a professora Rosalina de Santa Cruz
Leite, vice-coordenadora do curso da PUC-SP -ainda não há um sindicato que
regulamente o piso da profissão.

"Não
digo que o salário é alto, mas a taxa de ocupação é grande", afirma ela.

Um
dos fatores que faz com que haja mais vagas é a preocupação crescente de
indústrias e de grandes empresas em atender bem aos seus funcionários. Com esse
objetivo, elas abrem vagas para os assistentes sociais, que atuam também na área
jurídica, informando o trabalhador sobre os seus direitos e como obtê-los.


Mudança

A
profissão, que sempre foi ligada à mulher, está mudando de cenário. Cada vez
mais homens estão procurando a carreira de assistente social.

Na
UEL, ingressaram no ano passado nove alunos homens -há 80 vagas no total.
"Ficamos surpresos com esse número", diz Sandra Regina de Abreu Pires, chefe do
departamento de serviço social da UEL.

A
entrada do público masculino na área está relacionada à abertura de vagas,
segundo Sandra. "Com mais vagas nessa área e menos em outras, os homens estão
vindo para cá."


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