Folha de São Paulo, Cotidiano, terça-feira, 20 de dezembro de 2011
SP reforça sociologia, filosofia e artes, mas corta aula tradicional
Secretaria da Educação
define nova grade curricular, que vale a partir do ano que vem nas escolas
estaduais
Turno diurno terá carga
menor de história e geografia; já no noturno, diminuem aulas de português e
matemática
FÁBIO TAKAHASHI, PATRÍCIA GOMES,
DE SÃO PAULO
A Secretaria de Estado da
Educação de São Paulo vai reforçar, a partir do ano que vem, o ensino das
disciplinas de sociologia, filosofia e artes. Para isso, vai cortar o número de
aulas de matérias que tradicionalmente caem mais no vestibular.
No período diurno, a
alteração acarreta diminuição de 25% na carga horária de história e 14% na de
geografia ao longo do ensino médio, além da extinção do apoio curricular para
estudantes do terceiro ano -disciplina obrigatória de aprofundamento, com seis
horas semanais, que ajudava na preparação dos alunos para o vestibular.
Já no período noturno, a
mudança provoca a diminuição nas aulas de língua portuguesa e matemática.
Na prática, com as
alterações, o Estado de São Paulo põe as disciplinas de artes, filosofia e
sociologia com a mesma carga horária que física, química, biologia, história e
geografia -duas horas semanais em cada série, no diurno e no noturno.
Para Emerson Teodoro,
diretor do cursinho popular 20 de Novembro, que atende a alunos da rede
estadual, a mudança é preocupante, uma vez que tira matérias importantes em
todos os vestibulares para dar ênfase a artes, sociologia e filosofia, que
aparecem como coadjuvantes nos exames.
"A preparação para o
vestibular será comprometida. A defasagem [com relação às escolas particulares]
é clara."
Maria Izabel Noronha,
presidente da Apeoesp (sindicato dos professores estaduais), diz que falta um
debate audacioso, inclusive sugerindo o aumento da carga horária.
"A proposta pedagógica do
Estado não está bem desenvolvida. O quadro curricular não deve ser tratado como
um joguinho de xadrez", diz.
Em nota, a secretaria
informou que as alterações visam equilibrar o desenvolvimento das áreas do
conhecimento. A pasta disse ainda que as alterações foram decididas a partir de
reuniões que tiveram a participação de mais de 20 mil profissionais.
"Ficou estabelecido também
que nenhuma disciplina teria menos de duas aulas semanais", disse a secretaria.
MUDANÇA DE PLANOS
As mudanças divergem da
proposta inicial da secretaria que foi discutida neste ano pelas escolas da
rede.
O plano preliminar previa a
redução da carga de aulas de português e matemática para o ensino médio diurno.
Além disso, o aluno do
terceiro ano poderia escolher disciplinas mais voltadas à carreira que prestaria
no vestibular, optando por uma das três ênfases: linguagem; matemática e
ciências da natureza; ou ciências humanas.
Na época em que o debate foi
revelado pela Folha, em
setembro deste ano, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) reagiu e se mostrou
contrário à diminuição das aulas de português e matemática.
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