Folha de São Paulo, The New York Times, segunda-feira, 09 de maio
de 2011
ENSAIO
PHYLLIS KORKKI
Mudança na lealdade do trabalhador
A lealdade no lugar de trabalho morreu? Recentemente, Lynda Gratton,
especialista em relações de trabalho, declarou que sim. No jornal "The Financial
Times", ela disse que havia "morrido através do encolhimento dos contratos, da
terceirização, da automação e da atuação em diversas profissões".
É triste se hoje essa nobre virtude estiver deslocada no mundo empresarial. Mas
a situação pode ser mais complexa. Dependendo de como você a definir, a lealdade
talvez não esteja morta, mas apenas se manifestando de forma diferente.
Cinquenta anos atrás, um empregado podia ficar na mesma empresa durante décadas,
disse Tammy Erickson, uma autora e consultora de mão de obra. Muitos garantiam o
emprego por muito tempo, juntamente com seguro-saúde e aposentadoria.
Hoje, muitas empresas não podem ou não querem manter seu lado do acordo, então
por que os empregados deveriam manter o seu? Se tiverem a oportunidade, eles vão
levar suas habilidade para outro lugar. Atualmente, escreve Gratton, a confiança
é mais importante que a lealdade: "Lealdade tem a ver com o futuro -confiança
com o presente". A monogamia profissional em série está na ordem do dia, ela
diz. Para alguns membros da geração baby boom, essa mudança é difícil de
aceitar. Muitos começaram suas carreiras supondo que seriam recompensados com
base na permanência no emprego.
Um antigo empregado que também é produtivo e motivado é de enorme valor, disse
Cathy Benko, diretora de talentos na Deloitte. Por outro lado, "você não pode
ficar em uma empresa muito tempo e não se envolver intensamente", ela disse.
Benko viu sua empresa mudar o enfoque para o nível de compromisso dos
funcionários -ou "o nível em que as pessoas são motivadas a produzir seu melhor
trabalho"-, em vez da permanência no emprego.
Depois, há as consequências da recente recessão. Muitas pessoas -quando não
foram demitidas- ficaram nos empregos porque acharam que não tinham opção. Os
empregadores talvez devam se preparar para distúrbios e rotatividade quando o
mercado de trabalho melhorar.
Se o pêndulo mudar, como as empresas vão convencer seus melhores funcionários a
ficar? O dinheiro pode fazer o truque, mas nem sempre. Especialmente com os
jovens, "você não vai comprar mais lealdade com mais dinheiro", disse Erickson.
Em vez disso, os empregadores precisam tornar os empregos mais desafiadores e
dar aos trabalhadores maior margem de criatividade, ela disse. A lealdade talvez
não seja o que foi, mas a maioria das empresas ainda se sai melhor com um núcleo
de pessoas que fica nelas por décadas.
Se a lealdade é vista como o compromisso de manter trabalhadores de todas as
idades realizados, produtivos e envolvidos, pode continuar sendo cultivada no
local de trabalho -para benefício da empresa e dos funcionários.
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