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Portal Aprendiz, 23/07/2007



Filosofia e Sociologia devem apresentar os clássicos aos estudantes


Alan Meguerditchian


"Existem alguns textos com os quais não precisamos concordar, mas sem os
quais não conseguimos pensar. Devemos colocar a serviço da educação dos
nossos jovens os textos clássicos de Sociologia e de Filosofia". A fala é do
filosofo e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Emanuel Appel,
que participou do 1º Encontro Nacional sobre Sociologia e Filosofia, em São
Paulo. O encontro teve como principal motivação a inclusão das duas ciências
como disciplinas nas escolas brasileiras de Ensino Médio, conforme o Parecer
nº 38, assinado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), em julho de 2006.
A Sociologia já foi matéria obrigatória entre 1925 e 1942. Depois desse
período, várias escolas continuaram com a disciplina, mesmo sendo optativa.
Enquanto isso, o governo nunca exigiu o ensino de Filosofia.


Segundo Appel, a presença das duas ciências no Ensino Médio traz a
possibilidade dos professores resgatarem nos estudantes um espírito crítico,
que há muito tempo foi submerso pela indústria cultural.


"A indústria cultural traz tudo pronto e os jovens na maioria das vezes não
discutem. Devemos modificar isso e tanto a Sociologia quanto a Filosofia são
instrumentos de questionamento", disse. Para que isso aconteça, o melhor
método é levar aos estudantes leituras de primeira mão. "Concordo que não
devemos aplicar a bibliografia de graduação no Ensino Médio, mas o ensino da
Filosofia não pode ser separado da leitura dos pequenos textos dos grandes
filósofos", explicou Appel, dizendo que a regra também deve ser aplicada
para a Sociologia.


Apesar do otimismo de Appel, a situação do Ensino Médio brasileiro não é
muito propício para sonhos. "O Ensino Médio vive uma crise de identidade, de
eqüidade e qualidade. Uma a cada três escola não tem biblioteca. Faltam
professores de Química e Matemática. Apenas 8% dos professores de Física têm
formação específica de licenciatura na área", lembrou alguns dados o
vice-presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed).

"É um 


desafio monumental", completou.


"O único dado positivo em relação ao Ensino Médio é que 85% dos jovens estão
matriculados em escolas públicas. O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica (Fundeb) pode melhorar a situação, pois incluiu o Ensino
Médio na divisão dos recursos. Mesmo assim, devemos observar o passado e
verificar o que fizemos de bom e de ruim. O Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef) – que antecedeu o Fundeb – ,
por exemplo, colocou as crianças na escola, mas que escola é essa?", avaliou
a coordenadora do Ensino Médio da Secretaria de Educação Básica do
Ministério da Educação (MEC), Lúcia Lodi. Mesmo diante de tantos desafios,
Appel mantém a posição de que os clássicos devem ser levados aos jovens
estudantes. "Vai demorar para observarmos os resultados, mas devemos
convocar os alunos para encarar a perplexidade dos conceitos. Não devemos
subestimar a capacidade crítica dos jovens estudantes", conclui o filósofo.


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