Folha de São Paulo, Carreiras e Empregos, domingo, 28 de outubro
de 2012
Vintage moderno
Jovens optam por ofícios com séculos de
história em que há carência de mão de obra; salário inicial de modelista pode
até ser maior que o de estilistas
EDUARDO
KORMIVES,
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Foi em uma profissão com séculos de história que
Eledneia Andrade dos Santos, 26, descobriu um futuro promissor. Seguindo os
passos da mãe, a jovem aprendeu tapeçaria há dez anos. Hoje, é chefe de produção
de uma empresa do setor em São Paulo e sonha em cursar design.
Ofícios como o de Santos, especialmente os
ligados ao mercado de luxo, têm demanda por profissionais.
Há vagas para funções como ourives, relojoeiro e
sapateiro, mas é difícil é encontrar jovens preparados para exercer essas
profissões que, geralmente, são passadas de pai para filho. Também é preciso ser
persistente para ter a experiência necessária para receber salários mais altos.
“Para mim, viver desse trabalho é muito
gratificante, principalmente quando vejo a quantidade de obras de arte que saem
das minhas mãos”, diz Santos.
Ela trabalha na Punto e Filo, onde também
recebeu a formação. A empresa, que produz 3.000 metros quadrados de tapetes por
mês, oferece remuneração média de R$ 1.090 aos tapeceiros.
Outro setor que não vive apenas do passado é o
ramo joalheiro. O carioca Rodrigo Gonçalves Carvalho, 24, é apaixonado pelo
ofício de cravador, profissional responsável por fixar as pedras preciosas e
fazer entalhes que dão brilho às peças.
“A curiosidade surgiu ao ver meu pai trabalhando
em casa”, diz Carvalho, que começou a aprender a técnica quando tinha 16 anos.
O piso no Rio de Janeiro para a função de
cravador é de cerca de R$ 900, mas um funcionário experiente pode ganhar de R$
5.000 a R$ 6.000.
A especialização no setor praticamente acabou
com a figura do joalheiro, capaz de produzir uma joia do início ao fim. Hoje,
cabe ao ourives montar e dar o acabamento a uma peça, como conta Diogo Santos
Moraes, 22.
O ofício também foi transmitido em família. Além
do pai, que atua há 40 anos na função, um irmão e um tio também trabalham na
área.
Hoje, diz Moraes, há mais espaço para os jovens
na indústria paulista, que concentra metade da produção nacional e paga, em
média, de R$ 1.500 a R$ 2.000.
Ele trabalha com o pai na oficina montada em
casa em Itaquera, zona leste de São Paulo. Atendem clientes que estão dispostos
a pagar até R$ 5.000 por joias que podem exigir duas horas de trabalho, caso de
alianças de casamento.
CARÊNCIA DA MODA
A indústria da moda também tem suas carências.
Entre os profissionais mais procurados em todo o
país está o modelista, que é quem efetivamente dá forma à imaginação do
estilista, produzindo o molde que servirá de base para a produção da primeira
peça.
Longe dos holofotes e em contraposição ao
sucesso dos estilistas, a função de modelista passou por uma fase de baixa
oferta. Cursos superiores foram criados na área, mas a disponibilidade de
profissionais ainda não cobre a demanda. Com isso, o modelista pode começar a
carreira ganhando 24% mais do que um estilista. O piso é de cerca de R$ 1.700,
mas um profissional sênior pode ganhar até R$ 10 mil ao mês.
Fernando Jeon, 22, terminou há pouco tempo a
faculdade de modelagem. Desde muito cedo sabia que queria trabalhar com moda -a
mãe tinha uma confecção no Brás.
Antes de entrar na faculdade, fez um curso de
corte e costura. Já trabalhou com a estilista Glória Coelho e atua há sete meses
no ateliê do estilista Pedro Lourenço, filho de Glória e garoto prodígio da moda
brasileira.
“Só com o tempo você se aprimora como modelista.
Existem mil combinações possíveis”, diz ele.
EM EXTINÇÃO
Outro profissional em falta é o relojoeiro.
Pablo Cuebas, 32, começou no ofício há 16 anos, depois de herdar do tio a
fascinação por relógios.
Apesar de ouvir muitas vezes que a profissão
está em extinção, ele vê oportunidades no segmento, que envolve modelos de
relógio de luxo e restaurações.
Segundo ele, aprender o ofício não é tarefa
simples -existem poucos cursos no país e cada marca tem o seu próprio mecanismo.
O piso do relojoeiro é de R$ 993, mas o conserto de um relógio suíço pode custar
até R$ 1.600.
ONDE ESTUDAR
MODELAGEM
Bacharelado em design de moda (modelagem)
Senac, São Paulo (SP)
0/xx/11/5682-7300
Curso em modelagem
Etec Carlos de Campos, São Paulo (SP)
0/xx/11/3311-7098
Curso técnico em modelagem do vestuário
Etec José Rocha Mendes,
São Paulo (SP)
0/xx/11/2063-4454
Tecnólogo em modelagem
Senai Cetiqt, Rio de Janeiro (RJ)
0/xx/21/2582-1001
OURIVES E CRAVADOR
Escola de Joalheria e Relojoaria Sintrajoias,
São Paulo (SP)
0/xx/11/3106-9123
Espaço Mix,
São Paulo (SP)
0/xx/11/2506-9470
Atelier Alzamora,
São Paulo (SP)
0/xx/11/3863-2021
Escola de Joalheria do Senai,
Rio de Janeiro (RJ)
0/xx/21/3872-9743
Senai, São Paulo
0/xx/11/2591-2900
www.sp.senai.br/artefatosdecouro
RELOJOEIRO
Escola do Sintrajoias (SP)
0/xx/11/3106-9123
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