De única mulher no curso a mecânica de aviões, jovem supera preconceitos: ‘Ir para cima e não ter medo’
Joyce Campos, 28 anos, conta sobre início e desafios enfrentados na carreira. Jovem é exemplo e inspiração neste Dia Internacional das Mulheres, celebrado nesta sexta (8).
Por Vitória Amorim*, g1 Campinas e região**
Os preconceitos enfrentados por mulheres no mercado de trabalho são diversos, e em áreas majoritariamente ocupadas por homens, desafiadores. Mas sempre há exemplos de quem supera obstáculos, ocupa seu espaço e desconstrói estereótipos.
É o caso de Joyce Campos, de 28 anos. Única mulher da sua turma durante o curso de formação, ela é responsável pela manutenção preventiva e corretiva de motores dos aviões da Azul, companhia aérea que tem como base o Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP).
A jovem contou ao g1 que sempre gostou de aviação, mas nunca imaginou que trabalharia nessa área. Sua história é exemplo e inspiração no Dia Internacional das Mulheres, celebrado nesta sexta (8).
“Nós, como mulheres, temos que fazer acontecer. Ir para cima e não ter medo”, diz.
Início da carreira 🛠️✈️
Joyce nasceu em São Paulo (SP), mas atualmente mora em Indaiatuba (SP). Ela iniciou a carreira como técnica de manutenção de aeronave em Campinas (SP) em 2015, quando tinha apenas 19 anos. Hoje é responsável pela manutenção preventiva e corretiva de motores e outras partes mecânicas das aeronaves.
A escolha da área foi, de certa forma, inusitada, pois na época Joyce não sabia o que queria fazer. “Caí meio que de paraquedas na aviação”, recorda a mecânica.
“Eu fui na escola de aviação em busca de um curso. Eu sempre gostei da aviação, mas eu não sabia que eu ia ser mecânica ainda”, relata.
A paixão pelo curso começou conforme o tempo foi passando e as matérias foram sendo aplicadas. Atualmente ela dá aulas no mesmo local em que se formou.
Antes de começar a atuar de fato na área, a mecânica trabalhou como secretária, recepcionista e abriu uma empresa prestadora de serviço de limpeza.
Apesar de estar envolvida em outros serviços, Joyce continuou com o objetivo de trabalhar na manutenção de motores e entregou currículos para diversas empresas até ser contratada pela Azul Linhas Aéreas Brasileiras, onde trabalha há três anos.
“Sempre enviava currículo paralelo ao meu trabalho, né? E aí, quando eu consegui, eu larguei tudo para poder fazer o que eu gosto, que era meu sonho”, conta.
Desafios e projetos futuros🛫
Um dos principais desafios que a mecânica enfrentou foi o ‘bloqueio’ que os homens têm em relação a confiar no trabalho feminino.
Segundo ela, muitos acabam achando que as mulheres não podem carregar carregar peso, não conseguem fazer força para apertar ou soltar um parafuso, e acabam não confiando em passar os serviços que são considerados ‘pesados’.
“Eu acho que o maior desafio é passar por essa barreira, sabe? Mostrar para eles que a gente consegue sim. Com o uso das ferramentas corretas, mesmo a gente sendo mulher, fazer o mesmo trabalho que eles fazem”, afirma.
Para Joyce, apesar dos desafios, o essencial, independentemente do gênero, é que as pessoas devem estar onde elas sejam qualificadas e ocupem os espações que elas querem, sentem vontade ou sonham.
E o céu é o limite para a mecânica, que almeja ingressar na área de gestão e se tornar uma supervisora, ou ficar na inspeção de aeronave, que segundo ela, é mais voltado na qualidade dentro da manutenção.
Joyce comenta que ainda não há uma liderança feminina na empresa que trabalha e que gostaria de ser uma pioneira em uma dessas áreas.
Inspirações ✈️☁️
Muitas mulheres acabam se inspirando na história e carreira da mecânica. Principalmente na escola em que Joyve dá aula atualmente.
Uma dessas histórias de inspiração marcou a jovem que lembra de uma estudante que começou o curso após uma palestra realizada por ela.
“Uma moça lá da escola falou que começou a estudar lá e disse que só se matriculou porque viu a minha entrevista, e viu que eu era mãe e ela também é mãe e ela pensou: ‘Ah, se ela consegue, eu acho que eu também vou conseguir.”
A mecânica completa com um recado sobre a importância de seguir a busca pelos sonhos, independente das dificuldades no caminho.
“Tudo que a gente almeja na nossa vida, vai vir com algum grau de dificuldade, mas que a gente não pode abaixar a cabeça. Tem que ter fé nos nossos sonhos, nos nossos objetivos e que a gente tá aí para mostrar que é possível, né?”, finaliza.
*Sob supervisão de Fernando Evans.
**Portal G1, https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2024/03/08/de-unica-mulher-no-curso-a-mecanica-de-avioes-jovem-supera-preconceitos-ir-para-cima-e-nao-ter-medo.ghtml, 08/03/2024