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Folha de São Paulo, Empregos, domingo, 25 de março de 2012

"Concierge" corporativo resolve o dia

HANNAH SELIGSON, DO "THE NEW YORK TIMES"

Quando Jonathan Swanson, 30, gerente de estoque
da Mercedes-Benz, em Illinois (EUA), planejou sua lua de mel, não entrou em um
site de viagens ou fez uma pesquisa no Google.

Ele telefonou para a Circles, em Boston, um
serviço de "concierge pessoal" 24 horas oferecido de graça aos funcionários da
montadora.

Alguns dias depois, Swanson recebeu uma planilha
com opções de hotéis e resorts no México e na República Dominicana.

"Como eu trabalho no armazém, não fico na frente
do computador", justifica. "Precisaria tirar algum tempo do trabalho para
pesquisar e planejar minha lua de mel."

Algumas companhias já recorrem a esses serviços
para melhorar a produtividade.

A ideia é deixar que outra pessoa resolva
pendências do dia a dia do funcionário, sejam elas relacionadas ao lazer ou ao
trabalho. São tarefas como planejar viagens, encontrar um encanador ou um
cuidador de cachorros.

PASSADO

"O concierge era associado a alguém de luvas
brancas que trazia lagosta às 4h. O novo profissional é contratado para poupar o
tempo", diz o empresário Daniel Abas. Na Califórnia, ele fundou a empresa Red
Butler, de "concierge pessoal", que atende a clientes corporativos como a
companhia energética Shell, a promotora de conferências TED e a empresa de
bebidas Pernod Ricard.

A farmacêutica Biogen Idec disponibiliza o
serviço da Circles a 3.000 funcionários e diz que economizou o equivalente a 261
dias úteis por ano (o resultado vem da soma do número de horas que teriam sido
gastas pelos funcionários cumprindo as tarefas repassadas à Circles).

CUSTO-BENEFÍCIO

Os programas da Red Butler custam de US$ 50 mil
(R$ 91 mil) a US$ 250 mil (R$ 455 mil) ao ano, mas, para empresas menores, há
serviços a partir de US$ 495 (R$ 900) ao mês, ressalta Abas. A Circles não quis
revelar suas tarifas.

O pedido mais comum que a Circles recebe é o de
agendamento de viagens, mas a empresa já realizou atos de heroísmo, como
encontrar um parente desaparecido de um funcionário.

Embora os serviços de "concierge pessoal" ainda
não sejam populares nos EUA, já são bastante comuns em partes da Europa
-principalmente na França.

Apesar da ascensão desses serviços, nem todos
estão convencidos da melhoria na produtividade.

Laura Vanderkam pesquisou como as pessoas usam o
tempo para seu livro "168 Hours: You Have More Time Than You Think" (168 horas:
Você tem mais tempo do que pensa, em tradução livre).

Ela diz que "o problema é que o concierge não
conhece o cliente. É difícil lembrar de lhes contar todas as suas preferências.
Acho que ainda veremos muitos trabalhadores realizarem essas tarefas quando têm
um minuto livre no trabalho, quer exista um serviço de concierge , ou não",
contrapõe.

INDIVIDUAL

Leslie Niekerk, que trabalha no RH da
biofarmacêutica Millennium Pharmaceuticals, de Boston, usou a Circles para
organizar um chá de cozinha para uma amiga, mas não quis delegar a troca de óleo
de seu carro.

"Não gosto que outras pessoas façam esse tipo de
coisa por mim", diz. Mesmo assim, Niekerk estima que, com a Circles, economizou
cerca de 30 horas no ano passado.

Não é apenas o tempo economizado que importa.
Nessa conta também entra o estresse mental.

"Esperamos tirar o peso da consciência dos
nossos funcionários nas horas em que eles não estiverem no trabalho", afirma
Lisa Rosenfeld, gerente-geral de RH da Mercedes-Benz, que pretende renovar o
contrato com a Circles. "Queremos que as pessoas venham para a empresa sem
muitas coisas atrapalhando suas ideias", afirma Rosenfeld.

Tradução de LUIZ ROBERTO MENDES GONÇALVES


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