Revista Isto É, ARTES
VISUAIS, | N° Edição: 2011 | 23.Abr – 21:00 | Atualizado em
23.Abr.10 – 21:28
O museu como meio de comunicação
Museus
brasileiros desenvolvem suas ferramentas na internet e começam a encarar um novo
papel cultural
Paula Alzugaray
MAIS QUE UMA VISITA
Museus nacionais começam a firmar presença em redes sociais e a criar seus
próprios canais online
Desde a inauguração da
nova sede, em 2008, a Fundação Iberê Camargo, de Porto Alegre, realizou sete
exposições, com palestras e mesas de debate, que foram devidamente documentadas
em vídeo e gravadas em áudio. Elas estão disponibilizadas para visitas virtuais
e em podcasts (arquivos em áudio) no site do museu. Já o MIS-SP, desde sua
reinauguração em 2009, colocou a vida virtual em sua agenda de prioridades e,
com o uso de uma plataforma livre, criou uma comunidade digital, a Rede MIS. A
Fundação Iberê Camargo e o novo MIS são instituições reestruturadas no contexto
do novo século, à luz das necessidades de um público habituado a ter toda a
informação do mundo ao alcance de um clique. Por isso, tendem a reconhecer suas
ferramentas digitais não como mecanismos de armazenamento de dados, mas como
veículos de comunicação, de produção de conhecimento em tempo real e de
fomentação de uma participação mais ativa do público.
No Brasil, com todas as
dificuldades que os museus têm para colocar seus projetos institucionais em
andamento, a maioria dos sites ainda está correndo atrás do básico: fazer a
digitalização dos acervos e atualizar seu banco de dados online. Em março, o
Masp conseguiu disponibilizar para consulta virtual imagens e fichas técnicas de
10% de seu acervo de oito mil peças de arte ocidental do século IV até hoje. Já
é um avanço. Mas a nova categoria de “visitantes virtuais” ainda se ressente.
Diante de uma lista de 20 sites de instituições brasileiras, oferecida em
istoé.com.br, ficou claro que o brasileiro quer mais interatividade. “Falta
aproveitar melhor as ferramentas da web 2.0, a fim de criar um espaço em que os
usuários possam participar, comentar e acrescentar ao acervo dos museus”, opina
a internauta Camila Piovesana.
“Os sites dos museus no
Brasil ainda são piores do que os de supermercados. Há um problema conceitual
que nossos museus não veem: museus são canais de distribuição e devem ser
pensados como veículos”, afirma Patricia Canetti, responsável pelo site do
MIS-SP e gestora do canalcontemporaneo.art. br, lançado em 2000 como comunidade
digital focada na arte contemporânea. Com a popularização das potencialidades
interativas da web 2.0., os blogs, os arquivos de compartilhamento audiovisual e
as redes sociais se tornaram tão importantes para os museus quanto os seus
espaços físicos. A adesão a uma estrutura wiki, em que todos contribuem e editam
informações, tem sido uma tendência seguida por sites de diferentes museus ao
redor do mundo. A Museum and the Web 2010, conferência anual sobre os museus e
as mídias digitais, que aconteceu entre os dias 13 e 17 de abril, no Colorado,
EUA, teve um enorme contingente de palestrantes que dedicaram suas falas à
implantação de estruturas semelhantes à Wikipédia. O Indianapolis Museum of Art
(IMA) anunciou um serviço de consulta chamado IMA LAB, que permite aos
internautas acompanhar detalhes como orçamento, estatísticas de consumo de
energia da instituição e obras em empréstimo; e o whitney.org acaba de lançar o
Artist Wiki Project que oferece aos artistas as ferramentas para a edição de
informações.
Ainda não temos nos sites
brasileiros nada parecido com as plataformas wiki, mas há outros dados que
determinam a qualidade de um museu online: o uso de mídias em múltiplos
formatos, a criação de maneiras inovadoras de complementar exposições físicas e
a concepção de formas criativas de cativar a participação da audiência.
Antenada, a pinacoteca.org.br disponibiliza o projeto “Museu Para Todos”, em que
o internauta acessa links, fóruns e textos de apoio à compreensão das mostras.
Também é interessante notar como uma ferramenta virtual pode ajudar a mudar o
museu físico. Um bom exemplo é a sessão Como Participar no site do MAM-SP, que
dá o passo a passo sobre como apoiar o museu e expõe os benefícios de tornar-se
um parceiro.
Colaborou Nina Gazire
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