Folha de São Paulo, Fovest, terça-feira, 02 de dezembro de 2008

CARREIRA

Envolto em glamour, curso de moda
inclui estilo e modelagem

Trabalho vai além da
criação; área de modelagem está em crescimento

DA REPORTAGEM LOCAL

A moda brasileira vive um
atraso em relação à moda européia, mas está sempre buscando espaço. Do fim do
ano passado para cá, por exemplo, um movimento que ocorreu na Europa há cerca
de dez anos chegou ao Brasil: grandes nomes do estilismo nacional, como Tufi
Duek (Forum e Triton) e Isabela Capeto, venderam suas marcas para holdings, o
que já era comum lá fora.

Mas, mesmo atrasada em
relação ao exterior, a moda no Brasil continua sendo vista com toques de
glamour. Interessados na possibilidade de entrar nesse "mundinho",
jovens buscam formas de ter conhecimento na área. As faculdades, por sua vez,
vêem a demanda crescente e abrem cursos. Neste ano, por exemplo, a Faap abriu a
graduação em moda -antes, já havia um curso na área, mas não era de nível
superior. "Já era uma idéia antiga termos uma graduação na área",
afirma Ivan Bismara, coordenador do curso na Faap.

No primeiro dos quatro
anos, as disciplinas incluem meios de representação tridimensional, metodologia
do projeto em design e teoria em design. A partir do segundo ano, o aluno tem
contato com a área de modelagem e estilo. Mas, de acordo com Bismara, o curso
da instituição dá mais enfoque para a parte de criação. "O nosso aluno sai
um criador com noções de modelagem."

Diferentemente do Senac,
que investe bastante em modelagem. "[A carreira de modelista] É a
profissão do futuro", diz a coordenadora, Marta Magri. Entre as suas
funções está a de interpretar o que o estilista desenha. "Ele dá a
estrutura da roupa, dá o glamour."

Clube da luluzinha

"É um curso
tipicamente feminino", diz Bismara, da Faap. Da turma de 40 estudantes, 39
são mulheres.

Um recém-formado em moda
ganha cerca de R$ 1.500. "Mas varia bastante", afirma Marta.
"Tem os que ganham até R$ 8.000."

Muitos abrem seu próprio
negócio logo que saem da faculdade. Mas, para isso, costumam ter ajuda
financeira da família.

Já as amigas Adriana
Praça, 31, e Mariana Braidatto, 30, montaram a sua própria marca sozinhas. Elas
se formaram na faculdade Santa Marcelina -cujo curso, existente desde 1987, visa
o estilismo- em 2001, e, um ano depois, já estavam com uma loja na rua Oscar
Freire, a Madri. "Começamos fazendo coleções e vendendo em casa", diz
Adriana. Com as vendas, alugaram um ateliê com outras amigas e juntaram o
dinheiro para abrir a loja.

"Muita gente acha
que é fácil, mas todo dia chega boleto de contas aqui", diz Mariana, que
trabalhou desde o primeiro ano do curso. Algumas escolas têm aulas só sobre a
parte administrativa. Na Anhembi Morumbi, além do curso de moda/design, há
moda/negócios, que foca o empreendedorismo.

Para conhecer mais a
profissão, a maioria das escolas cobra uma carga de estágio. "É importante
que o aluno tenha contato com o que ele quer", diz Raquel Valente
Fulchiron, coordenadora de moda da Santa Marcelina.

Trabalho
final da faculdade inclui desfile

DA REPORTAGEM LOCAL

O trabalho de conclusão de
curso das faculdades de moda inclui a realização de um desfile. Isso mesmo. Os
alunos, além de entregar uma monografia, geralmente devem produzir um evento de
moda.

Desenhar e confeccionar as
peças é só parte do trabalho. É preciso também ir atrás de modelos,
cabeleireiro e maquiador.

Já quem opta pela área de
joalheria, por exemplo, pode montar uma exposição. "Isso ajuda o aluno a
sair pronto", diz Raquel Valente Fulchiron, da Santa Marcelina.

Sobre a monografia, Raquel
diz que é uma forma de os alunos mostrarem que aprenderam a importância da
leitura durante o curso. "O profissional da moda tem que ler muito."

 

Categorias: Moda

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